Algoz brasileiro, inglês recorda "batalha titânica" com Scheidt
- Carol Almeida
- Direto de São Paulo
Por quatro anos, a rivalidade entre os dois maiores velejadores mundiais movimentou as competições de vela na classe Laser. Quando em uma competição o brasileiro Robert Scheidt era ouro, o inglês Ben Ainslie ficava com a prata, e vice-versa. Dessa forma, quando chegou aos Jogos de Sidney, em 2000, Ainslie estava esperançoso em inverter o pódio de Atlanta, quando ficou em segundo, atrás de Scheidt.
Sobre a "vingança" ao velejador brasileiro, Ainslie falou: "ganhar em 2000 foi um alívio". A disputa em Sidney foi acirrada e até a última etapa, o pódio ainda não tinha sido definido. Scheidt aparecia com mais chances de ouro e mesmo se ficasse na 21ª posição na última prova, ficava com a medalha.
Disposto a conseguir o título, Ainslie fez de tudo para deixar o seu maior rival em 22º, inclusive, fechou várias manobras do brasileiro. E ele conseguiu: Scheidt terminou em 22º e ficou com a prata nos Jogos de Sidney, e o inglês com o ouro. Scheidt ainda tentou reverter o segundo lugar, pedindo uma punição contra o inglês, mas sem sucesso.
A vitória do rival acabou com uma das principais esperanças brasileiras de medalha de ouro naquela Olimpíada, na qual o País saiu sem subir uma vez no lugar mais alto do pódio.
"Foi uma batalha titânica e incrível", destacou o inglês. Essa foi a última batalha entre os dois em Olimpíadas. Na edição seguinte, em Atenas, o inglês já competia pela categoria Finn. "Essa será sempre uma das minhas conquistas favoritas na vela", comentou.
O mesmo havia acontecido em Atlanta, quando os dois velejadores disputavam pela primeira vez uma Olimpíada. Na ocasião, Scheidt venceu a medalha de ouro ao induzir Ainslie ao erro: o brasileiro, que tinha a vantagem, queimou a largada e foi seguido pelo inglês e ambos foram desclassificados.
Sobre o rival histórico, Ainslie resumiu Scheidt como um ótimo velejador e um dos melhores de sua geração. Os dois ainda se encontram nos Circuitos Olímpicos, mas agora competem em diferentes classes: o brasileiro na Star e o inglês na Finn.
Ben Ainslie disse até que estava considerando velejar na classe Star na Olimpíada do Rio em 2016, mas a modalidade perdeu o status olímpico, o que deixou o velejador decepcionado: "penso que perderá muitos velejadores tops".
Londres 2012 e futuro
O foco de Ainslie no momento está na classificação para Londres 2012. "Será fantástico competir em casa com a torcida cheia e velejar nas águas britânicas nos Jogos Olímpicos. É uma oportunidade única na vida", ressaltou o atleta.
Em agosto, o velejador disputa o evento teste olímpico na baía de Weymouth, local onde serão realizadas as provas de vela em Londres 2012. Dependendo do resultado lá, ele pode ter a vaga garantida para Londres 2012.
O velejador ainda não pensa em um futuro sem velejar. "A vela é um esporte muito diverso com muitos desafios", ressaltou ele. O atleta pretende se manter atualizado aumentar o conhecimento técnico no esporte.
Outro plano do inglês é de uma regata ao redor do mundo. "Um dia eu também gostaria de corrida ao redor do mundo. O Jules Verne (o mais rápido tripulado ao redor do mundo, sem parar) é de interesse particular", destacou. Talvez inspirado nas histórias que ouvia quando criança de seu pai, Roderick "Roddy" Ainslie, que ganhou a primeira edição da mais antiga regata em torno do mundo: Whitbread Around the World Race, hoje chamada de Volvo Ocean Race.