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Você viu 'Black Mirror'? Não aceite Termos e Condições sem ler

Após episódio de Black Mirror você nunca mais aceitará os 'Termos e Condições' da mesma forma – sem ler

29 jun 2023 - 06h15
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Annie Murphy em "Black Mirror"
Annie Murphy em "Black Mirror"
Foto: Divulgação

O primeiro episódio da sexta temporada do seriado "Black Mirror" chamou a atenção por conta da história de Joan (Annie Murphy), uma mulher aparentemente comum que clicou em ‘aceitar’ sem ler, após se deparar com o famoso "Para continuar aceite os Termos e Condições". Mas quem nunca fez isso?

O episódio desbloqueou um novo receio e fez alguns fãs da série refletirem. Alguns têm certeza que os órgãos de defesa do consumidor do Brasil conseguiriam resolver a situação inusitada da personagem na série. Será?

 Mas afinal, quais problemas aceitar os ‘Termos e Condições’ sem ler pode gerar e o que fazer quando se deparar com esta situação? 

 O que são Termos e Condições?

 "Os termos e condições são as regras e regulamentos que regem a relação entre o consumidor e a empresa em contratos de consumo. Eles geralmente incluem informações importantes, como o preço do produto ou serviço, as políticas de cancelamento e reembolso, as garantias oferecidas, as responsabilidades das partes envolvidas e muito mais. Os termos e condições são geralmente escritos pelas empresas e podem incluir termos que são desvantajosos ou injustos para os consumidores", explica Issei Yuki Júnior, advogado especialista em direito do consumidor.

Afinal, é mesmo possível que os termos e condições contenham cláusulas que prejudiquem o consumidor? Segundo o advogado, sim.

"Na maioria dos casos, os termos e condições são considerados contratos vinculativos, o que significa que, ao clicar em ‘aceitar’, o consumidor está legalmente obrigado a cumprir esses termos. Os termos e condições são frequentemente usados para limitar a responsabilidade da empresa em caso de problemas com o produto ou serviço fornecido. Portanto, é essencial que os consumidores entendam completamente os termos e condições antes de concordar com eles, a fim de proteger seus direitos e interesses", diz ele.

Cláusulas comuns que prejudicam o consumidor

Algumas cláusulas comuns que podem prejudicar os consumidores incluem a exclusão de garantias, a limitação de responsabilidade, a renúncia a direitos legais, a obrigação de arbitragem em vez de processos judiciais e a coleta e uso de dados pessoais sem o consentimento explícito do consumidor.

 "Essas cláusulas podem ser prejudiciais porque limitam os direitos dos consumidores e protegem as empresas em caso de problemas com o produto ou serviço fornecido. Por exemplo, se um produto estiver com defeito e a empresa tiver uma cláusula que exclua garantias, o consumidor pode não ter direito a um reembolso ou reparo", alerta Issei Yuki Júnior.

O advogado comenta ainda que, no entanto, é importante lembrar que nem todas as cláusulas nos termos e condições são prejudiciais. Muitas cláusulas são necessárias para proteger a empresa e garantir que os consumidores entendam suas obrigações e responsabilidades. 

A chave é ler cuidadosamente os termos e condições antes de concordar com eles e entender completamente o que está sendo aceito. Se houver cláusulas que parecem injustas ou desvantajosas para o consumidor, é importante procurar aconselhamento jurídico ou considerar escolher outro fornecedor de produtos ou serviços.

Revertendo algo aceito sem ser lido 

O Código de Defesa do Consumidor consegue reverter algo que foi aceito sem ler pelo consumidor?

"Sim, o Código de Defesa do Consumidor estabelece que o consumidor tem o direito de se arrepender de uma compra ou contratação realizada fora do estabelecimento comercial, como em compras online ou por telefone, por exemplo. Esse direito de arrependimento é válido por até 7 dias corridos a partir do recebimento do produto ou assinatura do serviço, e o consumidor pode exercê-lo sem precisar de justificativa", diz o advogado.

 No entanto, é importante lembrar que o direito de arrependimento não se aplica a todas as situações. Por exemplo, não é possível se arrepender de compras realizadas em lojas físicas, produtos personalizados ou perecíveis, e serviços que foram integralmente prestados.

 Além disso, o CDC também estabelece que cláusulas abusivas ou ilegais nos contratos de consumo são nulas de pleno direito, ou seja, não têm validade legal. Isso significa que, mesmo que o consumidor tenha aceitado os termos e condições sem ler, cláusulas que violem a lei ou que sejam consideradas abusivas podem ser contestadas judicialmente. 

Portanto, embora seja importante ler os termos e condições antes de aceitá-los, o Código de Defesa do Consumidor oferece proteção aos consumidores em caso de cláusulas desvantajosas ou ilegais. É sempre aconselhável procurar orientação jurídica caso surjam dúvidas ou problemas relacionados aos direitos do consumidor.

Issei Yuki Júnior faz o alerta sobre o famoso "Termos e condições"
Issei Yuki Júnior faz o alerta sobre o famoso "Termos e condições"
Foto: Divulgação

As dicas do especialista

Issei Yuki Júnior destaca algumas dicas para que os consumidores tomem medidas proativas para proteger seus direitos e interesses ao lidar com termos e condições em contratos de consumo. 

  • 1. Ler atentamente os termos e condições

É importante ler cuidadosamente os termos e condições antes de aceitá-los. Certifique-se de entender todos os aspectos do contrato, incluindo preços, políticas de cancelamento e reembolso, garantias e responsabilidades das partes envolvidas.

  • 2. Verificar se há cláusulas abusivas

Esteja atento a cláusulas que possam ser consideradas abusivas ou ilegais. Se você encontrar qualquer cláusula que pareça injusta ou desvantajosa, considere procurar aconselhamento jurídico ou, escolher outro fornecedor de produtos ou serviços.

  • 3. Exercer o direito de arrependimento

Se você fez uma compra ou contratou um serviço fora do estabelecimento comercial e se arrependeu, lembre-se de que tem o direito de desistir da compra ou contratação no prazo de 7 dias corridos a partir do recebimento do produto ou assinatura do serviço.

  • 4. Buscar orientação jurídica

Se você tiver dúvidas ou problemas relacionados aos seus direitos como consumidor, é sempre aconselhável buscar orientação jurídica de um advogado especializado em direito do consumidor.

 “Ao seguir essas dicas, os consumidores podem se proteger contra cláusulas abusivas e ter a segurança de que seus direitos sejam respeitados em contratos de consumo”, finaliza Issei Yuki Júnior.

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

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