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Relembre parcerias de sucesso e fracasso no Brasil

17 dez 2009 - 17h10
(atualizado às 17h11)
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A possibilidade de contar com grandes craques em seu time encanta qualquer torcedor brasileiro médio. Foi com base nesse sentimento que muitos dirigentes do País conseguiram parceiras dispostas a investir dinheiro em troca de jogadores, em um modelo embrião do que são hoje os fundos de investimento.

» Parte 1: Empresários "faz-tudo" substituem fundos de investimento

» Parte 2: Traffic não põe revólver no peito de ninguém, diz presidente

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É verdade que o modelo foi sensivelmente alterado, até pelas mudanças a partir da Lei Pelé, há 11 anos, e pelo amadurecimento nas direções de clubes brasileiros. Mas o que alguns clubes passaram ao fim das parcerias deixa claro que a relação com empresas como Traffic, Sonda e LA Sports deve ser cercada de cuidado.

Grêmio, Corinthians, Vasco e Palmeiras foram rebaixados da elite nacional graças aos efeitos devastadores pós-parcerias. Por culpa do acerto com a ISL, o Flamengo esteve contra as cordas em vários momentos da década e tem, ainda hoje, a maior dívida do futebol brasileiro.

Seguindo a série de matérias especiais ao longo da semana, o Terra relembra as mais marcantes parcerias entre clubes brasileiros até o modelo atual de fundos de investimentos. Traçamos um raio-x de como se estruturaram e tomaram conta da movimentação dos atletas - leia programação no rodapé.

Parmalat (Palmeiras, Juventude e Paulista de Jundiaí)

Dona do Parma, da Itália, a multinacional do ramo alimentício foi a pioneira na terceirização da compra de jogadores. Em abril de 1992, assinou com o Palmeiras e, em seguida, também com o Juventude, então apenas um clube emergente do futebol gaúcho. Houve ainda uma parceria mais rápida com o Paulista de Jundiaí, que virou Etti (segunda marca do Grupo Parmalat) entre 1998 e 2002.

No Palmeiras, a parceria foi responsável direta pela montagem de times fortíssimos (Edílson, Edmundo, Mazinho, Zinho, Roberto Carlos e Antonio Carlos foram alguns dos primeiros contratados) com um investimento acima da realidade do futebol brasileiro na época. Além de quebrar o jejum de 16 anos sem títulos, deu ainda troféus como a Copa Libertadores de 1999, dois títulos brasileiros (93-94) e a Copa do Brasil de 1998.

No Juventude também levou o clube aos seus dias de glória. Foi campeão da Série B logo de cara, em 94, e também arrematou a Copa do Brasil em 99 e o único Gaúcho da história, em 98. A parceria manteve o clube na primeira divisão e deu margem para a formação de uma boa infraestrutura - insuficiente nos dias atuais, em que o clube chegou à Série C.

Banco Excel (América-MG, Botafogo, Corinthians e Vitória)

O Banco Excel-Econômico veio na esteira da Parmalat, incorporando de cara a camisa do Corinthians. Montou uma seleção para a vitoriosa campanha no Campeonato Paulista de 1997, comprando até os botafoguenses Túlio e Donizete em uma lista que contou com Antonio Carlos, André Luiz, Gamarra, Romeu e Fábio Augusto.

O negócio também se estendeu ao Vitória, que recebeu Bebeto e Túlio, insatisfeito no Corinthians. Em seguida, o Botafogo assinou com o Banco, e lá se foi o atacante de novo para General Severiano.

O Excel-Econômico não teria vida longa no futebol. Já em 1998, cheio de dívidas, foi vendido para os espanhóis do Banco Bilbao Vizcaya, que não manteve o investimento no esporte.

Hicks Muse Tate and Furst (Corinthians e Cruzeiro)

Segunda das três parceiras que o ex-presidente Alberto Dualib levou ao Corinthians, a americana Hicks montou um timaço para o segundo semestre de 1999. Resgatou Luizão e Rincón, pagou uma fortuna para tirar o zagueiro João Carlos, do Cruzeiro e da Seleção Brasileira, e comprou os ponte-pretanos Daniel e Fábio Luciano. O ápice foi o Mundial de Clubes em 2000.

A Hicks, que tinha a participação da Traffic, também investiu no Cruzeiro, contratando jogadores como o goleiro André, do Internacional e da Seleção Brasileira, e o argentino Sorín, que se tornaria o maior ídolo recente do clube. Dona de grande reputação no mercado empresarial, a HTMF rompeu contrato de 10 anos já na segunda temporada - Tom Hicks, um de seus donos, é hoje acionista majoritário do Liverpool, Texas Rangers e Dallas Stars.

ISL (Flamengo e Grêmio)

Empresa suíça de marketing esportivo e com atuação inclusive na Fifa, a ISL foi contemporânea da Hicks Muse e montou seleções de grandes jogadores para Flamengo e Grêmio em 2000. Após declarar falência, a empresa repassou sua dívida para os dois clubes, que até os dias atuais pagam pelo negócio fracassado.

No Flamengo, o dinheiro foi explorado ao máximo pelo então presidente Edmundo Santos Silva, que investiu fortunas para juntar Vampeta, Alex, Denílson, Edílson e Petkovic no mesmo time. O Grêmio comprou os palmeirenses Zinho e Paulo Nunes, e os argentinos Astrada e Amato. Vivendo o caos financeiro, caiu para a Série B em 2004.

Nations Bank (Vasco)

Logo após o título brasileiro de 1997, o Vasco firmou parceria com o banco americano Nations Bank. Em troca da exploração da imagem do clube por um período de 10 anos, o fundo aplicou R$ 70 milhões em São Januário.

O acerto rendeu alguns bons anos para os vascaínos, que sofreram um bocado com a dívida contraída e que até hoje respinga no orçamento cruzmaltino.

MSI (Corinthians)

Anunciada no fim de 2004, a MSI de cara foi responsável pela maior compra da história do futebol brasileiro, contratando Carlos Tévez junto ao Boca Juniors. Na esteira, vieram Mascherano, Gustavo Nery, Sebá Domínguez, Roger, Carlos Alberto, Marcelo Mattos e outros jogadores caríssimos.

Com origem de dinheiro suspeita e investidores procurados no exterior, a empresa deixou o clube no fim de 2006, resultando em uma crise que atingiu seu ápice na temporada seguinte com a queda à Série B. Até hoje o caso é julgado pela Justiça brasileira.

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Sexta-feira: Como se estruturaram os fundos de investimento

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Foto: Gazeta Press
Fonte: Redação Terra
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