Virtua Fighter 5 Revo World Stage é a versão definitiva do clássico da Sega
Nova versão do game mantém o espírito do jogo original e prova que o legado da série ainda tem espaço no cenário atual
Poucas franquias de luta têm o peso e a longevidade de Virtua Fighter. Lançado originalmente nos anos 90, o jogo da Sega ajudou a moldar o gênero 3D de combate e serviu de base para diversos títulos que vieram depois. Mesmo sem a mesma presença constante de rivais como Tekken e Dead or Alive, a série sempre manteve um público fiel, que até hoje enxerga nela um exemplo de técnica e precisão.
Com Virtua Fighter 5 Revo World Stage, a franquia retorna em uma nova roupagem que busca reforçar sua identidade clássica enquanto se adapta aos tempos atuais. A essência segue intacta, com aquele ritmo cadenciado e combates que priorizam habilidade e leitura de movimento, mostrando que o pioneirismo da Sega ainda tem muito a ensinar para o gênero.
Novos eixos da franquia
Já fazia um bom tempo que eu não jogava Virtua Fighter. O último que peguei para jogar de forma séria foi o quarto título, lá em 2001, no PlayStation 2. Até cheguei a brincar um pouco com o quinto, principalmente devido ao minigame presente nos arcades da franquia Yakuza. Foi lá, inclusive, que conheci o El Blaze, um dos personagens que mais me chamou atenção na época.
Agora com Virtua Fighter 5 Revo, o El Blaze continua sendo um dos meus favoritos, muito por conta dos movimentos inspirados na lucha libre. O elenco como um todo está bem diversificado, cada personagem com um estilo próprio de luta, o que dá liberdade para o jogador escolher quem se encaixa melhor com sua forma de jogar. Esse equilíbrio entre variedade e identidade sempre foi um dos pontos fortes da série, e continua firme aqui.
O combate segue o padrão clássico da franquia, com lutas em arenas tridimensionais e a famosa regra de que, se o oponente for jogado para fora do ringue, a vitória é sua. Há também um modo de treino bem completo, que explica direitinho cada comando, o que ajuda bastante para quem está voltando agora e precisa relembrar os golpes básicos, como soco forte, chute fraco e afins.
Nos modos de jogo, o destaque é o modo arcade, que mantém a estrutura tradicional, com um chefe no final e, em alguns casos, uma luta extra contra a Dural, que dessa vez virou uma personagem jogável. Apesar disso, ainda acho que o modo poderia ser mais completo. Terminar o arcade e ver apenas os créditos subindo tira um pouco da graça, especialmente hoje em dia, quando a maioria dos jogos de luta traz algum tipo de desfecho ou contexto narrativo.
Quem prefere jogar online vai encontrar uma boa experiência aqui. Virtua Fighter 5 Revo conta com crossplay entre todas as plataformas e rollback netcode, garantindo partidas bem estáveis e sem atrasos perceptíveis. É possível disputar tanto em partidas ranqueadas quanto em salas comuns, além de participar de torneios abertos que dão um toque competitivo extra.
Melhor lutador mundial
A grande novidade dessa nova entrada da franquia é o modo World Stage. No papel, ele até lembra o modo online, mas é totalmente voltado para quem quer jogar de forma mais tranquila, sem o estresse de enfrentar alguém do outro lado do planeta. Aqui, o jogador encara a máquina, que simula outros jogadores, inclusive alguns bem conhecidos da comunidade.
O legal é que o modo mantém a sensação de progressão das ranqueadas. Conforme você vence, o ranking sobe da mesma forma, mas sem a pressão de um duelo real. Ele me lembrou bastante as torres de desafio de outras franquias de luta clássicas. Cada cabine traz uma sequência de combates, e a primeira, por exemplo, tem 50 oponentes. Mas não é preciso derrotar todos para chegar ao chefe. Cumprindo certas condições, como alcançar um nível específico, já é possível avançar até ele. Outro detalhe bacana é que a dificuldade muda de cabine para cabine, deixando tudo mais dinâmico.
Dentro desse modo também dá para liberar novos visuais completando desafios, e o melhor é que tudo pode ser visualizado antes, sem precisar desbloquear às cegas. Além das cabines principais, há o Side Tournament, um campeonato simulado com direito a quartas, semifinais e final, como se fosse um grande torneio online.
De longe, o World Stage é uma das melhores adições recentes aos jogos de luta. Ele entrega a sensação competitiva de um modo online, mas sem a frustração das partidas ranqueadas, sendo perfeito para quem quer se divertir sem perder o clima de competição.
Mesmo com um elenco relativamente pequeno, com 19 personagens, o jogo consegue manter a variedade. As lutas raramente passam a sensação de repetição, muito por conta do sistema de personalização, que muda visuais e estilos com frequência. Em algumas partidas cheguei a enfrentar personagens usando roupas inspiradas em Yakuza e Tekken, o que deu ainda mais charme às batalhas.
Visualmente, o jogo entrega algo funcional, mas sem grandes destaques. Dá para notar que ele vem de duas gerações atrás, embora alguns cenários ainda chamem atenção, como o que tem uma aurora boreal no fundo ou aquele cheio de letreiros iluminados no meio da cidade.
O que me incomodou mais foi o áudio, que soa abafado, principalmente quando jogado com fones. As vozes, os sons dos golpes e até os efeitos de impacto parecem mal equilibrados, o que deixa a experiência um pouco datada. Outro detalhe é que, mesmo com a localização em português, os personagens que falam outros idiomas não têm legendas, o que faz perder parte da ambientação e do charme das lutas.
Considerações
Virtua Fighter 5 Revo World Stage não é uma reinvenção e nem precisa ser. Ele mantém o equilíbrio entre simplicidade e profundidade que sempre definiu a série, com novos modos e um foco maior em acessibilidade sem perder o toque técnico. O modo World Stage é uma das adições mais inteligentes em tempos, oferecendo uma alternativa relaxada para quem não quer testar o online competitivo, enquanto o crossplay e o rollback garantem fluidez nas partidas.
Ainda que o áudio e o visual denunciem a idade da base original, o pacote final é sólido e satisfatório, um verdadeiro presente para quem sente falta de quando os jogos de luta apostavam mais na essência do combate do que em firulas visuais.
Virtua Fighter 5 Revo World Stage chega em 30 de outubro para PC, PlayStation 5 e Xbox Series. Uma versão de Switch 2 está confirmada, mas ainda não tem data de lançamento.
Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Sega.