Ford Mustang Dark Horse é alternativa real para Porsche 911 | Avaliação
Preparado para andar na pista e fazer bonito em “tracks days”, Mustang Dark Horse é mais rápido do que o 911 e custa R$ 281 mil a menos
Quem compra um carro superesportivo para andar rápido na pista, em “track days”, não costuma dar muita importância para o valor em dinheiro, desde que o produto não desvalorize. Mas, para quem pensa em uma alternativa mais rápida e bem mais em conta do que o Porsche 911, o novo Ford Mustang Dark Horse é a máquina certa. E colecionável.
Já colocamos o Ford Mustang Dark Horse à prova na pista do Autódromo Velo Città, em Mogi-Guaçu (SP). Com o modo Pista ligado, o carro desativa vários controles e deixa a solução para o motorista. É divertido, mas exige precisão. Notamos saídas de frente quando você exagera na tangência em velocidade.
As acelerações são muito vigorosas e mais rápidas do que oferece um Porsche 911. Por ter 507 cv de potência (15 cavalos a mais do que o Mustang GT Performance), o Mustang Dark Horse exige boa técnica ao volante nas saídas de curva. Em resumo: é um carro para piloto e não para motorista.
Graças à tração traseira, se houver uma escorregada, é preciso acelerar e contra-esterçar, e não frear. A saúde do motor foi herdada do Mustang GT 500, que tem bielas e virabrequim com calibração especial. Além disso, o Dark Horse é um carro aspirado e não turbo; portanto, o torque de 567 Nm surge somente a 4.900 rpm. A potência máxima é entregue a 7.250 rpm.
O melhor do carro é dirigi-lo a 5.000 giros, utilizando toda a força do motor 5.0 V8 Coyote. Na pista, isso é possível, embora a Ford (corretamente) tenha colocado muitos cones na pista para que a avaliação pudesse ser feita sem capacete. Na estrada, devido ao trânsito e aos limites de velocidade, é mais difícil. Mesmo assim o Mustang Dark Horse é um estradeiro admirável.
O carro é uma delícia de guiar. Ele veste o motorista (ou o piloto) e tem a vantagem de custar R$ 649.000 com aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 3,7 segundos. Para dar uma ideia, o Porsche 911, que parte de R$ 930.000, faz a mesma prova em 4,1 segundos. São 4 décimos na aceleração; e sobre o GT Performance o Dark Horse há um ganho de 6 décimos de segundo.
Nem sequer o BMW M3 Competition, que custa R$ 892.950, bate o Ford Mustang Dark Horse na prova de 0-100. Perde por 2 décimos (3,9 segundos). Para ser mais mas rápido do que o Dark Horse é preciso desembolsar R$ 1.100.000 no Porsche 911 Carrera S, que vai de 0 a 100 em 3,5 segundos. São 2 décimos por R$ 451.000.
Claro que numa volta completa é preciso muito mais do que a aceleração mais rápida. Por isso, a Ford tratou de dar ao Mustang Dark Horse vários itens, que destacamos abaixo.
- Câmbio automático de 10 marchas e suspensão adaptativa MagneRide com calibração específica para alto desempenho;
- Direção 25% mais responsiva;
- Diferencial traseiro Torsen com sistema de arrefecimento dedicado;
- Freios Brembo de alta performance com discos dianteiros flutuantes, que mantêm a performance de frenagem em sessões prolongadas na pista, reduzindo significativamente a propensão ao superaquecimento;
- Distribuição de peso 55% na dianteira e 45% na traseira;
- Borboleta para trocas manuais com função downshift, muito útil na pista: quando se mantém a haste apertada, as marchas são reduzidas automaticamente até atingir a rotação ideal.
Por óbvio, a Ford não é uma marca dedicada a carros esporte; é generalista. Mas o Dark Horse chegou com a missão de elevar o padrão do Ford Mustang ao nível de pista. Mesmo assim, o carro também permite ótimo uso na cidade e na estrada, pois não é excessivamente duro no modo Normal ou Esportivo (quando o ronco se torna bem vigoroso), e entrega 80% do torque a apenas 2.500 giros.
O motor V8 teve ajustes para a gasolina usada no Brasil. A Ford se orgulha de ter conseguido chegar a 100 cavalos/litro de potência específica. Houve também modificação no perfuração do escapamento (são quatro saídas), para melhorar a performance e o ronco do motor. Há também modos Escorregido e Pista Drag.
O sistema de detecção automática de buracos é outra tecnologia avançada que atua com sensores para enrijecer a suspensão e proteger os pneus e as rodas contra impactos.
As rodas exclusivas de 19x9,5” na dianteira e 19x10” na traseira são calçadas com pneus Pirelli PZero 255/40 e 275/40, respectivamente. São mais largos do que as do Mustang GT para melhorar o suporte lateral dos pneus.
Tudo isso sem contar os aspectos visuais do carro, que é muito bonito. A máscara negra envolvendo a grade dianteira e os faróis de LED, as faixas esportivas no capô e os elementos escuros da carroceria – incluindo grade do para-choque, spoiler traseiro, capas dos retrovisores e ponteiras duplas de escapamento de 4,5” – criam uma postura intimidadora.
Essa impressão é reforçada pelo emblema Dark Horse aplicado nas laterais, na traseira e nas soleiras, o primeiro em que o cavalo é visto de frente. “Com olhar fixo e narinas abertas, ele encara o observador de modo desafiador”, diz a Ford. O logo tradicional do cavalo, em versão escurecida, foi mantido na grade dianteira. As pinças de freio pretas exibem os logos Brembo e Mustang.
O interior também tem acabamento exclusivo, com bancos de couro e suede com costuras azuis, cintos de segurança azuis, volante com o emblema Mustang escurecido e uma placa gravada com o número de série de produção no painel. A carroceria oferece seis opções de cores: Cinza Torres, Preto Astúrias, Branco Ártico, Vermelho Arizona, Azul Estoril e Azul Algarve.
Desde seu lançamento no Brasil, em 2018, a Ford já vendeu 4.000 unidades do Mustang. Agora é a primeira vez que há três versões disponíveis: GT Peformance, Manual e Dark Horse. Com tudo isso, o Ford Mustang Dak Horse é, sim, uma alternativa de uso e diversão para o Porsche 911. Sem considerar, é óbvio, alguns valores intangíveis da marca alemã.