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F1Mania visita sede da McLaren na Inglaterra e dirige o supercarro 720S

27 jun 2019 - 16h21
(atualizado às 17h04)
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Para quem pensa em automobilismo e vive disso todos os dias do ano há muitos anos, até as férias viram desculpas para viver novas experiências ligadas à velocidade. Programei minha viagem para Londres à lazer e só depois de uns dias me toquei de algo tão simples quanto: a Inglaterra é o berço do automobilismo!

F1Mania visita sede da McLaren na Inglaterra e dirige o supercarro 720S
F1Mania visita sede da McLaren na Inglaterra e dirige o supercarro 720S
Foto: Victor D. Berto / F1Mania / F1Mania

Acho que, por ter mania de tirar férias nos Estados Unidos, demorei para lembrar que estava indo para onde o esporte que mais amo nasceu. De repente, eu poderia viver uma experiência ligada ao automobilismo como já fiz em outras férias em Las Vegas.

E na sequência várias fichas foram caindo… será que estou indo na época do GP da Grã-Bretanha? Não. Nossa, lá tem as equipes da Fórmula 1! Será que consigo visitar? Bom, hora de correr atrás!

Quem mais tradicional e britânica na F1 do que a McLaren? Entrei em contato com a McLaren São Paulo e a oportunidade se materializou.

Logo no meu primeiro dia em Londres, peguei um trem de Londres para Woking, onde fica a sede da equipe e a partir daqui a experiência começa…

Cheguei na sede, que parece ter saído de um set de cinema, com uma vista espetacular, fui extremamente bem recebido pela host/guia, que nos levou para uma manhã inteira de muita emoção, tanto para mim, quanto para ela que, ao contar para nós sobre alguns itens expostos no saguão principal da sede, chegou a ficar com os olhos marejados.

Foto: F1Mania

Só de estar lá dentro já é mágico, você mal entra pelas primeiras portas de vidro e já vê os carros que cresceu amando. Não estou falando só de carros de Fórmula 1 como os de Ayrton Senna, Niki Lauda, Lewis Hamilton, Jenson Button, Kimi Raikkonen, Mika Hakkinen, mas também carros da Can-Am, Indy, 24 horas de Le Mans, enfim, um prato recheado para gente como a gente.

Tiveram dois momentos emocionantes para mim, em especial: o carro com o qual Jenson Button venceu o GP do Canadá de 2011 e o carro com o qual Ayrton Senna disputou a temporada de 1990.

Foto: F1Mania

Tem muita coisa que fica por trás das cenas, além dos carros expostos: tive a oportunidade de visitar a divisão McLaren Applied Technologies, que fornece ECU, controladores eletrônicos dos motores, para todas as equipes do grid da Fórmula 1, mas que também fabrica peças padronizadas para equipes da IndyCar, NASCAR e Fórmula E. Parece um laboratório de cientistas/inventores malucos, mas, de novo, para gente como a gente, é ‘Meca’.

Eu tive a chance de conversar brevemente com um dos líderes de projeto da ECU, que me mostrou a peça (pequena) de perto e me contou que são produzidas cerca de 100 peças como aquela anualmente. Ali vimos coisas que não podemos contar e mais importante, nada que possamos mostrar.

Como muitas partes da fábrica, tanto dos carros de rua, quanto dos Fórmula 1 ficam à mostra para o saguão principal, as fotos são bem restritas, para que nenhum trabalho “vaze”.

Mas ali do saguão pude ver o processo de pintura dos carros de rua da McLaren (incluindo uma peça bem grande e inteiriça da traseira da McLaren Senna), além do processo de construção de diversas peças aerodinâmicas dos carros de Fórmula 1, feitos ali, ao vivo, eu podendo assistir por breves minutos, em moldes, sempre “assessorados” por um comum secador de cabelo – a maneira mais simples e eficaz de aquecer e montar as peças em fibra de carbono.

Foto: Victor D. Berto / F1Mania

O time de construção de peças e desenvolvimento para Fórmula 1 trabalha 24 horas por dia, 7 dias por semana e quase os 365 dias do ano. Há raras pausas, como o dia de Natal e as férias “forçadas” de verão regulamentares da categoria. Foi-me dito ali que a cada 20 minutos uma evolução é feita por alguma equipe, então não trabalhar 24 horas por dia deixaria a equipe muito atrás das concorrentes.

