Europa Universalis V dá um passo mais acessível sem perder sua complexidade
Nova fase da franquia abre portas para veteranos e novatos
Europa Universalis sempre foi aquela série que assusta antes de conquistar qualquer jogador. A quantidade de sistemas, números e decisões costuma afastar quem tenta entrar pela primeira vez. Mesmo assim, é uma franquia que marcou presença por anos com uma comunidade fiel e uma longa história de experimentos dentro do gênero.
Europa Universalis V chega como a versão mais aberta da série em muito tempo. Ele tenta diminuir essa barreira inicial sem transformar tudo em algo raso. A ideia é deixar o jogador confortável o bastante para entender o que está fazendo e, ao mesmo tempo, manter a profundidade que define a Paradox. Essa sensação de ser mais acolhedor é o que cria espaço para aproveitar melhor tudo que vem depois.
Governando a própria vontade
De todos os Europa Universalis já lançados, a quinta entrada da franquia é uma das mais amigáveis para quem nunca jogou nada da série ou nem sequer está habituado a jogos de estratégia em tempo real da Paradox.
Quando começamos o jogo pela primeira vez, ele até pergunta qual é o nosso estilo de jogo. Se queremos controlar qualquer país, que é o recomendado para quem já conhece a franquia, ou jogar com um país indicado, que funciona quase como o jogo pegando na mão para explicar tudo que vem pela frente. O grande foco de Europa Universalis V é escolher um país e acompanhar sua evolução por diferentes períodos, com quase cinco séculos de história.
Entre os países disponíveis no modo recomendado, os selecionados representam povos bem distintos uns dos outros. Temos o Império Otomano, Castela, Noruega, Holanda, Hungria e Nápoles. Cada um deles tem uma breve descrição do que esperar, além de destacar seus pontos fortes. Os Otomanos são melhores na expansão territorial, enquanto a Noruega se destaca na política e a Holanda na economia. Para jogadores de primeira viagem, esse modo funciona muito bem, já que é explicativo e não pune o jogador por não saber o que está fazendo, especialmente para quem quer só contemplar um pouco da história da época.
E uma coisa impossível de ignorar é o “What If”. Essa ideia do “E se isso tivesse acontecido” aparece o tempo todo, tanto pelas escolhas do jogo quanto pelas nossas. Dá para criar cenários completamente malucos quando pensamos no contexto histórico, como fazer com que os Mongóis dominem a Rússia. Esse tipo de liberdade rende horas e horas de jogatina, mesmo para quem não é tão fã de jogos desse gênero.
Falando de mecânicas e jogabilidade, Europa Universalis não foge muito do padrão do gênero. Para tudo dar certo, especialmente se a ideia é virar um tirano e sair conquistando tudo, é preciso gerenciar bem os recursos, criar laços e construir o que for necessário para alcançar sucesso. Algo que o jogo faz muito bem é impedir que a gente saia fazendo tudo de qualquer jeito. É preciso equilibrar a vontade do povo. Forçar trabalho demais gera vários problemas, com entregas abaixo do esperado, além de piorar a situação quanto mais pressionamos a população.
Outra questão importante é a economia. Em muitos momentos é preciso criar rotas e frotas pensando justamente nisso, principalmente no início, onde tudo é mais escasso, já que estamos em um período em que praticamente nada estava desenvolvido. Se a ideia for partir direto para a guerra, o jogo é bem direto, mas dessa vez até clima, doenças e outros eventos podem acontecer durante esses períodos quando enviamos as tropas para conquistar. Isso obriga a pensar bem se a decisão foi correta. A todo momento o jogo brinca com essa lógica de ações e consequências, e elas realmente pesam no andamento da campanha.
A HUD do jogo pode parecer intimidadora no primeiro contato pelo tanto de informação na tela, mas a Paradox fez um ótimo trabalho nessa nova entrada. As informações essenciais são bem localizadas, como processos de produção, movimentação de tropas e estado dos países vizinhos. Isso facilita saber o momento certo de negociar ou, claro, conquistar um território.
No desempenho, por ser um jogo que não exige tanto graficamente, já que boa parte do tempo estamos observando um mapa-múndi gigante com pequenos modelos passando na tela, ele acaba deixando um pouco a desejar. Mesmo jogando com tudo no baixo, vários momentos tiveram quedas aleatórias, até em situações que deveriam ser simples, como telas de carregamento. Outro problema são os carregamentos constantes quando o jogo muda de período, que quebram um pouco o ritmo.
Considerações
Europa Universalis V consegue ser o ponto de entrada mais seguro para quem sempre teve curiosidade sobre a série, sem abrir mão da densidade que os fãs esperam. Os países recomendados ajudam bastante na curva de aprendizado, o sistema de escolhas históricas continua rendendo cenários imprevisíveis e a gestão de recursos mantém aquele ritmo intenso de ação e consequência que move a campanha.
Ainda existem problemas de desempenho que aparecem em momentos aleatórios e os carregamentos atrapalham um pouco o fluxo, mas nada que desfaça a força do conjunto. No fim, Europa Universalis V entrega uma experiência sólida, cheia de possibilidades e com um cuidado maior para receber jogadores novos sem perder o que faz a franquia ser tão respeitada.
Europa Universalis V está disponível para PC.
Esta análise foi feita com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Paradox Interactive.