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32X: o futuro que nunca chegou ao Mega Drive

Acessório prometia transformar o console da Sega em 32 bits, mas flopou antes de mostrar o seu potencial

4 dez 2025 - 15h25
(atualizado às 15h27)
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32X: o futuro que nunca chegou ao Mega Drive
32X: o futuro que nunca chegou ao Mega Drive
Foto: Reprodução/X

O acessório 32X nasceu como uma promessa ousada: transformar o Mega Drive em algo além de si mesmo. Em 1994, quando o mercado fervia com o futuro poligonal e a corrida pelo “verdadeiro 3D”, a Sega decidiu lançar um acessório que, em teoria, anteciparia a próxima geração. 

Era como se a empresa dissesse ao jogador: “calma, não precisa de um novo console ainda — o Mega Drive ainda tem fôlego”. Mas essa promessa, tão sedutora quanto desesperada, nunca se cumpriu. O 32X foi um salto no escuro, uma tentativa de acelerar o tempo num mercado que já corria rápido demais.

O Mega Drive no auge e a sombra do 3D

Para entender o 32X, é preciso lembrar do Mega Drive no auge. Ele era veloz, carismático, dono de uma biblioteca monumental e de um impacto cultural que atravessou gerações. Mas, à medida que o 3D ganhava as vitrines, era impossível ignorar a necessidade de evoluir. 

A Sega, fragmentada entre divisões internas e vários projetos simultâneos, decidiu atacar em várias frentes: com o Saturn, arcades, e — no meio do caos — o 32X. O acessório deveria servir como uma ponte, um “meio passo” para o futuro, mas acabou sendo uma encruzilhada cheia de placas contraditórias.

Em janeiro de 1994, enquanto a Winter CES agitava Las Vegas com promessas do futuro, a Sega vivia sua própria tempestade interna. Hayao Nakayama, o então presidente da empresa, requisitou para e equipe dos Estados Unidos a criar um novo dispositivo, que seria encaixado no Mega Drive e daria mais potência ao console.

O poder no papel e o vazio na prática

O 32X chegou às lojas norte-americanas em 21 de novembro de 1994, bem no calor da temporada de festas de fim de ano. Custando US$ 159,99 e sem jogo incluso, o acessório surpreendeu pelo interesse inicial: os varejistas queriam mais unidades do que a Sega conseguia produzir.

Havia mais de um milhão de pedidos na fila, mas apenas 600 mil unidades foram entregues aos varejistas até janeiro de 1995. No Japão, o acessório chegou em 3 de dezembro de 1994 — ironicamente, duas semanas após o lançamento do Saturn. Já no Brasil, o 32X desembarcou em março de 1995 pelas mãos da Tectoy. 

A campanha publicitária do 32X fazia questão de vender a ideia de força bruta. Para a Sega, o acessório era quase um “esteróide oficial” do Mega Drive, impulsionado por dois processadores SH-2 de 32 bits — os mesmos cérebros que equipavam o Saturn. 

Na teoria, era um upgrade que transformava o veterano 16 bits em algo muito maior: de repente, o console podia trabalhar com uma paleta de 32.768 cores, em vez das modestas 64 originais; podia inundar a tela com muito mais sprites simultâneos; e até se aventurar por um território que antes era exclusivo dos fliperamas e da nova geração — o 3D com mapeamento de textura. 

Era a promessa de um Mega Drive renascido, vestido para o futuro. Na prática, claro, a história seria outra. Desenvolvedores não tinham tempo, ferramentas ou incentivo para apostar no acessório. Parte dos estúdios já trabalhavam no Saturn, Nintendo 64 e PlayStation, outros estavam espremidos no Mega Drive — e o 32X, perdido no limbo, recebia sobras, experimentos e títulos que pareciam demos glorificadas.

E, ainda assim, há algo de fascinante no 32X. Ele é um fragmento de um futuro que nunca chegou, uma cápsula de possibilidades interrompidas. Jogos como Virtua Racing Deluxe, Virtua Fighter, Kolibri, Knuckles Chaotix e Doom mostram lampejos do que poderia ter sido uma transição mais suave para a próxima geração.

Há charme em sua ousadia, mesmo quando ela tropeça. O 32X é um artefato de uma época em que o mercado de games mudava depressa demais, e a Sega, com seu espírito inquieto, tentava acompanhar sem perder a identidade — ou o controle.

A peça histórica de uma Sega que ousava

Foto: Reprodução

Apesar do bom início, o impulso do 32X evaporou com a mesma rapidez com que surgiu. Depois da curiosidade inicial, o interesse do público e dos estúdios simplesmente murchou. O acessório não conseguiu firmar identidade, nem convencer a indústria de que valia apostar em algo que já nascia sombreado pelo Saturn. 

O resultado foi inevitável: o 32X se tornou um fracasso comercial, encerrado oficialmente em 1996, deixando para trás uma biblioteca tímida — cerca de 40 jogos, muitos deles ports pouco inspirados do próprio Mega Drive, incapazes de mostrar o real potencial do hardware. Uma coleção pequena, desigual e, acima de tudo, distante da ambição que havia dado origem ao projeto.

No fim, o acessório ficou marcado como um dos maiores símbolos da incerteza da Sega nos anos 90. Um hardware que nasceu velho, lançado tarde demais e abandonado rápido demais. Mas, com o distanciamento do tempo, ele ganha outra leitura: a de uma peça histórica, de um atalho curioso que faz parte de uma estrada muito maior. O 32X representa uma Sega que ousava sem medo, que arriscava tanto que às vezes se perdia — mas nunca deixava de tentar.

Fonte: Game On
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