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Bolsonaro corre risco de levar vaia histórica na Vila

Político repete Médici na ditadura ao usar o futebol como tentativa de alavancar a popularidade, mas exagera na dose

15 nov 2019 - 14h19
(atualizado às 14h26)
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Ao lado de Cafu, Bolsonaro foi ao Mineirão assistir Brasil x Argentina, partida válida pela semifinal da Copa da América de 2019
Ao lado de Cafu, Bolsonaro foi ao Mineirão assistir Brasil x Argentina, partida válida pela semifinal da Copa da América de 2019
Foto: Gledston Tavares / Framephoto / Estadão Conteúdo

Jair Bolsonaro, como já fez em jogos do Palmeiras e do Flamengo, se convidou para ver Santos x São Paulo na Vila Belmiro. Em cima da hora, o time santista soube da novidade. De repente, desde que foi eleito pra ser mais exato, Bolsonaro passou a ser uma figura cada vez mais apaixonada pelo futebol. Não importa o time: pode ser o Verdão (seu time oficial), o Mengão (time do momento) ou o Santos (outro exemplo de time que joga bonito).

O curioso é que Jair vai aproveitar o merecido feriado no Guarujá, diga-se de passagem, na mesma semana em que uma medida provisória libera o trabalho aos domingos e feriados para os nobres mortais. Sim e com uma ressalva interessante: o empregador terá que pagar as horas trabalhadas em dobro nesse caso, a não ser que bondosamente garanta um dia de folga na semana em troca, uma segunda-feira por exemplo.

Voltando ao futebol. Nunca antes um presidente foi tanto a estádios de futebol no exercício do poder. É uma estratégia parecida com a do ex-presidente Médici, que fazia isso no auge da repressão da ditadura militar, nos anos 70. Com uma diferença fundamental: ele só ia ver jogos do seu time, o Flamengo, além, é claro, de tirar proveito da Seleção Brasileira, tricampeã do mundo, no México.

Com a estratégia de querer ser o presidente de todas as torcidas, o que nunca fez no mundo político, Jair Messias Bolsonaro exagera na dose e corre o risco de levar uma vaia histórica na Vila Belmiro. Assim que soube da provável presença do político, a Torcida Jovem lembrou que tem um histórico de lutas contra a ditadura e que Bolsonaro não é bem vindo porque enaltece esse período tenebroso do país. O assunto também chegou a ser o assunto mais comentado com os dizeres: #BolsonaroNaVilaNão.

Para tentar amenizar os protestos, a segurança do político já estuda a possibilidade de entrar com ele no estádio já com o jogo em andamento e sair de fininho momentos antes da partida terminar. A estratégia é bem diferente dos jogos do Palmeiras, onde ele costuma chegar até uma hora antes. O fato é que Bolsonaro quis tirar uma casquinha da popularidade do glorioso Santos e corre o risco de tomar uma bela bola nas costas dos torcedores.

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