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Roland Ratzemberger: 30 anos depois, reconhecimento tardio

Nome mais "anonimo" do final de semana sombrio de San Marino 1994, 30 anos depois Ratzemberger recebe a atenção merecida

30 abr 2024 - 15h57
(atualizado às 15h59)
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Roland Ratzemberger: aos poucos, o "anonimo" ganha relevância
Roland Ratzemberger: aos poucos, o "anonimo" ganha relevância
Foto: McLaren / X

O final de semana do GP de San Marino de 1994 ficará na memória esportiva para sempre. Para nós brasileiros, a situação pesa pelo acidente de Rubens Barrichello e a morte de Ayrton Senna. Porém, um personagem é importante neste contexto: Roland Ratzenberger.

Aos 20 minutos da classificação de sábado, a Simtek 32 teve o aerofólio dianteiro solto e fez com que Ratzenberger perdesse o controle, indo diretamente contra o muro da curva Villeneuve a cerca de 310 km/h. A batida foi fatal: a base do crânio fraturou. Não havia o que ser feito.

A imagem da Simtek rodando pela pista e a cabeça do piloto tombada, já com sangue, chamou a atenção de todos pela dramaticidade. E quase uma unanimidade de que o austríaco morreu naquele momento. Como também é de percepção geral que a morte só foi decretada posteriormente para evitar o peso da lei italiana e manter o final de semana.

Ratzenberger caminhava sim para ser uma simples nota de rodapé na história. Mas aos poucos foi vendo que ele sempre foi um aficionado por velocidade, mas só pode começar a correr após os 18 anos pois seu pai o segurava. Mas antes disso ele já andava nas oficinas de Walter Lechner, que era próximo de sua casa.

Sua primeira experiência foi na Fórmula Ford alemã de 1983 e ganhou campeonato austríaco em 1985. No mesmo ano, chegou em 2º no Festival da categoria em Brands Hatch. Em 1986, venceu o festival e a corrida dos campeões. Isso o animou a seguir e deu o passo acima indo para a F3 e o Turismo.

A F3 inglesa naquele momento era a mais forte do mundo e Ratzenberger ficava brigando pelo pelotão mediano.  Em 1989, fica em terceiro no campeonato britânico de F3000 e, graças a contatos e algum golpe de sorte, descobre o Japão. Mas ainda faz duas provas no DTM pela equipe de Helmut Marko e faz sua estreia nas 24 Horas de Le Mans.

A partir de 1990, Ratzenberger se joga de vez no Japão, andando de F3000 e sendo piloto da Toyota nos protótipos. O austríaco se tornou um daqueles que andava de quase tudo que tinha rodas. Em 1993, fez mais uma vez as 24 Horas de Le Mans e chegou em 5º no geral, mas ganhando na classe C2.

O Toyota 93C-V dirigido por Ratzemberger, Martini  e Nagasaka
O Toyota 93C-V dirigido por Ratzemberger, Martini e Nagasaka
Foto: X / Divulgação

O sonho da F1 parecia algo distante, mas Ratzenberger poderia se considerar um profissional do volante, ganhava dinheiro com sua paixão. Mas o bichinho ainda batia. Cabe lembrar que ele chegou a conversar com Eddie Jordan em 1991 para ocupar um dos carros da equipe que estrearia aquele ano, mas perdeu o apoio de um patrocinador e o negócio não foi à frente.

Batia uma certa frustração de ver contemporâneos como Eddie Irvine e Johnny Herbert chegando aonde ele queria. Mas as coisas viraram a favor...Ratzenberger pegou as economias, conseguiu o apoio de uma milionária alemã e fechou um acordo para fazer as 6 provas iniciais da temporada 1994 pela estreante Simtek.

A Simtek era uma equipe pequena, um carro bem simples (baseado em um projeto da BMW para a F1 em 90 e a Andrea Moda de 1992) e tinha Sir Jack Brabham como um de seus acionistas. Uma série de pilotos foram considerados para ficar ao lado de David Brabham. Um deles foi até Gil De Ferran, mas na última hora, o austríaco conseguiu fechar este acordo parcial.

O carro era simples, pouco testado e o Ford Cosworth HB V8 era o mais fraco do grid. Mas o objetivo era chegar até o final das provas. No Brasil, não conseguiu se classificar. Mas em Aída, GP do Pacífico, uma pista que ele já conhecia, obteve um respeitável 11º lugar.

Ratzemberger momentos antes de sair para sua volta nos treinos
Ratzemberger momentos antes de sair para sua volta nos treinos
Foto: Wikipedia Commons

Até que veio Imola.

Por muito tempo, Ratzenberger era quase um avulso no contexto destes dias tão sinistros. Afinal de contas, o desaparecimento de Senna no dia seguinte acabou por eclipsar tudo. E nos últimos anos, há uma iluminação do papel desempenhado por ele até chegar na F1.

 Talvez uma das páginas mais tocantes deste processo de esclarecimento tenha sido a visita do pai de Roland, Rudolf, visitando Imola com o capacete de seu filho em 2022. E ainda a homenagem de Philip Eng usando um capacete com a pintura de Roland nas 6 Horas de Imola.

Aos poucos, a história faz justiça a Roland Ratzenberger. Poderia não ser um fora-de-série. Mas não desistiu de ir atras de seus sonhos. Primeiro, pilotar. Depois, chegar à F1. Por isso, as vitórias mais marcantes talvez não sejam aquelas de grandes festas, mas sim as que preenchem nossos sonhos mais inalcançáveis...  

Parabólica
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