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Técnicos da Anvisa consideram que herbicida glifosato não é cancerígeno

26 fev 2019 - 10h08
(atualizado às 16h42)
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Técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegaram à conclusão de que o herbicida glifosato não causa câncer, embora tenham recomendado uma série de precauções no seu uso, em meio à crescente pressão internacional para reduzir a utilização do produto químico.

Garrafa do pesticida glifosato
30/11/2017
REUTERS/Christian Hartmann
Garrafa do pesticida glifosato 30/11/2017 REUTERS/Christian Hartmann
Foto: Reuters

Empresas como Bayer AG e sua unidade Monsanto, que produzem pesticidas à base de glifosato, enfrentam disputas legais relacionadas a alegações de que o químico poderia causar câncer. Um novo estudo publicado neste mês também liga a alta exposição ao câncer.

"Não há evidências científicas de que o glifosato cause danos à saúde além dos demonstrados em testes de laboratórios com animais", declarou Alessandra Soares, diretora da Anvisa e relatora do caso.

Os resultados, se aprovados, permitiriam a continuidade das vendas do glifosato, o herbicida mais vendido no país, ainda que com algumas restrições.

A equipe de análise de riscos da Anvisa apresentou nesta terça-feira as conclusões aos diretores da agência, que votaram por colocá-los em uma consulta pública de 90 dias antes de uma decisão final.

A Bayer vende o herbicida sob a marca Roundup, da antiga Monsanto, comprada pela companhia no ano passado, que historicamente tem sido a maior vendedora de produtos à base de glifosato no Brasil. A empresa não revela sua participação no mercado.    A Bayer tem enfrentado processos em todo o mundo devido a alegações de que o glifosato causaria câncer.

A Monsanto foi condenada a pagar 78 milhões de dólares em reparações depois que um júri na Califórnia no ano passado chegou à conclusão de que seus produtos causaram câncer em um homem e a empresa não conseguiu alertar os clientes sobre os perigos de seu uso.

Um julgamento similar deve começar nesta semana, também na Califórnia.

As empresas disseram que décadas de uso e centenas de estudos apontaram que o glifosato não é cancerígeno.

A França e a Alemanha estão tentando reduzir o uso do produto químico.    Em um estudo publicado no início deste mês na revista Mutation Research, acadêmicos norte-americanos associaram a alta exposição a produtos à base de glifosato ao linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer no sangue.    Apesar de a agência ter definido o herbicida como não-cancerígeno, os analistas da Anvisa dizem que os riscos para a saúde permanecem para aqueles expostos à substância quando ela está sendo aplicada às plantações e sugeriram novos limites à exposição.

A Anvisa propôs uma ingestão máxima diária em limites de 0,5 miligramas por kg de massa corporal para a população geral e 0,1 miligramas para trabalhadores rurais que utilizam o químico. Anteriormente havia apenas limites de exposição crônica, sem limites diários.    A agência também recomenda o banimento de produtos vendidos com concentrações acima de 1 por cento do ingrediente ativo glifosato e a adoção de praticas de aplicação mais seguras para limitar a exposição.

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