Eu tive a rara oportunidade, segundo eles, de ver os dois carros que tinham acabado de voltar do GP da Espanha. Eles ficam pouquíssimos dias na fábrica – a maior parte do tempo estão em trânsito de uma corrida para a outra. E eu dei a sorte de ver os carros de Carlos Sainz Jr. e Lando Norris bem ali, meio desmontados, com apenas um vidro nos separando.

Antes de seguir para um corredor lotado de troféus, de todas as conquistas da McLaren na F1 e outras categorias, ouvi uma história muito legal sobre um dos carros de rua da agora também chamada montadora.

Foto: Victor D. Berto / F1Mania

Nos anos 1990, a McLaren produziu seis (apenas seis) unidades do seu carro de rua McLaren F1 LM.

Lewis Hamilton, quando piloto da equipe de F1, pediu ao seu então chefe Ron Dennis a versão protótipo daquele carro, o laranja F1 XP1 LM, e o dirigente prometeu que se o piloto vencesse três campeonatos pela equipe assim como Ayrton Senna fez, o carro seria dele. O McLaren F1 XP1 LM segue em Woking.

É um carro que vale mais de 25 milhões de dólares. Não mais do que o McLaren F1 GTR que venceu as 24 Horas de Le Mans de 1995. A unidade vencedora da classificação geral da prova de endurance mais conhecida no mundo já recebeu uma oferta de mais de 40 milhões de libras (cerca de 50 milhões de dólares) – ela está exposta na sede da montadora e lá deve ficar.

Voltando ao corredor dos troféus… é longo, muito longo e com muitos troféus familiares para nós amantes da F1. Seja por serem marcantes pelo significado daquela vitória, seja pelo design. Um em especial emocionou a mim e a nossa guia, o ‘Coupe de SM Leopold III’.

Ele não é o maior, nem mais chamativo no corredor que tem 174 metros, mas tem um significado extremamente especial para a McLaren. O troféu foi entregue ao vencedor do GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps, por quase 60 anos e nele temos vários nomes famosos, mas dois mais marcantes: Ayrton Senna com algumas vitórias e Bruce McLaren, que venceu pela sua própria equipe McLaren em 1968. Senna, inclusive, ficou como o vencedor definitivo do troféu e, por isso, pertence à equipe de Woking.

Mais para frente, tem o refeitório dos funcionários, com o fluxo de ar controlado para que o cheiro de comida não saia daquele ambiente (tudo tem tecnologia naquele prédio), um McLaren Senna inteiro feito de peças de Lego e algumas bicicletas expostas, todas elas desenvolvidas no mesmo túnel de vento onde a McLaren evolui seus carros de F1 e desenvolve os carros de rua.

Túnel de vento que, aliás, pude ver por uma pequena parede de vidro. Não havia barulho nenhum e o único modo dos funcionários saberem que ele está ligado é observando se há uma pequena cachoeira vinda do lago que fica em frente à construção formando numa das laterais do prédio. O lago, além de lindo, também tem uma utilidade técnica: resfriar o túnel de vento, que tive a sorte de ver em funcionamento durante a minha visita.

Mais um longo corredor pela frente, paredes muito semelhantes às paredes das garagens dos boxes da Fórmula 1. Ao final deste corredor encontramos a célula de sobrevivência da McLaren de rua exposta – é uma peça inteira de fibra de carbono, extremamente leve.

Aqui é nossa porta de entrada para a fábrica dos carros de rua.

Primeiro impacto: não há robôs, não há barulho, não há sujeira. Parece uma garagem de Fórmula 1, mas aqui são montados carros de rua – uma realidade de produção muito distante das barulhentas fábricas que montam os carros “comuns”, aqueles que nós, seres humanos comuns, temos em nossas garagens.

São fabricados pouco mais de 20 carros por dia, cerca de três semanas para que uma unidade comece e termine sua produção, todas artesanais.

É um sonho, algumas longas filas dos carros mais lindos do mundo, se preparando para sair dali e ir correr por alguma estrada em algum lugar do mundo.

Chegou a minha vez de rasgar a estrada com uma McLaren!

Foto: F1Mania

Sou muito privilegiado e foi a segunda vez que vivi esta experiência. Para quem não lembra, dirigi uma McLaren 570S em Las Vegas.

