Sem dinheiro, promessa agradece chance na Sauber e idolatra Senna
Vencedor de três títulos consecutivos nas últimas três temporadas – Fórmula BMW Europeia, Fórmula Renault Europeia e World Series by Renault –, Robin Frijns está no passo final antes de estrear na Fórmula 1. Anunciado como reserva da Sauber para a temporada 2013, o piloto holandês, 21 anos, agradece a oportunidade depois de dizer que não tinha dinheiro para oferecer no caminho rumo à elite do automobilismo mundial, confiando apenas no "talento".
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No ano passado, Frijns se tornou o primeiro piloto a conquistar a World Series em sua temporada de estreia desde o polonês Robert Kubica em 2005. Em entrevista ao Terra, o holandês admite a surpresa por ter batido, com a equipe Fortec Motorsports, pilotos mais experientes como o francês Jules Bianchi e o alemão Sam Bird, respectivamente reservas de Force India e Mercedes na F1.
Na corrida final, na Catalunha, Frijns se envolveu em uma manobra polêmica ao tocar em Bianchi quando ambos disputavam o título e a quarta posição da prova. O francês abandonou a prova e acusou o rival de ter provocado o acidente propositadamente. Na ocasião, o holandês seguiu na prova e terminou no sétimo lugar – punido, ele caiu para 14º, porém confirmou o título com cinco pontos de vantagem sobre Bianchi.
Com um grande retrospecto nos últimos anos, o holandês foi eleito o nono melhor piloto de 2012, entre todas as categorias, na lista anual da revista britânica Autosport. Querendo mais independência em suas decisões, ele disse ter recusado convites para integrar o Red Bull Junior Team e em novembro passado deu uma declaração controversa para justificar a decisão em entrevista ao jornal holandês De Telegraaf: “eles te tratam como um cão”.
Ao Terra, o jovem nega ter dito essas palavras e explica simplesmente que não considerava o programa de desenvolvimento da Red Bull como a melhor opção para o futuro. Logo depois, ele assinou contrato para ser reserva do alemão Nico Hulkenberg e do mexicano Esteban Gutiérrez na Sauber.
A escuderia suíça, a mesma pela qual o finlandês Kimi Raikkonen e o brasileiro Felipe Massa estrearam na F1, costuma dar oportunidades a “jovens talentosos”, conforme lembra Frijns, que espera também ele receber uma chance “em breve”. Em um cenário de crise econômica internacional que aumentou a presença de “pilotos pagantes” na F1, Frijns não tem patrocínios de peso.
Antes dos testes de novatos de Abu Dhabi em 2012, o holandês disse que contava apenas com o seu “talento”. À emissora americana ESPN, ele explicou que só competiu na World Series graças aos 500 mil euros (R$ 1,3 milhão) recebidos após o título na Fórmula Renault Europeia no ano anterior.
Na ocasião, Frijns se dizia com o futuro indefinido visto que também não teria verba para defender o título na categoria de acesso à F1. Agora na Sauber, o holandês pode se preocupar simplesmente com pilotar – função em que o tricampeão mundial Ayrton Senna, a quem chama de “ídolo”, era especialista. “O modo como ele pensava e falava sobre automobilismo verdadeiramente me inspiraram”, discursa o jovem, que também pode competir na GP2 nesta temporada.
Confira a entrevista com o piloto holandês Robin Frijns:
Terra – No ano passado você venceu a World Series by Renault como novato e conseguiu seu primeiro teste e contrato com uma equipe da Fórmula 1. Foi muito mais do que você esperava quando o ano começou?
Robin Frijns – Sim, é claro! Estou fazendo o melhor que posso e tenho o foco no meu trabalho e nos meus objetivos. Antes da temporada eu pensei que terminar como top 5 (da World Series) seria muito bom, mas o ano foi simplesmente sensacional!
Terra – Antes do teste de novatos de Abu Dhabi você disse que colocava o futuro em jogo porque não tinha dinheiro e precisava confiar puramente no talento. O que você acha da política de “pilotos pagantes” que se tornou normal na F1 e onde você acha que a Sauber está localizada nesse contexto?
Robin Frijns – Agora é uma época diferente do que era alguns anos atrás. Há cada vez mais dinheiro envolvido no mundo da F1. É uma pena, mas você não pode mudar isso, é simplesmente o modo como isso acontece. A Sauber é uma das melhores equipes para você começar sua carreira na F1. Eles dão a jovens e talentosos pilotos a chance de provar seu talento. Então tomara que eu tenha minha chance em breve. Eu quero fazer o melhor possível para mim e para o time!
Terra – Neste ano você disse que havia recusado duas vezes a entrada no programa de desenvolvimento da Red Bull. Uma frase atribuída a você dizia que lá “os pilotos são tratados como um cachorro”. Você tem mais liberdade trabalhando na Sauber?
Robin Frijns –
Em primeiro lugar eu nunca disse nada como esta frase! Eu simplesmente penso que não teria sido a escolha certa.
Terra – A Holanda teve 13 pilotos na história da F1 e apenas dois pódios, ambos com Jos Verstappen. Como você começou no automobilismo e se interessou por um esporte que não é tão tradicional em seu país? Quem é o seu maior ídolo?
Robin Frijns – Ninguém em minha família estava envolvido no esporte a motor, mas eu sempre amei a velocidade, então eu comecei a andar de kart quando tinha sete anos de idade. Naquela época eu realmente não tinha um ídolo porque não entendia completamente o que estava fazendo. Com 14 ou 15 anos assisti a alguns filmes sobre Ayrton Senna. O modo como ele pensava e falava sobre automobilismo verdadeiramente me inspiraram. Ele se tornou meu ídolo sendo que era e ainda é uma lenda!
Terra – Na última etapa da World Series, na Catalunha, você teve um acidente com Jules Bianchi que você definiu como um “incidente de corrida”. Por outro lado, Bianchi disse que você o jogou “completamente” para fora da pista. Você e Bianchi são classificados como grandes promessas da F1. Há uma rivalidade entre vocês depois desse acidente? Você conversou com ele sobre o assunto?
Robin Frijns – Não falei com Jules depois do acidente na Catalunha. Para mim foi um incidente de corrida. A porta estava aberta e eu entrei, estávamos lado a lado. Se eu vejo um espaço eu vou atrás dele!