Script = https://s1.trrsf.com/update-1765224309/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Olha ele! Ex-elite do basquete, Pipoka diz que sofre com a Seleção

25 mar 2012 - 10h03
Compartilhar
Flavio C. D'Almeida

João José Vianna, o Pipoka, é um dos grandes nomes do basquete brasileiro. Ele fez parte da elite, como o próprio classifica, em três Jogos Olímpicos, participou da histórica campanha do título do Pan-Americano de Indianápolis, quando a Seleção venceu os Estados Unidos na final, em 1987, e foi o segundo atleta do País a jogar na NBA (Liga de Basquete Americana).

Hoje, Pipoka é professor universitário (dá aula para o curso de Educação Física, nas disciplinas "basquetebol" e "handebol"), coordena o Centro Olímpico da Secretaria de Esporte do Distrito Federal e faz parte da ONG Atletas pela Cidadania. Em entrevista ao Terra, o ex-jogador lembrou momentos de sua carreira, falou sobre a volta do basquete masculino brasileiro à Olimpíada e disse o que espera dos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro.

Pipoka, 48 anos, participou dos Jogos Olímpicos de Seul 1988, Barcelona 1992, e Atlanta 1996, sendo que nos dois primeiros o Brasil ficou em quinto no basquete masculino e em Atlanta na sexta colocação.

"A Olimpíada é um momento único na carreira de um atleta, jogando com os melhores de todos os esportes, mais de 10 mil atletas, só por isso, você já se sente diferenciado, com nível olímpico. Meu entendimento é o melhor possível, o sentimento de fazer parte da elite uma vez já é enorme - imagine três vezes", afirmou o ex-jogador.

Sobre sua trajetória nos Jogos Olímpicos, Pipoka ressaltou dois dos momentos mais especiais para ele: "a primeira participação do Dream Team foi incrível. Jogar contra o (Michael) Jordan, o (Charles) Barkley, os tops dos tops, foi muito bom. Um dos pontos grandes também foi a despedida do Oscar (Schmidt), que foi um ídolo do basquete mundial. Naquele jogo contra o time grego a emoção falou mais alto, todo mundo chorou."

A despedida de Oscar lembrada por Pipoka foi o último jogo do basquete masculino brasileiro em Olimpíadas, já que nas últimas três edições, a Seleção não se classificou. Mas no Pré-Olímpico de 2011, na Argentina, a vaga para Londres foi conquistada.

Volta do basquete aos Jogos depois de 16 anos

"Fiquei muito feliz, vibrei bastante com a volta deles, o basquete brasileiro precisava disso. Sei que não vai ser fácil. Chegar é uma coisa, e ir bem é outra completamente diferente. Não vão jogar com (seleções de) nível inferior, lá é todo mundo top de linha. Vamos precisar de muita presença do Alex, Tiago Splitter, Nenê, Leandrinho, Anderson."

Basquete brasileiro na Olimpíada sem o Pipoka

"(Risos) Normal, tranquilo, faz parte do contexto, as pessoas passam. Eu fico muito feliz de ter sido jogador, e agora sou muito feliz como torcedor. Sou eternamente torcedor, mas por saber um pouco mais, ver coisas que outros não veem, acabo sofrendo mais também."

Polêmica com brasileiros da NBA

"O que aconteceu em diversos momentos é que a Confederação Brasileira os expulsou. A gestão do Grego (Gerasime Bozikis, presidente da CBB de 1997 a 2009) prometeu coisas que não cumpriu. Na NBA tudo é muito profissional, aí quando jogam pelo Brasil não têm nem respeito. Foi uma gestão pavorosa, mas continuo não vendo com bons olhos."

Chance de astros da NBA voltarem ao time

"Agora o técnico vai conversar com eles (jogadores brasileiros da NBA) e trazê-los para dentro, de corpo e alma. E aí eles têm que ter a mesma dedicação que nós de outros tempos tínhamos com a Seleção Brasileira. É a oportunidade de aparecer para outros jogadores do Brasil e incentivá-los. Éramos a quarta potência mundial do basquete e hoje não somos mais. Para voltar, todo mundo tem que trabalhar: jogadores, dirigentes, árbitros, técnicos."

