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Tombo do petróleo e coronavírus afetam bolsas asiáticas

9 mar 2020 - 07h25
(atualizado às 08h00)
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As bolsas da Ásia e do Pacífico encerraram os negócios desta segunda-feira, 9, em forte queda generalizada, à medida que as cotações do petróleo despencaram até 30%, após a Arábia Saudita reduzir os preços da commodity, e investidores continuaram buscando ativos mais seguros, como Treasuries e o iene, diante das incertezas geradas pelo coronavírus.

Vista aérea de plataforma de produção de petróleo da Petrobras em Angra dos Reis
Vista aérea de plataforma de produção de petróleo da Petrobras em Angra dos Reis
Foto: Sergio Moraes / Reuters

Liderando as perdas na Ásia, o índice acionário japonês Nikkei sofreu um tombo de 5,07% hoje, a 19.698,76 pontos. O mau humor em Tóquio veio também após revisão do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão, que sofreu contração anualizada de 7,1% entre outubro e dezembro, maior do que a inicialmente estimada.

No fim de semana, a Arábia Saudita cortou os preços de seu petróleo, numa sinalização de que ampliará significativamente a produção em abril.

A decisão dos sauditas, que foi interpretada como uma guerra de preços, veio após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e os aliados da Opep+ não conseguirem fechar um acordo, na última sexta-feira (06), para cortar ainda mais a produção do grupo, como parte de uma estratégia para lidar com o impacto econômico do coronavírus. A Rússia, líder informal da Opep+, não aceitou uma proposta da Opep de reduzir a oferta coletiva em mais 1,5 milhão de barris por dia.

Em reação à atitude da Arábia Saudita, os preços do petróleo WTI e Brent chegaram a despencar até cerca de 30% entre a noite de ontem e madrugada de hoje, o que não ocorria desde a Guerra do Golfo Pérsico de 1990-91. Na sexta, as cotações já haviam caído em torno de 10% após o fracasso das negociações da Opep+.

Além disso, a disseminação do coronavírus em outros países além da China, onde o surto teve início, continua alimentando a busca por segurança. Os juros dos Treasuries de 10 e 30 anos, por exemplo, renovaram mínimas históricas nesta madrugada.

Na China continental, o Xangai Composto recuou 3,01% nesta segunda, a 2.943,29 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 3,79%, a 1.842,66.

Também no fim de semana, dados oficiais mostraram que as exportações chinesas tiveram uma redução anual de 17,2% no primeiro bimestre do ano, um pouco maior do que o declínio de 17% previsto por analistas consultados pelo The Wall Street Journal.

Em outras partes da região asiática, o Hang Seng teve queda de 4,23% hoje, a 25.040,46 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi cedeu 4,19% em Seul, a 1.954,77 pontos, e o Taiex se desvalorizou 3,04% em Taiwan, a 10.977,64 pontos.

As petrolíferas foram destaque negativo na Ásia. Em Tóquio, a Japan Petroleum Exploration caiu 12,69%. Já em Hong Kong, ações de PetroChina e CNOOC recuaram 9,63% e 17,23%, respectivamente.

Na Oceania, a bolsa da Austrália também foi derrubada principalmente por papéis do setor petrolífero. O S&P/ASX 200 caiu 7,33% em Sydney, a 5.750,60 pontos, ficando perto de entrar em "bear market", quando um mercado acumula perdas superiores a 20% em relação ao pico mais recente. Com informações da Dow Jones Newswires.

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