03/05/2000
IDEOLOGIA SEDUZ UNIVERSITÁRIOS
Agência RBS
Liberdade de criação, versatilidade e a chance de participar do desenvolvimento de um novo sistema operacional são razões que atraem estudantes e programadores para o GNU-Linux. Os usuários formam grupos na Internet, trocam informações e defendem o que para muitos, mais do que uma opção técnica, é um ideal.
– O aluno gosta da comunidade Linux, ele se sente parte de um movimento – diz o professor César de Rose, da faculdade de Informática da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
O GNU-Linux tem mais usuários entre pessoas com conhecimento em gerência e programação de sistemas. Para estes, modificar os códigos-fonte é a mais importante característica do produto. João Batista de Oliveira, também professor da PUC-RS, conta que o fascinante é justamente este tipo de aventura:
– Os programas fechados são perfeitos para pessoas de terno e gravata, que precisam ligar e usar. Os abertos funcionam tanto para estes quanto para quem quer fazer descobertas.
A liberdade de uso do GNU-Linux tem também um lado ideológico. Contrários a monopólios, jovens estudantes encontraram no sistema a descrição da palavra liberdade, explica a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Tayse Weber.
Costa (E), Oliveira (C) e de Rose escolheram o Linux
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– O pessoal se irrita com políticas agressivas de mercado como a adotada pela Microsoft – observa Tayse.
Esta postura fez com que o estudante de jornalismo Rodrigo Jacobus, de 27 anos, instalasse o programa em casa, no ano passado.
– Sempre que tenho tempo, fico mexendo no programa para aprender como funciona – conta Jacobus, que cursou seis semestres de Ciência da Computação.
O GNU-Linux faz sucesso no meio universitário justamente pela possibilidade de mudança no seu código-fonte. Segundo Tayse, o sistema funciona como uma plataforma de experimentação, e a maioria dos alunos de graduação desenvolve projetos para este sistema operacional. O código-fonte aberto é aproveitado para testar projetos em segurança de informações, banco de dados e injeção de falhas.
– O GNU-Linux permite que se faça pequenas modificações no sistema para gerar uma pane controlada, e assim testar seu comportamento – explica Tayse.
A professora considera o sistema operacional desenvolvido por programadores voluntários mais moderno e robusto do que o Windows. O parentesco com o Unix faz do GNU-Linux um produto adequado para aplicações como o gerenciamento de redes. Esta também é a razão pela qual é largamente usado nas universidades, afirma o professor Celso da Costa, da PUC, que trabalha com redes desde 1985.