Há oito meses, o atacante Diego Costa era vista como a grande surpresa da lista do técnico Luiz Felipe Scolari para os amistosos contra a Itália e a Rússia, em março deste ano. O, até então desconhecido companheiro de Falcao García no ataque do Atlético de Madrid, causava no público brasileiro a mesma estranheza de quando o atacante Hulk foi convocado pela primeira vez para vestir a camisa da Seleção Brasileira.
"Não chegou nunca em minhas mãos essa conversa (de interesse dos espanhóis), mas lógico que se fosse para escolher entre Brasil e Espanha, seria a Seleção Brasileira. Mas nunca chegou a mim, foi só um comentário. Foi tudo através da imprensa local. Mas não tem como dizer não para a Seleção Brasileira", disse Diego Costa na ocasião.
Na mesma entrevista, o jogador do Atlético de Madrid se mostrava bastante tranquilo com a possível rejeição que poderia ter do povo brasileiro, por nunca ter atuado profissionalmente em um clube do País. "Isso é normal, estamos falando da Seleção Brasileira, não é qualquer seleção. É normal que os torcedores querem os melhores e, se não se acompanha o jogador, você coloca dúvida. É a minha oportunidade e vou ter que mostrar se valeu a pena ou não. Não posso negar que vai ter essa cobrança, mas é normal. É de se esperar".
Após as declarações dadas ao Terra, Diego Costa atuou apenas em dois amistosos da Seleção Brasileira, contra Itália e Rússia. No primeiro jogo, empate por 2 a 2 contra os italianos, o artilheiro entrou aos 23min do segundo tempo no lugar de Fred. Já na segunda partida, diante dos russos, entrou aos 32 min da segunda etapa no lugar de Kaká, que também não teve mais oportunidades com Scolari após os dois amistosos. Na ocasião, os russos abriram 1 a 0 pouco antes da entrada de Diego Costa e o Brasil conseguiu empate aos 44min do segundo tempo, em gol anotado por Fred.
Diego Costa discorda de Felipão sobre renúncia ao Brasil:
Nesta terça-feira, o discurso divulgado pelo atleta é totalmente diferente da entrevista que concedeu em março ao Terra. Segundo Diego Costa, ele optou pela Espanha por tudo que deve ao país europeu e que não considera que sua atitude seja uma renúncia ao Brasil.
"Quero que as pessoas entendam que isso não é uma renúncia ao Brasil. Não vejo assim, não pensei desta forma. Simplesmente aqui me sinto valorizado, fiz toda minha carreira, tive tudo. Tudo que sou, devo à Espanha. Foi muito pensado, mas em nenhum momento creio que foi uma renúncia. Tenho familiares no Brasil, foi onde eu nasci e quando largar o futebol, vou lá viver. Foi uma decisão muito pensada. Espero que o pessoal entenda e respeite porque foi uma decisão pensada", completou.
Mesmo convocado por Felipão perto da Copa do Mundo de 2014, Diego Costa se negou a defender a Seleção Brasileira. O atacante, que agora jogará pela Espanha, não foi o primeiro a fazer isso. Relembre outros 16 desertores do Brasil
Foto: Heinz-Peter Bader / Reuters
Convocado por Dunga para amistoso contra a seleção italiana, Amauri recusou o chamado e, tempos depois, conseguiu cidadania para defender justamente a Itália
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No Pré-Olímpico de 1996, o meia Arílson, também ex-Grêmio, fugiu da concentração do time comandado por Zagallo e nunca mais retornou à Seleção
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Famoso por sua passagem pelo Fluminense, o goleiro Paulo Vítor pediu dispensa do Pré-Olímpico de 87 após perder a posição para Zé Carlos, ex-Flamengo
Foto: AFP
O caso mais famoso de recusa à Seleção Brasileira: no dia do embarque para a Copa do Mundo de 1986, em solidariedade ao corte do amigo Renato Gaúcho por indisciplina, o lateral Leandro deixou a equipe em protesto ao treinador Telê Santana
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Ex-Bahia, Fluminense e Palmeiras, Luiz Henrique (ao fundo) deixou a Seleção durante as Eliminatórias da Copa de 94
Foto: Gazeta Press
O atacante Careca também deixou a Seleção Brasileira durante as Eliminatórias para a Copa de 94
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No fim dos anos 90, Taffarel pediu dispensa após ser convocado para a Seleção Brasileira e encerrou sua trajetória marcada por glórias
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Campeão do mundo em 1994, Mauro Silva recusou convocação para a Copa América de 2001 alegando insegurança por episódios de violência que ocorriam na Colômbia, país sede. Ali, perdeu a chance de permanecer no grupo que seria campeão do mundo no ano seguinte
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Insatisfeito por perder a braçadeira de capitão do Brasil para Cafu, Leonardo pediu dispensa da Seleção comandada por Vanderlei Luxemburgo
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Convocado por Carlos Alberto Parreira no trabalho que visava a Copa 2006, Serginho pediu dispensa e alegou que não achava mais ser útil. Tempos depois, ele chegou a manifestar desejo de jogar o Mundial, mas Parreira abriu mão
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Convocado por Dunga para a Copa América 2007, Zé Roberto pediu dispensa. Tempos depois, também manifestou interesse em voltar, mas não teve o desejo atendido por Dunga
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Na Copa América de 2007, Kaká pediu dispensa em função da necessidade de tirar férias. Tempos depois, superou espécie de "castigo" de Dunga e voltou a ser titular da Seleção
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Ronaldinho teve postura similar a Kaká e também pediu férias em 2007. O episódio foi superado meses depois
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O lateral Marcelo se envolveu em polêmica com Mano Menezes ao enviar ao treinador, supostamente, um email que seria endereçado ao Real Madrid em que confirmava ter conseguido liberação da Seleção. Afastado das convocações, retornou apenas recentemente
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Julinho Botelho, que atuava na Itália, recusou chamado para a Copa do Mundo de 1958 porque acreditava ser desrespeito aos jogadores que jogavam no futebol brasileiro
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Mário Fernandes se juntou à relação ao não se apresentar para a Seleção Brasileira que enfrentou a Argentina em Belém. Mário, que perdeu o voo, alegou atravessar crise de estresse