Dirigente é otimista com handebol no Rio 2016: "favoritos"
Presidente da Federação Paulista não se intimidou com eliminação em Mundial e vê Brasil como potência no esporte
O clima ficou complicado nos bastidores do handebol brasileiro após a eliminação da Seleção Feminina nas oitavas de final do Mundial da Dinamarca, em dezembro. Morten Soubak, treinador da seleção, declarou que o handebol brasileiro piorou após a conquista do Mundial de 2013, e Manuel de Oliveira, presidente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) não garantiu a presença do técnico na disputa do Rio 2016.
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Mesmo a eliminação precoce da seleção feminina e a polêmica envolvendo treinador e confederação não tirou o otimismo do presidente da Federação Paulista de Handebol, Celso Gabriel, com o desempenho nas olímpiadas do ano que vem. Para o presidente, a derrota aconteceu devido a um primeiro tempo ruim e não diminui a qualidade das meninas da seleção.
"Nessas horas a gente tem que parar e pensar no handebol e no Brasil. Nós temos chances de ser medalhistas. Eu não sei exatamente o que a confederação e o Morten estão pensando, mas eu acho que estamos no caminho certo. Fomos para o Mundial como favoritos. Poderíamos ter ganhado, perdemos para a Romênia por um gol. Não é uma surpresa perder desses times, para uma Dinamarca ou França. Não foi uma zebra, assim como não é zebra a gente ganhar deles", afirmou o presidente.
Apesar da indefinição do futuro de Soubak, tanto ele quanto Jordi Ribera, técnico espanhol da seleção masculina, devem continuar no cargo até a Olímpiada. Os dois fazem parte de um grupo extenso de estrangeiros que comandam times brsileiros para os próximos Jogos. Celso Gabriel afirmou que admira o trabalho dos treinadores, mas confia na qualidade dos brasileiros para 2020.
"Eu não sou contra (a presença de técnicos estrangeiros). Eles acrescentaram muito ao nosso handebol. O Brasil está cada vez melhor nos torneios internacionais graças ao trabalho deles. Mas não podemos esquecer que nossas grandes jogadoras foram formadas por técnicos e professores brasileiros", disse Celso.
Jordi Ribera ainda não conseguiu ter o mesmo sucesso que Soubak frente a sua seleção. Ambos foram campeões nos últimos Pan-Americanos, porém Soubak teve mais sucesso em Mundial. Diante disso Celso Gabriel acredita que as seleções brasileiras já podem ser consideradas potências no esporte: "o Brasil pode ser considerado uma potência no sentido de que hoje fazemos parte do cenário internacional", afirma.
Para que a seleção masculina alcance o mesmo caminho de sucesso das meninas, Celso acredita que a "receita do bolo" seja a persistência, junto com a experiência internacional: "Eu tenho muita fé que em 2020 a seleção masculina irá muito bem representada, temos uma geração muito boa. O handebol só vai evoluir se ele participar de torneios de alto nível, se ele tiver clubes fortes, se o esporte aqui dentro do país, nossos clubes, também forem fortes e se as seleções viajarem e participar dos torneios. Você vai uma, duas, três, ganha experiência até alcançar os grandes resultados".
O Campeonato Paulista de Handebol é um exemplo desta força. A competição hoje possui mais clubes que a própria Liga Nacional e conta com a participação de times tradicionais e vitoriosos, como o Pinheiros, Metodista e Taubaté. Para o presidente, o caminho para fortalecer o torneio é tornando os próprios times mais competitivos. "O Campeonato Paulista hoje tem 11 equipes, mas queremos ter 15 e todos com alto nível. Queremos trazer times de outros países para fortalecer esses times. O que precisamos agora é de mais recursos para chegar a um campeonato de nível internacional, com atletas de nível olímpico", explica o presidente.
Exemplos no exterior
Visando acabar com a estigma de que o handebol é "esporte de educação física", Celso Gabriel busca exemplos no exterior para incentivar a modalidade e tornar o esporte mais forte no Estado.
"A França é um exemplo para nós. Eles fizeram um trabalho escolar em que as crianças dedicam um período do ano para cada esporte. A quatro olímpiadas atrás você não ouvia falar na França como favorita nos (esportes) coletivos. Hoje a França é uma potência e é campeã olímpica de Handebol. Isso não é uma mágica".
Outro exemplo citado pelo presidente é o da Colômbia, que tem investido pesado no atletismo, esporte que rende muitas medalhas numa única competição: "Eles estão fazendo uma revolução no atletismo, investindo pesado na prática nas escolas. Querem aumentar o quadro de medalhas e o que faz isso é o esporte individual. No esporte coletivo, são 10 jogos para conquistar uma medalha. Em esportes como levantamento de peso, esgrima, judô, as chances de ir para o pódio são maiores", afirma o presidente.