Passagem pela NBA - Dallas Mavericks, entre 1991/92

"Foi interessantíssimo, é outro mundo a NBA, extremamente profissional. Você é pago para realizar um trabalho e é cobrado, mas tem todas as condições para isso, o que você precisar. Foi marcante na minha vida. A quantidade de pessoas envolvidas, a extrema organização, o lado profissional de verdade."

Abriu as portas para brasileiros do basquete no exterior?

"Nunca vi por esse lado, mas talvez até possa ser. Fico feliz com a participação de brasileiros, espero que tenha cada vez mais. Tem garotos bons aqui, espero que ampliemos lá (NBA) e também na Europa. Mas o mais importante é que ao voltar tragam sua experiência e vivência, essa forma diferente de jogar, para agregar aos nossos conceitos aqui, para internacionalizar o nosso basquete."

Ouro no Pan de Indianápolis, em 1987

"Ninguém acredita, mas o jogo mais difícil foi contra o México, na semifinal. Era um time muito bom, que tinha um jogo parecido com o do Brasil. Foi tiro pra todo lado, prorrogação, dificílimo. Então chegamos (na final) com missão cumprida, o pessoal tranquilo, éramos franco-atiradores."

Final contra os americanos

"O jogo foi indo tranquilo até o intervalo. Aí o Marcel, o Oscar, o Israel, a turma foi conseguindo acertar as bolas. Com tranquilidade, a bola foi caindo. Aí, meu amigo, você sabe, 'onde passa boi passa a boiada'. Foi fantástico, um jogo divisor de águas no basquete mundial, quebrou um paradigma com a possibilidade da entrada de profissionais (da NBA)."

Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro

"Espero que a gente não faça papel de bobo. Espero que a gente supere as dificuldades com construção, transporte, com esse senhor, Jérôme (Valcke), da Fifa, fazendo isso, falando essas coisas (da Copa do Mundo de 2014). Temos muitos problemas que podem atrapalhar. Corrupção, erro de gestão, tudo isso pode nos fazer passar vergonha. E espero que exista um legado para a população. Mas um legado sério, não que nem no Pan-Americano do Rio, que quase não teve legado."

Legado da Copa 2014 e dos Jogos do Rio 2016

"É uma grande questão. Nós, os 'pós-atletas', estamos tentando junto a vários órgãos garantir esse legado para população, seja com equipamentos, acesso ao esporte, popularização. Preocupa-nos essa ponta só política dos Jogos. Estamos tentando abrir um canal de diálogo, mas se não abraçarmos (povo brasileiro) a causa, não podemos cobrar. Não cabe só a nós (Atletas pela Cidadania), temos que cobrar, exigir que esse legado exista. Aeroportos, estradas, temos que cobrar, sem esse jeitinho brasileiro. Todo esse dinheiro investido nos Jogos e na Copa e não sobrar nada para a população não dá."

Por que o apelido Pipoka?

"É da época do ginásio. A irmã de um grande amigo que me deu o apelido. Na época de vacas magras eu só tinha grana para comprar pipoca, e como eu estava sempre comendo pipoca no pátio, e ela começou a me chamar de Pipoka. Aí ficou."

Londres 2012 no Terra

O Terra, maior empresa de internet da América Latina, transmitirá ao vivo e em alta definição (HD) todas as modalidades dos Jogos Olímpicos de Londres, que serão realizados entre os dias 27 de julho e 12 de agosto de 2012. Com reportagens especiais e acompanhamento do dia a dia dos atletas, a cobertura contará com textos, vídeos, fotos, debates, participação do internauta e repercussão nas redes sociais.

João José Vianna, o Pipoka, foi um dos grandes nomes do basquete brasileiro. Disputou três Jogos Olímpicos, participou da histórica campanha campeã do Pan-Americano de Indianápolis que venceu a seleção americana na final, em 1987, e foi o segundo atleta do País a jogar na NBA. Na foto, Pipoka tenta bloquear jogador grego na Olimpíada de Atlanta, em 1996, em partida marcada pela despedida de Oscar Schmidt da Seleção
João José Vianna, o Pipoka, foi um dos grandes nomes do basquete brasileiro. Disputou três Jogos Olímpicos, participou da histórica campanha campeã do Pan-Americano de Indianápolis que venceu a seleção americana na final, em 1987, e foi o segundo atleta do País a jogar na NBA. Na foto, Pipoka tenta bloquear jogador grego na Olimpíada de Atlanta, em 1996, em partida marcada pela despedida de Oscar Schmidt da Seleção
Foto: AFP
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra