Conheça a herdeira que Frank Williams prepara para passar o bastão na F1
Na Williams desde 2002, Claire Williams ganhou cargo exclusivo para ajudar a equipe de seu pai a voltar ao topo
Os últimos anos não têm sido fáceis para a Williams. Desde a vitória de Juan Pablo Montoya no Grande Prêmio do Brasil de 2004, o time contabilizou apenas um primeiro lugar (Pastor Maldonado, GP da Espanha de 2012) e outros seis pódios. O desempenho nem de longe lembra o alcançado pela mesma Williams na década de 90 – como o do modelo FW14B, desenhado por Adrian Newey para a temporada 1992, na qual Nigel Mansell dominou o calendário. Por isso, Frank Williams já procura novidades para que sua equipe possa ressurgir. E a carta na manga pode estar na própria família.
Desde a quarta-feira, 27 de março, Claire Williams ocupa o cargo de vice-chefe de equipe da Williams. O cargo foi criado para ela em janeiro, mas o anúncio oficial demorou a ser feito por conta da morte da mãe de Claire, Virginia Williams. A filha de Frank Williams (as feições não deixam dúvidas) já vinha ganhando espaço no time, mas passou a ser figura mais presente no paddock na temporada 2013. E sem Toto Wolff, que deixou o cargo de diretor executivo do time em janeiro para se juntar à Mercedes, e Adam Parr, que presidiu a Williams Grand Prix Holdings PLC entre 2010 e 2012, Claire já vinha ocupando o posto de segundo nome na hierarquia da Williams, mesmo sem anúncio oficial.
Claire chegou à Williams em 2002, quando começou a trabalhar no departamento de comunicação da equipe, mas começou a galgar seus degraus em 2010, quando foi promovida à chefia do setor. No ano seguinte, quando as ações da Williams passaram a figurar na Bolsa de Valores de Frankfurt, ganhou o cargo também de diretora de relações de investimentos. Em 2012, virou diretora de marketing e comunicações da Williams, responsável pelo desenvolvimento da estratégia comercial da equipe.
O período de Claire não foi dos mais vitoriosos, mas ela conta com o apoio do pai para trabalhar em uma posição mais estratégica a partir de 2013. Em comunicado oficial, a Williams afirmou que “este novo cargo terá Claire trabalhando ao lado do fundador e chefe da equipe, sir Frank Williams, atuando em um papel de protagonista no dia a dia e no desenvolvimento a longo prazo da equipe”.
No entanto, a própria escuderia deixa claro: o mais importante na criação do cargo de vice-chefe de equipe é prepará-la para a sucessão de Frank Williams, provavelmente já a curto prazo. “A posição irá fortalecer o futuro do time e criar um caminho livre para a sucessão na Williams”, completa o comunicado. Assim, é possível que a F1 tenha, talvez já em 2014, uma segunda mulher no cargo máximo de um time – a primeira é Monisha Kaltenborn, chefe de equipe da Sauber.
O papel de Claire Williams em 2013 será mais restrito, mantendo o cargo ganho em 2012, concentrando-se no papel de diretora comercial e trabalhando nos setores de marketing, comunicação e patrocínios. Além disso, como integrante do quadro de diretores da Williams, contando com o apoio integral da cúpula – como não poderia deixar de ser.
“Na última década, Claire tem trabalhado incansavelmente pela Williams. Seu conhecimento do esporte e sua paixão pela equipe são inquestionáveis, e estou feliz por dizer que, durante este tempo, ela tem se mostrado valiosa. Com Claire no cargo ocupando o cargo de vice-chefe de equipe, sei que o futuro da Williams está em mãos está em mãos extremamente seguras. Esta escolha também teve a benção de Ginny (Virginia Williams), que eu sei que estaria incrivelmente orgulhosa de ver Claire assumindo sua posição ao meu lado”, disse Frank Williams, 70 anos.
Em nota, a própria Claire se disse “honrada” por assumir o cargo e por “trabalhar ao lado de Frank”, sem chamá-lo de pai - assim, deixando claro que tem em mente um relacionamento profissional com o chefe. “Cresci no esporte e aprendi muito com uma lenda entre os chefes de equipe da Fórmula 1. Como resultado, sinto-me preparada para este desafio. Entendo o compromisso de cada um com o time para ver nosso carro na pista, e estou determinada a ver-nos novamente no topo. Não subestimo os desafios à frente, mas tenho apoio da diretoria e um comitê executivo muito talentoso, que será fundamental à medida em que caminho neste papel”, declarou.
A dirigente lamentou o que chamou de “um mês triste para minha família e para a Williams como companhia”, em referência à morte da mãe, mas manteve o foco na temporada e pediu visão para o futuro. “Será um privilégio fazer parte da equipe, e espero ter sucesso no próximo capítulo”, completou.
O pontapé inicial foi dado, mas os primeiros resultados da herdeira de Frank Williams ainda não apareceram. Nas duas primeiras corridas do ano, o time não pontuou – Valtteri Bottas foi 11º na Austrália e 14º na Malásia, enquanto Pastor Maldonado abandonou as duas provas. Ainda assim, segundo ela, o time tem tempo pela frente e dedicação nos bastidores para solucionar os problemas das primeiras provas e buscar evolução neste ano.
“Acho que o carro é rápido. Tivemos alguns problemas nas duas primeiras corridas, mas temos uma grande equipe aqui na Williams trabalhando nessas questões. Estou confiante de que encontraremos os problemas”, disse ela, em entrevista à emissora britânica Sky Sports, prometendo presença em todas as etapas do ano, na qual encarou com naturalidade a responsabilidade de assumir a equipe fundada por seu pai.
“Estou muito animada e um pouco nervosa, é claro. Acho que é um grande desafio, mas estou pronta para isso”, disse, sem pressa para a passagem de bastão. “A Williams é uma companhia de família. Ele é o chefe de equipe ainda, e ele mesmo dirá isso. Mas vamos ver o que acontece no futuro”, completou.