Pupilo de Del Nero pede apoio na Câmara para dirigir CBF
Gustavo Feijó prepara chapa e diz ter voto de 18 clubes da Série B
Ex-vice da CBF, Gustavo Feijó apelou para uma estratégia ousada, e arriscada, para concorrer à presidência da entidade. Ele pediu ao presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, seu conterrâneo de Alagoas, que intercedesse junto a governadores para que estes cooptassem votos de presidentes de federações estaduais na eleição que vai ocorrer na CBF até a segunda semana de abril.
A vários dirigentes de federações Feijó tem repetido que o “pai véio” (como se refere a Arthur Lira) está entrando no jogo para fortalecer sua candidatura. O ex-vice, que comandou o futebol alagoano de 2008 a 2015 e é homem de confiança de Marco Polo Del Nero, enfrentaria assim o presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues, que já conseguiu a adesão maciça de federações e clubes da Série A.
A CBF tenta superar crise institucional que já dura vários anos – primeiro houve a prisão de José Maria Marin; depois, o indiciamento pela justiça dos EUA de Ricardo Teixeira e Del Nero. Todos esses três ex-presidentes da CBF envolveram-se em escândalos de corrupção e Del Nero chegou a ser banido do futebol pela Fifa em 2018. Até recentemente quem ocupava o cargo era Rogério Caboclo, afastado por acusação de assédio sexual e moral contra funcionários da casa.
Mesmo oficialmente alijado da gestão do futebol, Del Nero manteve seu poder na CBF e, para tanto, contou nos últimos anos com a colaboração direta de Feijó, de outro ex-vice da entidade, Castellar Guimarães, e dos atuais diretores da confederação, que permaneceram nos cargos na transição das administrações de Del Nero para Caboclo.
Conhecido na CBF por seu estilo pouco afeito ao diálogo, Feijó costuma costurar suas amizades com personalidades alagoanas a partir de orgias gastronômicas. Fala abertamente, por exemplo, que já degustou mais de uma vez um sururu de capote com Arthur Lira em Maceió. O prato, no qual um molusco é cozido dentro da concha, normalmente é servido com pirão, bastante pimenta e purê de macaxeira.
Com o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), seu amigo alagoano Humberto Martins, havia encontros para saborear pururuca com cachaça, outra iguaria que figura na lista das preferidas de Feijó.
A eleição na CBF vai seguir as normas aprovadas pela assembleia geral realizada dia 7. As federações vão ter voto peso 3, os 20 clubes da Série A, peso 2, e os 20 clubes da Série B, peso 1. Até a noite de terça (8), apenas uma federação havia mudado de lado, segundo o Terra apurou. Teria sido a de Goiás, presidida por André Pitta, que ocupa uma diretoria da CBF e é também muito próximo de Del Nero. Ele tinha se manifestado antes a favor de Ednaldo.
Para inscrever uma chapa no pleito basta agora ter o aval de quatro federações e quatro clubes entre os 40 das duas principais divisões nacionais. Feijó somaria seis apoios dessas entidades estaduais: Piauí, Sergipe, Rio Grande do Norte, Alagoas, Minas Gerais e Goiás. A seus pares, tem dito que 18 clubes da Série B vão votar nele.
O Terra ouviu seis presidentes de federações que, sob condição de não revelarem seus nomes, disseram que não há nenhuma hipótese de alterarem seus votos. Eles integram o bloco que trabalha pela eleição de Ednaldo.