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Atletismo

Técnico do BM&F Bovespa vê poucas alternativas para atletas no Brasil

29 mai 2011 - 15h16
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Durante o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, a maior competição universitária de atletismo no Brasil, realizada neste fim de semana no Estádio Ícaro de Castro Mello, o técnico do BM&F Bovespa José Antonio Rabaça aproveitou a oportunidade para analisar o cenário do esporte brasileiro. Em entrevista para o portal Gazeta Esportiva.Net, o treinador ressaltou a importância de se criar uma nova cultura de investimento ao atleta e às estruturas esportivas em território nacional, além da escassez de instituições que fomentam o esporte no país.

"Pela estrutura do esporte no Brasil, poucas vezes você vê o atleta universitário tão forte. Eu vejo aqui algumas (instituições), como a Uni Sant''Anna, que investe muito nos atletas, dá bolsa e os incentiva. O que eu tenho dificuldade pra entender é a falta de política esportiva do país, que não tem nem aqui no estado nem nas cidades, em lugar nenhum", disse Rabaça, que também é coordenador do curso de educação física da Uni Sant''Anna.

"As coisas aqui existem sem uma ligação uma com a outra, quando deveríamos obviamente ter uma política que abrangesse o aprendizado desde a sala de aula até o esporte. Esse é o problema no Brasil. O esporte está muito mais ligado a aspectos políticos do que projetos de uma linha esportiva e educacional", acrescentou.O treinador, que marcou presença no evento em que vários de seus atletas participaram, elogiou a experiência diferente proporcionada pela competição, que está em sua 15ª edição. "O convívio entre os competidores é ótimo porque, quando você pega nível universitário, vê vários tipos de atletas. Eu gostaria de destacar o trabalho das escolas de medicina, que também têm suas competições próprias, participam e fazem um trabalho muito interessante. Eles contratam técnicos, têm mais conhecimento da modalidade, proporcionam algo a mais."

Sobre o BM&F Bovespa, um dos poucos clubes segundo ele a ajudar a prática esportiva em alto nível no país, Rabaça mostrou-se confiante com o desempenho dos competidores entre os melhores universitários. "A expectativa é alta porque a BM&F Bovespa trabalha com uma elite de atletas e tem uma ótima política. É uma política esportiva e não uma política em cima do esporte. Há uma preocupação em melhorar o nível dos atletas e do atletismo nacional. Isso é fundamental. Com isso, levamos os atletas a Campeonato Mundial, Pan-americano e Universíade. E a gente se sente muito a vontade e respaldado pela instituição em trabalhar em cima disso", finalizou.

Já Julio Deodoro, superintendente geral da Gazeta Esportiva.Net, acredita que o trabalho de incentivo tem que vir desde escolas, passando pelas faculdades, em competições organizadas pelas próprias. "Precisamos criar essa cultura no país, o esporte-base deveria partir dos colégios e universidades. Para que as instituições não tivessem apenas um prédio para dar aula, mas sim um complexo esportivo para que os jovens aliassem a educação ao esporte. Isso seria o fundamental. Na Europa e nos Estados Unidos, temos competições colegiais e universitárias, e os melhores níveis são os Meetings."

"Podíamos fazer isso também, o campeonato colegial e universitário feito pelos próprios colégios e universidades, enquanto as federações iriam se encarregar das de maior nível", acrescentou o superintendente, que também revelou ter orgulho de ter acompanhado Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão olímpico no salto triplo e grande homenageado no nome do evento. "Eu treinei, disputei, cobri e vi o Adhemar. É sempre bom voltar ao clima de competição", concluiu.

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