Shinobi: Art of Vengeance traz retorno triunfal do ninja da Sega
Entre nostalgia e modernidade, Joe Musashi renasce em uma aventura épica
Poucas franquias têm um peso tão marcante para os fãs da Sega e Mega Drive quanto Shinobi. Após anos em silêncio, a série ressurge em 2025 com Shinobi: Art of Vengeance, um projeto desenvolvido pela talentosa Lizardcube — estúdio responsável por sucessos como Wonder Boy: The Dragon’s Trap e Streets of Rage 4.
A proposta aqui não é apenas reviver um clássico, mas reinterpretá-lo com um visual moderno, gameplay refinado e, claro, uma boa dose de nostalgia para quem cresceu acompanhando o icônico Joe Musashi em suas batalhas. Se você gostou de Ninja Gaiden: Ragebound, saiba que este novo Shinobi está simplesmente imperdível.
Honra, vingança e destino ninja
No papel do lendário Joe Musashi, líder do clã Oboro, o jogador é conduzido a uma jornada de vingança e redenção. A trama começa com a destruição da vila Oboro pelas mãos da ENE Corp, uma organização militar liderada pelo implacável e misterioso Lord Ruse. Além de devastar o local, o inimigo transforma os companheiros de Musashi em pedra, adicionando ainda mais peso à missão.
Embora simples, a narrativa é carregada de emoção. Ela resgata temas que sempre fizeram parte da franquia: lealdade, honra e a luta implacável contra forças sombrias. Ao longo da jornada, aliados familiares retornam, como Yamato, o fiel cão de Shadow Dancer, e Naoko, a esposa de Musashi. O game também introduz novos personagens, como Tomoe, discípula dedicada que amplia a dimensão do clã Oboro e dá frescor à trama - além de alguns outros, mas que deixarei para vocês mesmo descobrirem quem são.
A história se desenrola em 12 capítulos, com diálogos narrados em inglês ou japonês (uma ótima opção para quem busca autenticidade). Musashi, fiel à tradição dos ninjas, mantém-se calado em grande parte, enquanto os demais personagens ajudam a contextualizar os eventos por meio de cutscenes bem produzidas entre uma fase e outra.
Um espetáculo visual em 2D
Se há algo que chama atenção à primeira vista é o estilo artístico. Tudo em Shinobi: Art of Vengeance foi desenhado à mão, resultando em animações fluidas e cenários vibrantes.
A direção criativa de Ben Fiquet, já conhecido pelo excelente trabalho em Streets of Rage 4, combina influências de quadrinhos europeus (o Lizardcube é um estúdio francês) com animes japoneses, criando um resultado que mescla nostalgia e modernidade na medida certa.
Os cenários são variados e ricamente detalhados: vilas em ruínas, desertos extensos, bases militares futuristas e até festivais de lanternas que brilham com atmosferas únicas.
Para os veteranos da franquia, certos ambientes trazem de volta memórias imediatas — como a icônica floresta de bambu, que retorna com força total para despertar aquele sentimento nostálgico. Além disso, os movimentos icônicos, os poderes especiais e até mesmo inimigos e chefes familiares reaparecem, recriados com um toque moderno.
Metroidvania ninja
Ao contrário de muitos jogos de ação 2D puramente lineares da esquerda para direita - como o novo Ninja Gaiden -, Art of Vengeance apresenta estágios vastos, com múltiplos caminhos e segredos espalhados.
O design de níveis lembra a fórmula metroidvania, mas sem a complexidade excessiva de títulos mais labirínticos, como o recente Shadow Labyrinth. O objetivo é criar um equilíbrio: oferecer áreas extras e recompensas para quem gosta de explorar, mas sem perder a clareza de progressão.
Cada mapa esconde colecionáveis, atalhos e pontos secretos que incentivam revisitar cenários já concluídos. Quem se dedicar a encontrar tudo pode levar mais de 20 horas para completar os 12 capítulos em 100%.
O ponto alto do jogo está na jogabilidade. Joe Musashi conta com uma variedade de movimentos ágeis: pulo duplo, corrida no ar, rolamento, escalada, planagem e até o uso de gancho para alcançar pontos elevados. Essas ferramentas, que são disponibilizadas gradualmente na partida, tornam a movimentação versátil e mantêm o ritmo dinâmico, perfeito para quem gosta de ação veloz.
Sua arma principal é a lendária katana Oborozuki, que permite combos devastadores em combate corpo a corpo. Como suporte, Joe utiliza kunais, úteis para ataques à distância ou para imobilizar inimigos temporariamente — embora seu uso seja limitado e precise de recarga.
À medida que avança, o jogador desbloqueia novas técnicas, incluindo combos mais longos e as tradicionais artes mágicas de Ninjutsu. Essas habilidades especiais funcionam como trunfos estratégicos: podem causar dano em área, aumentar atributos temporariamente ou até revelar passagens ocultas nos cenários.
Além disso, o sistema de amuletos adiciona uma camada de personalização. Eles oferecem bônus passivos, como resistência extra ou recuperação de vida, permitindo que cada jogador adapte Joe ao seu estilo de jogo.
Variedade de inimigos e chefes
A diversidade de adversários é outro ponto de destaque. Musashi enfrenta desde ninjas rivais e soldados da ENE Corp até robôs, máquinas de guerra e criaturas oriundas de experimentos biológicos. Em momentos mais ousados, Joe Musashi terá que lidar com um gigantesco kaiju no melhor estilo japonês Godzilla.
Cada inimigo possui padrões de ataque distintos, obrigando o jogador a variar suas estratégias. Já os chefões trazem batalhas memoráveis, com arenas criativas e fases que testam não apenas reflexos, mas também o domínio sobre as habilidades conquistadas até ali.
A trilha sonora cumpre um papel fundamental em reforçar a atmosfera do jogo, e foi composta por Tee Lopes — conhecido por Sonic Mania — em colaboração com ninguém menos que Yuzo Koshiro, lendário compositor de The Revenge of Shinobi e Streets of Rage — e que esteve recentemente no Brasil para divulgar seu novo jogo, o ótimo Earthion. O resultado é uma fusão entre batidas modernas e melodias nostálgicas, que criam a ambientação perfeita para cada fase.
Por fim, vale ressaltar a localização completa para o português brasileiro. Todos os menus, legendas e textos foram traduzidos, algo que facilita a imersão e demonstra a atenção da Sega e da Lizardcube ao público brasileiro.
Considerações
Shinobi: Art of Vengeance é mais do que um simples revival: é um reencontro com um ícone dos anos 80/90, atualizado para uma nova geração de jogadores. O game consegue equilibrar fidelidade à essência clássica com modernizações inteligentes, oferecendo combates ágeis, exploração recompensadora e uma direção artística de cair o queixo.
Para os fãs de longa data, é um retorno triunfal que honra a memória da franquia. Para os novatos, é a porta de entrada perfeita para descobrir o legado do lendário ninja Joe Musashi. Um título que, sem exagero, tem tudo para se tornar um dos grandes destaques do ano.
Shinobi: Art of Vengeance será lançado em 29 de agosto para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, Xbox One e Xbox Series.
Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia gentilmente cedida pela Sega.