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Syngenta enfrenta rivais com parceria e loja própria

A empresa abrirá três lojas em São Paulo: em Buri, Itapeva e Itaberá

16 set 2019 - 05h11
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A Syngenta estreia no varejo para fazer frente a fundos e empresas que têm assumido o controle de grandes distribuidoras de insumos agrícolas no País. Está abrindo lojas próprias e se une à cooperativa Cocamar, de Maringá (PR), para não perder espaço no setor - um risco após grande número de revendas trocarem de comando. Até então, o modelo era recorrer exclusivamente a uma quantidade enxuta de distribuidores, que garantiam prioridade aos produtos da marca. A estratégia também ajudará a expandir a atuação. Com a Cocamar, a Syngenta abrirá três lojas, todas em São Paulo: em Buri, Itapeva e Itaberá. "Primeiro tentamos levar um distribuidor nosso para uma nova região. Quando isso não é possível, buscamos uma revenda na área ou alguém interessado em atuar como tal. Foi o caso da Cocamar", conta André Savino, diretor de marketing da Syngenta. "Outra alternativa é abrir loja própria."

Bandeira própria. No início de setembro, a Syngenta abriu em Ijuí, no noroeste gaúcho, sua primeira loja própria de insumos, com a bandeira Atua Agro. Lá, oferece defensivos e sementes, fertilizantes e serviços. No mês que vem, vai inaugurar uma segunda loja, em Santa Maria (RS). Outras unidades próprias não necessariamente virão. "Se os distribuidores ficarem conosco, não há por que abrir mais", diz. O foco é a "reciprocidade": a revenda garante mais espaço a produtos Syngenta e, em troca, a companhia se limita a poucas revendas na região, restringindo assim a concorrência.

Novo paradigma. Um consultor reforça que pela primeira vez em 25 anos a mudança no mercado de insumos não é direcionada apenas pela indústria. Outros atores surgiram. Grandes fundos adquiriram distribuidoras e já comercializam mais de R$ 1 bilhão em produtos por ano. A indústria os vê como concorrentes e reage, com a abertura de redes próprias ou sociedades, como no caso da Syngenta. Há ainda as financeiras de tecnologia, as fintechs, que oferecem custos de crédito mais baixos para os canais de distribuição independentes e substituem os aportes feitos até agora pelas indústrias.

Aposta certa. O desenvolvimento de sementes de milho híbrido para a segunda safra do cereal, hoje a principal colheita do grão no País, alçou a marca Morgan, do grupo chinês LongPing High-Tech, à segunda posição no ranking nacional na safra 2018/19. Ela desbancou a Dekalb, da Bayer, mas segue atrás da Pioneer, da Corteva (ex-divisão agrícola da DowDuPont). Apenas em 2019, a Morgan está lançando quatro tipos de sementes de milho safrinha, resultado de pesquisas nos últimos seis anos. "Há grande demanda por soluções para novas pragas e doenças", conta Diogênes Panchioni, líder da marca Morgan.

Digital. Lançada há quatro meses, a plataforma de corretagem digital de insumos agrícolas AGD já atende clientes que somam 250 mil hectares, grande parte deles sojicultores, e espera alcançar 500 mil hectares até o fim do ano. Marcos Botelho, diretor de Operações e sócio da empresa, explica que AGD facilita a realização de orçamentos e a chegar a preços mais baratos. Nela, o produtor escolhe para qual produto quer cotação, de qual empresa e o sistema aponta a melhor opção. O produtor pode pagar à vista, na época da colheita, ou parcelado.

Na granja. É graças à pecuária que o Valor Bruto de Produção (VBP) agropecuária do País deve ficar estável em 2019. Conforme a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) antecipa à coluna, o VBP deve ser de R$ 605,46 bilhões, leve alta de 0,1% ante 2018. Com base nos preços recebidos pelo setor até agosto, o VBP da pecuária sobe 7,6%, de R$ 213,94 bilhões para R$ 230,18 bilhões. Já o valor da produção agrícola deve recuar 4%, de R$ 391,10 bilhões para R$ 371,28 bilhões.

Menos... A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) está sugerindo uma série de emendas à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Tributária, que tramita na Câmara dos Deputados. Entre as demandas dos ruralistas estão a simplificação na apuração e recolhimento de tributos, principalmente ao produtor pessoa física, a desoneração total das exportações e menos carga tributária incidente sobre a cadeia produtiva.

...tributos. A FPA defende também que o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), previsto na PEC para substituir outros cinco tributos, tenha aplicação limitada e seletiva sobre o produtor rural e não incida, por exemplo, em arrendamentos de terras. Nas emendas, os ruralistas pedem também a manutenção da carga tributária e um tratamento diferenciado e favorecido ao setor, como já ocorre para microempresas e cooperativas.

Acelera. Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano, vai ganhar, no dia 21, sua primeira aceleradora de startups, dedicada exclusivamente ao agronegócio: a Cyklo Aceleradora Agritech. Por trás da iniciativa estão 20 produtores e empresários que aportaram um total de R$ 5 milhões, além do CEO e sócio Pompeo Scola. A partir de outubro, conta ele, serão escolhidas dez startups com tecnologias para as demandas regionais. Cada uma receberá R$ 200 mil, além de orientação de empresas e treinamento por nove meses.

Estadão
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