Desgastado, Corinthians conquista Libertadores Feminina na raça contra Palmeiras
Na despedida do treinador Arthur Elias, timão vence Palmeiras por um gol e, mesmo mais vulnerável, segue sendo o time a ser batido.
Se tem algo que a equipe feminina do Corinthians pode ensinar para todo o clube é sobre ter identificação com a camisa. O tetracampeonato do timão na Libertadores feminina pode parecer mais do mesmo, já que escreveu pela quarta vez a história de uma equipe combatente. O que não está tão escancarado é que nessa edição elas não eram tão favoritas como antes; o Palmeiras tinha todas as condições para buscar o bicampeonato e a trajetória no torneio parecia contribuir.
Tem sido uma temporadade de vulnerabilidade corintiana, um ano de muitas lesões e adaptações. Até a dobradinha do Arthur Elias na seleção poderia ser favorável ao alviverde. O que aconteceu foi o contrário - na hora da decisão continental, numa final brasileira de rivalidade centenária, o Corinthians teve tranquilidade e ignorou as adversidades para ser o maior da América do Sul.
Mesmo com jogadoras que atuaram com dor, como é o caso da Gabi Portilho, o time parecia estar inteiro em campo. O Corinthians soube aproveitar as decisões erradas defensivamente das palestrinas - um nervosismo estimulado pelo próprio rival. Culpa do Arthur Elias, treinador que reforçou o meio-campo com Luana e que estava preparado para todo o tipo de comportamento do adversário.
O pênalti perdido por Vic Albuquerque não abalou o elenco experiente. E Milene, com um belo chute na entrada da área, colocou o Corinthians na frente. A atacante (com uma história fantástica superando uma lesão, entre idas e vindas para o clube) não é de perder oportunidades preciosas, sabe do seu potencial ofensivo. Ela é a grande oportunista do timão que iria segurar o resultado.
Foi aí que vimos o campeão, mesmo com a expulsão de Tarciane. As dez em campo se defenderam, enquanto o Palmeiras teve a posse de bola mas sem conseguir criar um jogo compacto, a atuação espaçada demonstrava a ausência de Andressinha, lesionada. Bia Zaneratto teve que sair muito mais da área porque não viu a bola chegar. Yamila Rodriguez tinha gana, a ex Boca Juniors já tinha ficado com o vice no ano passado, mas parecia sozinha no sentimento.
Estamos começando a ver um lado corintiano no futebol feminino chegando ao seu limite, com jogadoras numa idade mais avançada. Embora a renovação de uma equipe brilhante se aproxime, ainda temos a sorte de ver a mestria de atletas como Gabi Zanotti e Tamires, com sangue na camisa. Sorte por ver Lelê com tanta energia e liderança, foram quatro defesas importantes da goleira. E também por ver o trabalho muito bem desenvolvido do Arthur Elias chegar ao fim sendo coroado com um título continental. Sim, a fortaleza mental do Corinthians, que jogou com frieza e comemorou cada defesa, foi o diferencial para vencer a Libertadores 2023.