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Streets of Rage: 30 anos de porrada nas ruas

Relembre os jogos da clássica série de pancadaria da Sega

7 ago 2021 - 13h24
(atualizado em 13/8/2021 às 11h57)
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Streets of Rage
Streets of Rage
Foto: Sega / Reprodução

Essa semana marcou o trigésimo aniversário de uma das franquias mais queridas e tradicionais da Sega: Bare Knuckle, ou Streets of Rage, como o jogo é conhecido fora do Japão. Clássico de um gênero que caiu em desuso e viu um retomada em anos recentes, a briga de rua (ou "beat ´em up na língua dos inventores do futebol), Streets of Rage se mantém como um dos grandes games da atualidade graças ao quarto título da franquia, lançado em abril de 2020.

Streets of Rage: Veja a evolução da franquia de pancadaria:

Mas antes desse retorno triunfal, não apenas a série, como a própria Sega, sua proprietária, passaram por um caminho tortuoso, incluindo, no caso de Streets of Rage, um longo período de inatividade. Mas como as ruas da cidade continuam infestadas de bandidos e vagabundos comandados por Mr.X e seu sindicato do crime, Axel, Blaze, Adam e cia ainda terão muito trabalho pela frente.

Rivalidade na quebrada

Streets of Rage
Streets of Rage
Foto: Sega / Reprodução

Os jogos de ação e briga de rua fizeram muito sucesso nos videogames entre o final da década de 1980 e início dos anos 1990, sobretudo na cena arcade. Capitaneados por Double Dragon e Final Fight, jogos desse estilo disputavam a preferência dos jogadores em conversões domésticas e papavam muitas fichas onde houvesse um fliperama ligado. A Sega já havia experimentado o sucesso nesse ramo com o clássico Golden Axe, ainda que esse game hoje se enquadre mais no chamado "hack and slash", e este não tenha feito tanto sucesso quanto os já mencionados Double Dragon e Final Fight, além de outros sucessos da Konami, como Teenage Mutant Ninja Turtles. Ainda faltava um passo para a Sega ir além.

Quem nunca apertou o botão da polícia logo no começo da partida?
Quem nunca apertou o botão da polícia logo no começo da partida?
Foto: Sega / Reprodução

Quando a Nintendo lançou seu Super Famicom em 1990, um dos primeiros games disponíveis para o console foi uma conversão de Final Fight. Ainda que limitada em vários aspectos, essa conversão ajudou a estabelecer o Super Famicom como a plataforma que receberia os games mais populares do momento. Com o Mega Drive como concorrente direto, a Sega não podia deixar passar barato, e então arriscou desenvolver seu próprio "beat ´em up". Em 1991, ela lançou então Bare Knuckle, ou Streets of Rage, como ficaria conhecido em seu lançamento ocidental. 

Por se tratar de um jogo desenvolvido do zero e tendo em vista o Mega Drive, Streets of Rage deu um banho na versão de Final Fight do console rival, contando com mais personagens, mais fases e um gameplay mais variado. O diferencial mais interessante de Streets of Rage, porém, se dá com seu final. Ao contrário de todos os demais games do gênero até então, o jogador tem a chance de escolher se quer derrotar Mr.X e acabar com sua bandidagem, ou então tomar seu lugar como novo "rei do crime". Curiosamente, essa possibilidade de escolha entre o bem e o mal não se repetiu nos demais games da franquia. 

O auge da forma

Axel é o protagonista da série de pancadaria da Sega
Axel é o protagonista da série de pancadaria da Sega
Foto: Sega / Reprodução

Um ano depois, em 1992, a Sega lança a sequência Streets of Rage 2, o auge da fase clássica da franquia. A partir daquele ano, a Sega expandiu a memória de armazenamento dos games, de 8 para 16 megabits, o que permitiu uma grande evolução técnica sobre Streets of Rage 2.

As sprites dos heróis e inimigos ganharam bastante em tamanho, detalhes e quadros de animação, assim como os cenários, e o game em geral também ganhou em variedade em relação ao antecessor. O sistema de jogo também evoluiu, recebendo mais golpes, combos e abordagens de ataque. O game também apresentou Skate e Max, personagens que participariam nos games restantes, omitindo Adam, que só retornaria em Streets of Rage 4.

Streets of Rage 2 foi um dos maiores sucessos do Mega Drive/Genesis, figurinha carimbada em qualquer lista dos melhores games do console 16-bits da Sega.

Queda e exílio

Em 1994 foi a vez de Streets of Rage 3 chegar às melhores lojas do ramo. Se Streets of Rage 2 foi unânime como o ponto alto da franquia, sua sequência terminou sendo controversa. De forma inexplicável, a Sega resolveu tornar o "modo hard" da versão japonesa a dificuldade padrão da versão ocidental, tornando o jogo excessivamente difícil e frustrante. Por outro lado, um dos chefes de fase é um homossexual esterotipado com roupas de couro, chamado Ash, colocado como uma piada (bastante) ofensiva. 

Ainda assim, Streets of Rage 3 evoluiu tecnicamente em relação a Streets of Rage 2, mas não tanto quanto este evoluiu em relação ao seu antecessor, o que diminuiu bastante o impacto de SoR 3. Outro fator que pesou contra Streets of Rage 3 foi a época de seu lançamento. O jogo saiu no crepúsculo da geração 16-bits, quando as atenções estavam divididas nos vindouros Sega Saturn e PlayStation.

