MotoGP: Marc Márquez - Da quase aposentadoria ao domínio
Após lesões, cirurgias e dúvidas sobre aposentadoria, espanhol reencontra seu auge e busca o nono título mundial
A temporada de 2025 da MotoGP está sendo marcada pelo domínio avassalador de Marc Márquez, que em sua primeira temporada com a Ducati, venceu dez das catorze corridas realizadas até aqui e venceu treze das catorze corridas sprints.
O espanhol já havia dominado a MotoGP entre 2013-2019 e sua atual performance representa um novo capítulo em sua carreira: um retorno triunfal ao topo após lesões, quedas e incertezas sobre sua permanência no esporte. Aos 32 anos, Márquez lidera o campeonato com folga e se aproxima de conquistar seu nono título mundial, consolidando ainda mais seu nome entre os maiores da história do motociclismo.
Rookie do ano
Sua estreia foi em 2013, com a Honda. Mesmo sendo um rookie, Marc pilotava com velocidade e agressividade. O espanhol não só venceu o GP das Américas, se tornando o piloto mais novo a atingir o feito na MotoGP, como também conquistou seu primeiro título mundial com apenas 20 anos.
Na temporada seguinte, Márquez fez a campanha mais vitoriosa de sua carreira até hoje, com um impressionante aproveitamento de 72,22%. Entre 2016 e 2019, dominou a categoria de forma absoluta, vencendo quatro campeonatos consecutivamente.
Marc detém o recorde de ser o piloto com mais pole positions em Grandes Prêmios, com 94 no total — 74 delas na MotoGP. Além disso, é um dos pilotos mais vitoriosos do esporte, com 72 vitórias — atrás apenas de Valentino Rossi (89).
2020, o ano onde tudo mudou.
Em julho de 2020 o destino, no entanto, testou sua resiliência de maneira infeliz. Márquez sofreu um grave acidente na primeira corrida da temporada, em Jeréz, fraturando o úmero direito e teve que ficar afastado por toda a temporada para conseguir se recuperar, passando por três cirurgias ao longo do ano.
Após uma longa recuperação, Marc retornou às pistas e em junho de 2021 conquistou em Sachsenring, na Alemanha, sua primeira vitória após a lesão. Em 2022 o espanhol voltou a sofrer com o braço e desenvolveu crises de diplopia (visão dupla). Em maio do mesmo ano, teve que realizar mais uma cirurgia no braço direito.
Foi em 2023 que as coisas pioraram. Ao longo do ano, Marc sofreu 23 quedas e quatro abandonos consecutivos. Essas quedas lhe causaram fraturas em dedos, tornozelo e costelas. Sem pódios e nem vitórias, o espanhol terminou o campeonato em 14º lugar.
No fim da temporada, Marc chegou a cogitar a aposentadoria no ano seguinte caso sua mudança para a Gresini não lhe trouxesse de volta o prazer de correr e competir. E não seria exagero, para qualquer atleta, o cenário era de fim de carreira. Márquez, porém, escolheu outro caminho.
A virada de chave
Tudo mudou em 2024, quando o piloto decidiu sair da Honda após 11 anos e assinar com a Gresini. O risco era grande, muitos duvidavam de que, após tantas lesões, ele tivesse condições de voltar ao nível competitivo de outrora. Mas foi justamente essa mudança que reacendeu sua carreira.
No GP de Aragón, quebrou o jejum de 1043 dias sem vitórias. Terminou a temporada em terceiro lugar no campeonato, com 392 pontos. Essa foi a confirmação de que Márquez ainda era capaz de competir com a elite, mesmo em equipe independente.
Nadia Padovani, chefe da Gresini confirmou os rumores, que surgiram na época do anúncio, sobre a Ducati temer tensões internas, relatando que mesmo com os temores estava feliz com a chegada de Márquez. “Parecia impossível que um oito vezes campeão mundial pudesse sair da Honda para uma equipe independente. … Apenas quando o vi pilotar no teste de Valência, disse: ‘Então é real”.
Dominando 2025 com a Ducati
O passo seguinte foi a chegada à Ducati, que com certeza mudou seu patamar competitivo. As expectativas para esta temporada eram altas, principalmente após o espanhol apresentar evolução e bons resultados com a Gresini na temporada anterior. Se em 2024 o espanhol havia mostrado lampejos de campeão, em 2025 ele voltou a ser o Márquez que moldou uma geração.
Com talento e uma moto potente, era esperado que Márquez tivesse bons resultados, mas poucos imaginavam que dominaria o campeonato com tanta facilidade, podendo se tornar campeão mundial a seis corridas do fim da temporada.
É claro que as chances de Marc vencer seu nono título em San Marino são baixas, mas não é impossível de acontecer. Hoje (04), Marc afirmou que não quer ser campeão já na próxima semana: “Espero não conseguir ter a “bola do jogo” em Misano porque significaria que meu irmão fez um fim de semana ruim”.
Até o GP da Hungria, 14ª etapa da temporada, Marc conquistou oito poles, treze vitórias em corridas sprint, dez vitórias nas corridas de domingo e doze pódios. Atualmente, está disparado na liderança com 175 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, seu irmão, Álex Márquez.
O domínio do espanhol na temporada reforça ainda mais sua posição como um dos maiores pilotos da história da MotoGP e um dos maiores no mundo esportivo. Poucos atletas, em qualquer esporte, conseguem transformar uma sequência de quatro cirurgias e anos de queda de desempenho em combustível para voltar ao topo. Márquez o fez.
Há quem questione se o fator decisivo é a Ducati mas a verdade é que nenhuma máquina vence sozinha. A fase de Marc não mostra apenas que ele é determinado, como também é um renascimento importante para um dos maiores campeões do esporte.
O domínio atual não representa apenas uma volta por cima, mas evidencia também a perseverança e a fome de vitória do piloto, fortalecido após enfrentar anos de dificuldades. Essa dominância vem sendo um capítulo que consolida ainda mais o legado de Márquez.