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Trump quer mudar o nome do Nafta

Presidente americano diz que acordo tem 'má conotação'; em um cenário sem o Canadá, tratado seria batizado de Acordo EUA-México

6 set 2018 - 04h11
(atualizado às 08h27)
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WASHINGTON - O presidente americano, Donald Trump, afirmou na quarta-feira, 5, que os Estados Unidos podem ter um acordo conjunto, que incluiria México e Canadá, ou separado com cada um dos países, mas que vão abrir mão do nome Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), por sua "má conotação". Segundo ele, o novo acordo deve se chamar Acordo EUA-México.

Trump voltou a dizer que o Nafta era um "acordo horrível" para os EUA e que chamaria o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, para negociar em breve. As conversas entre americanos e canadenses foram retomadas ontem, após terminarem sem um entendimento na sexta-feira passada.

Em meio a um clima político bastante tenso, alimentado pelas repetidas ameaças de deixar o Canadá de fora do acordo, a ministra canadense de Relações Exteriores, Chrystia Freeland, disse que ao reiniciar as negociações houve "boa-fé e boa vontade de ambas as partes".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
Foto: Leah Millis / Reuters

O cenário é bem diferente do que se tinha na semana passada quando Ottawa se ofendeu pelos questionamentos de Trump. Nesse dia, as discussões foram interrompidas quando as duas partes pareciam estar perto de encontrar uma nova fórmula para o Nafta, que está em vigor desde 1994 entre EUA, Canadá e México.

Na primeira reunião ontem com o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, Chrystia disse fariam uma pausa para voltar a deliberar "com algumas ideias frescas". "É melhor não termos nenhum acordo do que ter um acordo ruim", disse a chanceler canadense.

Impasses

Um dos pontos-chave para o novo acordo é o capítulo do Nafta que permite a instalação de tribunais binacionais para resolver pendências entre os sócios. O Canadá tem recorrido a esse sistema frequentemente para se defender de medidas antidumping aplicadas pelos Estados Unidos.

Nesse ponto, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, justificou a determinação do país em não ceder porque, segundo ele, "o presidente Donald Trump nem sempre cumpre as regras".

Outro ponto a ser resolvido são as queixas recorrentes dos EUA para que o Canadá abra seu mercado para indústria láctea. Segundo analistas, o questionamento não procede porque os americanos exportam mais desses produtos para os canadenses do que importam. Além disso, os produtores americanos não pagam impostos porque esses apenas são aplicados quando as importações excedem a cota autorizada.

A Casa Branca notificou o Congresso na quinta-feira passada sua "intenção de firmar um acordo com o México - e com o Canadá se for de sua vontade - nos próximos 90 dias" a partir daquela data.

O governo tem agora até dia 30 deste mês para apresentar ao Congresso o texto completo do novo acordo. Assim, EUA e Canadá ainda têm tempo de resolverem suas pendências.

Disputa EUA-China

A agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) avalia que a disputa tarifária entre EUA e China até agora tem sido limitada, mas isso está prestes a mudar à medida que os países aumentam sua retórica - e suas ações - e, em breve, poderá se tornar uma guerra comercial completa.

De acordo com a agência, uma escalada na atual disputa com os países adicionando tarifas de 25% sobre todos os produtos exceto os ligados a combustíveis poderia enfraquecer o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em até 1 ponto porcentual até 2021, enquanto a perda para a China seria de 0,6 ponto porcentual.

A S&P destaca ainda que até mesmo as tentativas de ajudar os que sofrerão com as tarifas mais altas ou com outras formas de protecionismo, mesmo que sejam bem intencionadas, "aumentarão os preços e prejudicarão os consumidores, especialmente famílias pobres e de classe média". / NIVIANE MAGALHÃE, COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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