Secretário do Tesouro dos EUA sinaliza possibilidade de conversa com Brasil sobre tarifa, diz Haddad
Segundo o ministro, diálogo deve acontecer após volta de Scott Bessent da Europa
BRASÍLIA - Às vésperas do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros vendidos aos Estados Unidos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira, 30, que a assessoria do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que existe uma possibilidade de uma nova conversa com o Brasil sobre as tarifas de 50%. O diálogo ocorreria após o retorno do secretário da Europa.
"Tenho tentado contato com ele, mas ele está na Europa, fechando acordos. A assessoria dele pediu um pouco de paciência em função das missões que ele está cumprindo lá", afirmou Haddad ao chegar à sede do ministério.
Em maio, o ministro da Fazenda esteve reunido com Bessent em Los Angeles, na Califórnia, para tratar das relações econômicas bilaterais entre os dois países. Agora, está prevista para entrar em vigor nesta sexta-feira, 1º, a tarifa de 50% prometida pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para todos os produtos brasileiros vendidos para o mercado americano. Até o momento, não há sinal de que esse movimento poderá ser revertido.
Trump viajou ao Reino Unido nesta semana para assinar um acordo comercial com o país. Ele também inaugurou um campo de golfe em uma propriedade sua na Escócia.
Haddad afirmou que as conversas com os Estados Unidos serão mantidas mesmo após a sexta-feira. "As conversas estão evoluindo e, na minha opinião, vão continuar evoluindo. Independentemente da decisão que foi tomada pelo governo dos EUA, ela não vai significar o fim, o término. É o começo, na minha opinião. É o começo de uma conversa", afirmou.
Plano de contingência
Haddad ressaltou que o governo só apresentará as ações para fazer frente ao tarifaço após saber efetivamente qual será a decisão dos EUA contra o Brasil.
"Esta semana foi uma semana melhor. E, se depender do Brasil, essa questão irá desaparecer", declarou, reafirmando que o problema foi gerado por pessoas "do próprio país", ao se referir a aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O governo tem ressaltado que a questão do Brasil é atípica, com contaminação política nas tratativas. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, falou abertamente que irá atrapalhar o processo de negociação. A comitiva de senadores brasileiros nos EUA chegou inclusive a evitar a divulgação de suas agendas com receio de embargo do deputado federal licenciado.
Nesta quarta, Haddad reforçou que o plano de contingência sairá após 1º de agosto, se for efetivada a tarifa proibitiva contra o Brasil. Ele declarou ainda que as conversas vão continuar independentemente do prazo limite de sexta-feira.