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Receio sobre intervenção política impulsiona dólar, mas BC ameniza pressão

22 fev 2021 - 18h03
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O dólar começou a semana em alta frente ao real, impulsionado pelo aumento do risco político depois de o presidente Jair Bolsonaro intervir na direção da Petrobras e falar em mudanças em outras companhias e setores, mas a moeda desacelerou os ganhos ao longo da tarde, após atuação do Banco Central e alguma melhora no exterior.

Notas de real e dólar
 REUTERS/Ricardo Moraes
Notas de real e dólar REUTERS/Ricardo Moraes
Foto: Reuters

O dólar spot subiu 1,31%, a 5,4551 reais na venda, nesta segunda-feira. A cotação variou entre 5,535 reais (+2,79%) --patamar alcançado imediatamente antes de o BC anunciar leilão de swap cambial-- e 5,4316 reais (+0,87%), por volta de 16h15.

No mercado futuro da B3, o dólar bateu 5,5350 reais, máxima desde 6 de novembro do ano passado.

Veja gráfico intradiário da taxa de câmbio dólar/real e do índice do dólar ante uma cesta de moedas de países desenvolvidos:

O estresse --que afetou ainda juros e bolsa-- já era esperado, depois de uma série de decisões e falas do presidente da República nos últimos dias.

Na sexta-feira, o presidente indicou o nome do general Joaquim Silva e Luna para assumir os cargos de conselheiro e presidente da Petrobras, após ruídos com o atual presidente da companhia, Roberto Castello Branco.

No sábado, Bolsonaro disse que nesta semana deve ocorrer uma nova substituição de autoridade e que vai "meter o dedo na energia elétrica". Nesta segunda, ele criticou a atual política de preços praticada pela petrolífera, que, segundo ele, deixa o mercado financeiro feliz e atende o interesse de alguns no Brasil.

O receio de agentes financeiros é que o governo possa estar dando início a uma guinada populista para estancar a queda de popularidade do presidente. A avaliação positiva do governo caiu para 32,9%, mostrou pesquisa CNT/MDA nesta segunda-feira, ao passo que a avaliação negativa subiu e totaliza agora 35,5%, superando o percentual dos que veem a gestão como ótima ou boa.

"Acreditamos que os ativos locais apresentarão um desempenho inferior no curto prazo. Com o dólar acima de 5,50 reais... poderemos ver uma continuação do movimento para cima", disse o Citi em nota.

Mas alguns analistas ponderaram que a piora do real pode ser limitada.

"Acho que, hoje, o mercado mais frágil é o de renda fixa. No caso do câmbio, em momentos de forte alta aparecem fluxos de exportação... as commodities estão em valorização e há expectativa de aumento de juros, enquanto no exterior há muita liquidez", disse Daniel Tatsumi, gestor de moedas da ACE Capital.

"O governo é reativo. Existe uma possibilidade de, vendo a reação dos mercados, o governo reveja algumas ações. O fato é que o mercado vai exigir entrega de algo relacionado ao fiscal", completou.

Em meio à repercussão do noticiário em torno da Petrobras, o relator da chamada PEC emergencial, senador Marcio Bittar (MDB-AC), apresentou parecer preliminar à proposta para permitir a concessão de um auxílio residual neste ano aos mais vulneráveis, mas sem previsão de valores para a prorrogação do auxílio.

Para outro gestor, devido à piora relativa do real, ao amplo descolamento da moeda ante seus pares nos últimos dois anos e à perspectiva de que expressivos fluxos de saída dos últimos meses (como os relacionados ao overhedge, por exemplo) possam não se repetir, o real pode sentir de forma diluída o baque.

"Acredito que uma piora muito grande do real contra moedas pares parece improvável", disse, acrescentando: "Paulo Guedes (ministro da Economia) prometeu várias coisas e não entregou. Já não sei mais se o mercado deveria piorar se ele saísse."

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