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Seleção completa um século com luta pelo poder desde o berço

21 jul 2014 - 07h55
(atualizado em 22/7/2014 às 15h14)
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Casa cheia nas Laranjeiras. Assim, há exatamente um século, a Seleção Brasileira estreou contra os ingleses do Exeter City FC. Muito festejada na época, a vitória por 2 a 0 selou o primeiro capítulo de luta pelo poder de administrar o futebol no País. Uma história que, mesmo cem anos depois, parece bastante atual.

Desde 1906, combinados brasileiros se organizaram para partidas com caráter internacional, mas não havia uma associação capaz de organizar tudo. Nesse cenário, grupos de dirigentes se formaram, e a disputa mais intensa ocorreu em território paulista. Amparada por uma série de clubes, especialmente do Paulistano, a Associação Paulista de Esportes Athléticos (APEA) se estabeleceu em São Paulo e venceu uma disputa com a Liga Paulista de Foot-Ball. 

Friedenreich é atendido durante Brasil x Exeter City
Friedenreich é atendido durante Brasil x Exeter City
Foto: CBF / Divulgação

A vitória nos bastidores significou o direito de criar, enfim, a Seleção Brasileira. No Rio de Janeiro, a Liga Metropolitana de Sports Athléticos já detinha o poder, então ambas as associações se uniram em 8 de junho de 1914. Uma reunião histórica em território carioca selou a criação do Comitê Olímpico Brasileiro e da Federação Brasileira de Sports Terrestres (FBST).

Se hoje olha ao exterior com a impressão de que ficou para trás, a Seleção Brasileira viveu exatamente o oposto naquele 21 de julho. É verdade que o Exeter City ocupava a terceira divisão de seu país, mas a Inglaterra era tudo que poderia haver de mais moderno na modalidade. Os gols de Oswaldo Gomes e Osman deram a vitória aos jogadores e também aos dirigentes. 

Polêmicas de 1930 a 2012

Unidos para superar rivais que se espalhavam pelo país, paulistas e cariocas rachariam em pouco tempo. Na Copa de 1930, apenas jogadores do Rio representaram o Brasil, justamente por uma cisão entre a APEA e a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), já sucessora da FBST. A CBD, que hoje se transformou em CBF, queria que o futebol seguisse amador. Defensora do profissionalismo, a APEA retirou os jogadores de São Paulo da Seleção.

Desde então, não foram poucos os episódios semelhantes que ocorreram enquanto o Brasil conquistava grandes resultados em campo. Campeão mundial como presidente da CBD em 1958, 1962 e 1970, João Havelange se fortaleceu para virar presidente da Fifa em 1974. Stanley Rous, inglês que ocupava o cargo, acusou o dirigente brasileiro de compra de votos na ocasião. 

 
Cinco histórias de Brasil 2 x 0 Exeter City
Ingleses tinham feito excursão à Argentina
Exeter venceu Seleção do Rio por 5 a 3 e combinado de ingleses no Brasil por 3 a 0
3 mil torcedores foram às Laranjeiras
Friedenreich, o primeiro craque da Seleção, teve dois dentes quebrados por ingleses
Rubens Salles, mesmo machucado, jogou até o fim. Foi eleito o melhor em campo

Desmembrada, a CBD se transformou em Confederação Brasileira de Futebol por uma ordem da própria Fifa em 79. Primeiro presidente eleito, Giulite Coutinho perdeu o cargo em 1986 em disputa marcada por uma manobra. Como previa igualdade, o candidato Nabi Abi Chedid inverteu a chapa com o então vice, Octávio Pinto Guimarães. O critério de desempate era dar a vantagem ao mais velho, justamente Octávio. Ele assumiria a CBF com um voto a mais que o rival. 

Antecessor de José Maria Marin, Ricardo Teixeira foi presidente de 1989 a 2012. Sem história no futebol, ele representou a volta de Havelange ao poder no Brasil. De cofres vazios em 1986, o que permitiu o surgimento do Clube dos 13, a CBF virou uma máquina de fazer dinheiro com Teixeira. Ele deixaria o cargo com dois títulos mundiais (94 e 2012) e várias denúncias de corrupção. 

Seleção Brasileira vive crise de identidade e pensa em fórmulas antigas

Se nesta segunda completa 100 anos de sua primeira partida, na terça-feira a Seleção Brasileira terá apresentado seu novo treinador.

<p>Presidente da CBF, José Maria Marin, novo coordenador-geral Gilmar Rinaldi e presidente eleito da entidade, Marco Polo Del Nero</p>
Presidente da CBF, José Maria Marin, novo coordenador-geral Gilmar Rinaldi e presidente eleito da entidade, Marco Polo Del Nero
Foto: Ricardo Moraes / Reuters

Dunga, capitão do título de 1994 e comandante no Mundial 2010, assume o cargo novamente. Há quatro anos, a impressão do Brasil era exatamente a mesma de hoje: necessidade de modernização e busca por novos conceitos.

Humilhada em casa e diante de todo o mundo pela Alemanha, a Seleção viu seus dirigentes apostarem em Gilmar Rinaldi. Ex-jogador, agente de jogadores e com uma experiência única como dirigente no Flamengo, ele recebeu a missão de dirigir as seleções da CBF e elegeu Dunga para o time principal. O Brasil, e os dirigentes do futebol brasileiro, contam com as vitórias dele. 

A primeira partida da Seleção Brasileira em 21 de julho de 1914

Brasil 2 x 0 Exeter City-ING

BRASIL: Marcos de Mendonça, Píndaro e Nery; Sylvio Lagreca, Rubens Salles e Rolando; Abelardo, Oswaldo Gomes, Friedenreich, Osman e Formiga. Comissão Técnica: Sylvio Lagreca e Rubens Salles (capitão).

EXETER CITY: Loram; Fort e Strettle; Rigby, Lagan e Hardin; Holt, Whittaker, Hunter, Lovett e Goodwin. Treinador: Mac Gahey.

Gols: Osvaldo Gomes, aos 28min; Osman, aos 36min do primeiro tempo

Árbitro: Harry Robinson (Inglaterra). Assistentes: Jack Maishan (Inglaterra), Arnaldo Borghet (Brasil). 

Jogadores ingleses foram derrotados nas Laranjeiras e perderam a linha
Jogadores ingleses foram derrotados nas Laranjeiras e perderam a linha
Foto: CBF / Divulgação

Jogadores ingleses foram derrotados nas Laranjeiras e perderam a linha (Arquivo / CBF)

Fonte: Terra
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