F1 e audiência: muita calma diante dos números
Muitos tripudiaram dos dados preliminares da audiência do GP da Hungria. Mas é preciso ver além do que os frios números trazem.
Um dos assuntos que circulou nas redes sociais depois do GP da Hungria foram os dados de audiência. Vários perfis que acompanham este tipo de informações aproveitaram para “bater tambor”, dizendo que aquele seria o menor número de audiência da F1 na história da categoria na TV brasileira e que a Band teria estancado no quarto lugar de audiência.
Meias verdades dão cliques e desencadearam uma série de postagens sobre a questão da dominância da Red Bull e Verstappen estar reduzindo o interesse, que a equipe de transmissão é fraca e tantas outras. É hora de trazer um pouco de razão e menos emoção ao assunto...
A dominância da dupla Red Bull/Verstappen ajuda? Talvez sim. O fato é que, desde a Bandeirantes assumiu o comando das transmissões, este tem sido o ano em que tem havido menos variação entre os vencedores. Olhando historicamente, mesmo na Globo, houve uma oscilação quando da dominância Mercedista.
Mas este é um fenômeno mundial. Se pegarmos os dados dos Estados Unidos, mercado em que a F1 vem buscando se expandir com força, os números de audiência das últimas etapas têm sido menores do que 2022. Miami, por exemplo, teve uma queda de 24% em relação ao ano passado.
Sem contar que o modelo de como se vê a F1 vem mudando. De acordo com a própria Liberty Media, o número de pessoas assistindo a categoria pela TV tem se mantido estável desde 2020, na casa de 1,5 bi. O foco tem sido em aumentar a lucratividade e levar a transmissão para canais por assinatura ou streaming. Vários países europeus tem adotado este modelo.
Outro ponto é o aumento das redes sociais. Cada vez mais as pessoas as usam e a TV ou até mesmo o próprio celular servem como uma segunda tela (falamos disso aqui). Aqui entra o caso brasileiro, onde podemos indicar uma migração para o F1 TV. Embora os números não sejam divulgados, muitos optaram por assinar o serviço de transmissão da categoria. Muitos pela praticidade e alguns por conta de ter a possibilidade de outros meios de narração.
Sobre este ponto, sempre haverá reclamações. Nunca terá uma unanimidade e, de uma forma geral, o time da Bandeirantes tem uma boa percepção junto ao público, de acordo com pesquisas internas. Claro que erros e deslizes acontecerão de vez em quando, afinal segurar uma transmissão ao vivo é algo extremamente complicado.
Mas não dá para dizer que este seria um motivo claro para a queda de audiência. Afinal de contas, quando a transmissão era de responsabilidade da Globo, as reclamações também eram numerosas neste aspecto.
O fato é que a F1 é uma das jóias da coroa para a Bandeirantes. Para se ter uma ideia, a F1 pelo menos triplica a audiência habitual da emissora em domingos sem corrida e colocou em condições de brigar pela vice-liderança em um mercado tão importante quanto São Paulo.
Sem contar a qualificação de público, já que uma parte importante de quem assiste a F1 é composta de uma camada de maior poder aquisitivo da população. Mesmo em um momento em que a TV tem perdido espaço perante outras mídias, a F1 ajudou a Bandeirantes a trazer novos parceiros e engordar o caixa, além de consolidar o canal como “a casa da velocidade”.
Hoje, os paulistanos mostram as categorias de base (F2 e F3), treinos e as corridas. Ainda podemos incluir aqui no Bandplay (aplicativo próprio), bem como as rádios da casa (Radio Bandeirantes FM e Band News FM). Nos últimos anos, tem inclusive transmitido alguns dos testes de pré-temporada.
Não é hora de histeria e ir além da frieza dos dados. A Bandeirantes tem acordo que pode chegar até 2025 e tem o interesse de prorrogá-lo por entender a importância do produto. A Liberty sabe do momento e monitora tudo de uma forma global. Afinal de contas, tem que prestar contas aos acionistas e a audiência é um indicador importante para o sucesso do negócio.