Fighting Force
Fighting Force
Foto: old-games.com / Reprodução

Além do mais, o próprio gênero dos jogos de briga de rua entrou em decadência, e mesmo os especialistas no ramo foram desistindo de fazer jogos nesse esquema.

A Sega tentou sem sucesso retomar Streets of Rage nas duas gerações seguintes. Na geração 32-bits, a companhia chegou a firmar uma parceria com a desenvolvedora Core Design, porém o acordo acabou desfeito o que levou a Core a lançar por conta própria o jogo que terminou conhecido por "Fighting Force" (que por sinal, é muito ruim). Já nos anos Dreamcast, a Sega novamente tentou desenvolver um novo Streets of Rage para seu console 128-bits, mas o projeto foi cancelado ainda na fase de protótipo. A franquia então entrou "na geladeira", sendo lembrada de tempos em tempos por projetos de fãs.

De volta com tudo

Após Streets of Rage 3, foram longos 23 anos de espera até que em 2018 as desenvolvedoras e publicadoras francesas Dotemu e Lizardcube, enfim anunciassem a continuação da franquia com o lançamento de Streets of Rage 4. Fãs dos clássicos da Sega dos anos 1980, os franceses da Dotemu desenvolveram uma parceria com a Sega após o desenvolvimento e lançamento bem sucedidos do remake de Wonder Boy III (rebatizado como Wonder Boy: The Dragon's Trap), originalmente lançado para Master System.

Um terceira desenvolvedora francesa, a Guard Crush Games, uniu esforços no desenvolvimento de Streets of Rage 4, resultando em um game de muito sucesso lançado em 2020. Ainda sobre unir esforços, Yuzo Koshiro, compositor dos games da trilogia 16-bits e Yoko Shimomura, compositora de inúmeros clássicos dos games, assinaram composições para Streets of Rage 4.

Streets of Rage 4
Streets of Rage 4
Foto: Sega / Reprodução

Do lado técnico, Streets of Rage 4 abandonou o pixel art tradicional dos games Mega Drive para um traço à mão de alta qualidade, com animações muito fluidas e cenários bastante detalhados. O sistema de jogo pouco mudou, mas ganhou muito em profundidade e adotou um sistema de encadeamento de combos. É nítido que Streets of Rage 2 foi a grande inspiração do quarto game, mas o primeiro e terceiro títulos também são lembrados em alguns detalhes e personagens extras desbloqueáveis.

A trama de SoR 4 também avançou e deu uma justificativa para a longa ausência entre SoR 3 e 4. O trio Dotemu, Lizardcube e Guard Crush Games foi bem sucedido em modernizar a experiência de jogo de Streets of Rage 4, fazendo-o um jogo que pode ser apreciado pelo público de hoje, indo além da mera nostalgia.

Curiosidades sobre a série

Embora os jogos da franquia sejam bastante conhecidos dos veteranos calejados da geração 16-bits, Streets of Rage guarda algumas curiosidades que podem surpreender até os fãs mais dedicados:

Blaze era fã de lambada!

Descrição dos herois revela seus estilos de luta e gostos pessoais
Descrição dos herois revela seus estilos de luta e gostos pessoais
Foto: Sega / Reprodução

Na abertura do primeiro Streets of Rage, o jogo exibe uma ficha com um resumo de cada protagonista do jogo. Enquanto Adam e Axel informam hobbies banais, Blaze exibe um peculiar gosto por lambada, um gênero musical de muito sucesso na abertura dos anos 1990, cujos expoentes foram o grupo Kaoma e Sidney Magal.

Versão 8-bits

Streets of Rage para Master System
Streets of Rage para Master System
Foto: Sega / Reprodução

Streets of Rage 1 e 2 ganharam conversões 8-bits para Game Gear e Master System, mas a má qualidade delas faz com que não valha experimentá-las nem pela curiosidade. Para além das limitações técnicas, as versões Master System sequer contam com modo 2 jogadores, comum em outros jogos de briga de rua. 

Quem é o mestre? Koshiro é o mestre

Yuzo Koshiro, compositor da maioria dos temas presentes nos games Streets of Rage, é um dos nomes mais celebrados da indústria de jogos japonesa. Além do trabalho como compositor de trilhas para jogos e até na dublagem do protagonista Axel, Koshiro fundou sua própria empresa de jogos, a Ancient, que colaborou com muitos projetos da Sega, como as versões 8-bits de Sonic the Hedgehog.

O artista falou sobre os 30 anos de Streets of Rage recentemente em seu perfil no Twitter, que você confere acima. Ele aproveitou para explicar exatamente o que Axel diz quando dá seu golpe especial: durante anos os fãs discutiram se o personagem dizia "Grand Upper" ou "Ground Upper". Koshiro esclareceu que a fala correta é a segunda, pois o herói apóia a mão no chão para dar o golpe.

Streets of Rage... no cinema?

Streets of Rage: O Filme
Streets of Rage: O Filme
Foto: Monarch Home Video / Reprodução

Em 1994, a Monarch Home Video, empresa especializada em filmes direto para VHS (se você não sabe o que é isso, pergunte aos seus pais), lançou o longa-metragem Streets of Rage, estrelado por Mimi Lesseos, atriz e ex-lutadora de luta livre. Apesar de compartilhar o título, Streets of Rage, filme e jogo, nada tem a ver um com o outro.

Fonte: Game On
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