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Setor de mineração defende que Brasil adote compromisso ambiental na COP-26

Entidade que representa as mineradoras lançou documento com propostas para o governo brasileiro para a conferência sobre mudanças climáticas da ONU

7 out 2021 - 21h06
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RIO - Um dos setores mais cobrados para entregar medidas socioambientais após duas tragédias na última década, a mineração lançou nesta quinta-feira, 7, um posicionamento para "contribuir com o governo brasileiro" nas negociações da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-26, marcada para Glasgow, na Escócia, em novembro deste ano.

Elaborado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) com suas empresas associadas, que representam 85% da produção mineral do País, o documento defende a necessidade de um mercado de carbono "robusto, creditício e regulado" para compensação de emissões. Também defende a regulamentação do artigo 6 do Acordo de Paris, que prevê um mercado de carbono global.

O posicionamento apoia ainda a mobilização e o incremento do financiamento climático, oriundo dos países desenvolvidos, para aplicação em pesquisa e desenvolvimento. Este tema deverá, inclusive, dar o tom da comitiva oficial brasileira na COP-26. O novo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, lembrou recentemente que o Acordo de Paris prevê US$ 100 bilhões em financiamento para projetos em países em desenvolvimento.

Chamado de "Posicionamento da Mineração sobre a Agenda de Mudança do Clima no Brasil", o documento foi lançado na cerimônia de encerramento da Exposibram, feira do setor. O posicionamento foi enviado aos ministérios de Minas e Energia, Meio Ambiente e Relações Exteriores. "Este posicionamento é contribuição setorial para o governo, que solicitou o documento com a visão do setor, para servir de subsídio para a COP-26", informa o Ibram, que congrega empresas como Vale, Anglo American, Samarco, Nexa Resources, entre outras.

Para Fabio Alperowitch, diretor da Fama Investimentos e pioneiro em questões de sustentabilidade no Brasil, o posicionamento divulgado deveria assumir responsabilidades, especialmente pelas emissões do Escopo 3 - as emissões indiretas que ocorrem na cadeia de valor da empresa. "O setor tem emissões de escopo enormes, por causa das siderúrgicas e da logística, bem diferente do perfil de outros setores", afirma.

Em setembro de 2019, o Ibram publicou uma carta comprometendo-se a realizar uma "profunda transformação" do setor em processo e técnicas. A carta foi lançada meses após o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da mina Córrego do Feijão, que deixou 272 mortos. Em novembro de 2015, a barragem de Fundão, em Mariana, deixou 9 mortos e causou o maior desastre ambiental do País.

Individualmente, as mineradoras têm suas iniciativas. A Vale anunciou em 2020 a meta de reduzir em 15% emissões de clientes e fornecedores até 2035. A companhia divulgou, inclusive, que vai investir US$ 185 milhões nos próximos dois anos para produzir um novo aglomerado de minério de ferro, chamado de "briquete verde", capaz de reduzir em 10% a emissão de GEE na produção de aço.

De acordo com o Ibram, o setor de mineração vai investir mais de US$ 6 bilhões para implantar projetos socioambientais, principalmente para reduzir emissões. Para organizar a agenda do setor, o Ibram fez uma parceria com a consultoria Falconi. Foram criados grupos de trabalho, divididos por temas da agenda ESG (sigla para meio ambiente, social e governança, em inglês), como água, energia, gestão de resíduos, inclusão, segurança de processos e mitigação de impactos ambientais.

Tito Martins, presidente da Nexa Resources (ex-Votorantim Metais), responsável pelo grupo de trabalho sobre água, disse que umas das metas é reduzir em 10% o consumo de água até 2030. "Água é um recurso essencial para seres vivos e também para mineração. Por isso, cabe ao setor reduzir o consumo e aumentar a recirculação de água", disse o executivo, durante a cerimônia de encerramento.

Estadão
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