Conheça os filósofos, doutores e escritores do futebol
"A gente está aqui para fazer o que o professor mandar, mas sempre respeitando o adversário". Quando algum jogador vai dar uma entrevista, o torcedor geralmente espera ouvir algo não muito diferente desta frase. Mas alguns boleiros fogem do lugar comum e comprovam que é possível ser craque na bola e na escola. Confira a seguir a nossa seleção de intelectuais do futebol.
Albert Camus
Poucos sabem, mas o escritor e filósofo argelino Albert Camus, ganhador do Prêmio Nobel da Literatura em 1957, foi goleiro do time da Universidade de Algiers dos 15 aos 17 anos. No entanto, teve de abandonar a função após contrair tuberculose, que era incurável em 1930. Mesmo assim, jamais deixou de lado sua paixão pela bola. Tanto é que uma das primeiras coisas que fez em sua visita ao Brasil, em 1949, foi assistir a uma partida de futebol.
Franz Beckenbauer
Considerado o maior jogador alemão de todos os tempos, Beckenbauer se destacava não apenas pela técnica com a bola nos pés, mas também pela raça. Não por acaso a cena dele com o braço quebrado na semifinal da Copa do Mundo de 1970 é uma das imagens mais emblemáticas do futebol. E foi neste mesmo mundial que Armando Nogueira o surpreendeu lendo Shakespeare na concentração da seleção alemã, mostrando que ele também era craque fora dos gramados.
Pep Guardiola
Além de grande jogador e o cérebro por trás do vitorioso Barcelona dos últimos anos, Guardiola mantém estreita amizade com o escritor catalão Enrique Vila-Matas. Ambos frequentam um grupo de intelectuais que discute não apenas futebol, mas também grandes autores como James Joyce. Com tudo isso, não é de se espantar que ele tenha sido responsável por implementar um estilo de jogo que revolucionou o esporte bretão.
Tostão
Um dos astros da seleção brasileira que venceu a Copa do Mundo de 1970, Tostão deixou os gramados e ingressou na Faculdade de Ciências Médicas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), onde viria a se tornar professor. Em 1997, ele escreveu seu livro de memórias, intitulado "Lembranças, Opiniões e Reflexões sobre Futebol", e posteriormente, se tornou colunista e comentarista de futebol.
Sócrates
Batizado com o nome de filósofo porque na época de seu nascimento o seu pai estava lia "A República", de Platão, Sócrates ingressou na faculdade de medicina em 1971 e se profissionalizou como jogador dois anos depois, sem abandonar a vida acadêmica. Mesmo sem ter tempo para treinar, se tornou um dos maiores jogadores brasileiros da história e ainda foi um dos líderes do movimento pela democratização do futebol nos anos 1980.
Paulo André
O zagueiro corintiano se destaca não apenas pelas boas atuações em campo, que o fizeram ser considerado um dos melhores da posição no último Campeonato Brasileiro. Em 2011 ele aproveitou os períodos livres na concentração para escrever o livro "O Jogo da Minha Vida", que fala dos bastidores do esporte. Não bastasse isso, Paulo André ainda joga xadrez, tênis, e começou a pintar quadros para superar o período de isolamento que enfrentou quando se recuperava de uma grave lesão na França.
Jorge Valdano
Conhecido como o "filósofo do futebol", o atacante argentino Jorge Valdano foi campeão do mundo em 1986, marcando o segundo gol na vitória por 3 a 2 sobre a Alemanha na final. Após pendurar as chuteiras, foi técnico do Real Madrid e também se dedicou à literatura. Publicou cinco livros, entre eles, "Sonhos de futebol" . Entre suas frases mais célebres está: "o futebol é uma desculpa para nos fazer felizes".
João Saldanha
Quem nunca escutou a famosa frase: "se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminaria empatado". Pois o que nem todos sabem é que o autor dela foi técnico da seleção brasileira até alguns meses antes da disputa da Copa do Mundo de 1970. Jornalista e escritor, ele assumiu o comando da equipe um ano antes, a ajudou a formar aquele até hoje é considerado um dos maiores times da história, mas acabou demitido pelo governo militar por conta de sua ligação com o comunismo. Em outra frase marcante, Saldanha disse que Pelé é para o futebol brasileiro o que Shakespeare é para a literatura inglesa.