Desta vez foi a inacreditável McLaren 720S. “Você deve ser alguém muito importante!”, ouvi da assessora da McLaren. Não importante, mas privilegiado por conseguir realizar sonhos – daqueles inalcançáveis, mas lá estava eu vendo a unidade que eu dirigiria vindo pela estradinha de acesso à fábrica na cor Murawai White – esta cor foi feita à pedido de Amanda McLaren, filha de Bruce, e tem o nome da praia onde seu pai foi criado na Nova Zelândia.

Foto: F1Mania

Que sonho! Uma McLaren, algumas horas de direção, um carro numa cor encomendada pela filha do fundador desta marca.

Antes de continuar a contar, eu preciso informar duas coisas: nunca havia dirigido na mão inglesa, nem do lado direito do carro. Dormi mal a noite anterior sonhando (ou tendo pesadelos) com isso, mas foi muito mais fácil e natural do que eu imaginava – a única questão mais confusa para mim eram as rotatórias, que giram no sentido horário.

Foto: F1Mania

Continuando…

Tive alguns minutos de instrução por um técnico da McLaren sobre operações específicas do 720S, pois já havia dirigido o 570S, que tem algumas coisas básicas em comum.

No GPS coloquei o circuito de Goodwood, aquele mesmo lugar onde acontece aquele festival famoso de velocidade durante o verão europeu. Demorei pouco mais de uma hora para chegar lá, por uma estrada muito bem asfaltada, mas estreita, com um pequeno trecho em rodovia. No caminho, várias pequenas cidades e vilas… algumas muito charmosas, outras mal dava para enxergar por trás das altas vegetações.

O carro tem um barulho forte e gostoso. A cavalaria é potente: 710 hp produzidos por um 4.0 biturbo, caixa de câmbio de 7 marchas gerenciadas por embreagem dupla e o melhor e mais empolgante desses carros superesportivos: tração traseira. Uma pisada e você sente a traseira desgarrar… uma delícia!

A entrega de velocidade é absurda, de 0 a 100 km/h em 2,9 segundos, os 200 km/h chegam em 7,1 segundos – muito mais rápido do que a maioria dos carros que existem no Brasil levam para chegar aos 100 km/h.

Eu nem andei muito rápido, estava em estradas de velocidade controlada, mas a entrega de velocidade quando você aperta o pé da direita, vem de uma vez! É coisa de sonho – cada vez que dirijo um carro como este, tenho mais dificuldade de imaginar como é pilotar um Fórmula 1, pois não tem como ser mais emocionante do que um carro como esta McLaren e é…

A ideia era andar com o McLaren 720S no habitat que ele foi feito para dar o seu melhor: no autódromo. Porém, chegando em Goodwood fui informado que a pista estava ocupada por um evento beneficente e que não poderia andar ali.

Não perdi a viagem, tirei algumas fotos por lá e descansei um pouco antes de continuar a viagem – ainda era cedo, queria visitar alguma cidade do interior inglês e almoçar! Meu estômago também roncava.

Foto: Victor D. Berto / F1Mania

Enquanto fiquei parado no estacionamento do pequeno circuito várias pessoas passaram por nós e muitos olhares (de todos os gêneros e idades) apaixonados para a máquina, elogios e até ganhei alguns ‘parabéns’ pelo belo carro.

Hora de seguir a viagem, paramos numa cidade chamada Midhurst, menos de 5 mil habitantes, fundada no século XII, almoçamos e tomamos um dos melhores sorvetes que me lembro já ter tomado na vida. E depois disso seguimos de volta ao McLaren Technology Centre.

Foto: F1Mania

Pouco mais de uma hora, o restinho de tempo que eu teria com a McLaren 720S, aproveitei cada minuto, às vezes andando até devagarinho para demorar mais para chegar. Não sei se um dia terei uma oportunidade como esta novamente!

O fato é que, correndo ou não com um carro desses, só de estar dentro, de sentir as curvas, a aceleração, é um sonho: é ter o seu F1 de rua, é poder sentir prazer em quatro rodas sempre.

É difícil ir embora sem ficar um pouco fã da McLaren depois de todos os sentimentos vividos naquele dia.

Cheguei à sede em Woking, hora de devolver o carro, manobrá-lo numa vaga do estacionamento da McLaren e seguir a viagem de volta de trem para Londres, onde continuaram as minhas férias.

Depois do McLaren 720S, tudo parece ter ficado muito devagar para mim.

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