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Programador celebridade não acredita em criptomoedas de BCs e chama tokens de 'farsa'

O americano Jimmy Song descarta o fenômeno da tokenização da economia e defende apenas o Bitcoin como moeda descentralizada

23 dez 2022 - 14h59
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Celebridade no universo cripto e evangelista do Bitcoin, o programador americano Jimmy Song defende que moedas digitais não podem ter "donos" ou ser centralizadas. De acordo com ele, é uma questão de confiabilidade. A premissa vale para as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs, na sigla em inglês), uma tendência na economia. Somente neste ano, 56 países anunciaram que começaram a implementar suas CBDCs, incluindo Reino Unido e Japão. O Brasil deve ter o Real Digital em 2024. E se estende, claro, para as altcoins, como são chamadas as sucessoras do Bitcoin, caso da Ethereum e do Cardano, por exemplo.

Celebridade no universo cripto e evangelista do Bitcoin, o programador americano Jimmy Song defende que moedas digitais não podem ter “donos” ou ser centralizadas
Celebridade no universo cripto e evangelista do Bitcoin, o programador americano Jimmy Song defende que moedas digitais não podem ter “donos” ou ser centralizadas
Foto: Divulgação / Estadão

Pelo mesmo motivo, a tokenização de ativos também entra na lista de desconfianças de Song. "Se você está com um desses tokens, você está confiando na pessoa que o criou e controla", justifica o programador. "Se você possui Ethereum, você está confiando em Vitalik Buterin. Se você está segurando o Cardano, você está confiando em Charles Hoskinson e assim por diante. O único que não é assim é o Bitcoin."

Song participa do Bitcoin Core, software de código aberto para desenvolvedores da comunidade Bticoin. E diz que iniciativas como as CBDCs só vão acabar levando mais pessoas para o Bitcoin. Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista:

Bancos tradicionais e governos que estão procurando entrar no mundo das criptomoedas. Qual a avaliação do senhor?

Os bancos tradicionais que entram em cripto serão destruídos, assim como as exchanges (corretoras de criptomoedas) e outros que estão passando por problemas agora. Com os governos será a mesma coisa. Quem montar posições de Bitcoin e usar essa criptomoeda como uma tecnologia e reserva de valor vai se sair bem, inclusive os governos.

Como o senhor vê iniciativas como a do Brasil, onde o Banco Central está desenvolvendo sua própria moeda digital?

Acho que as CBDCs (moedas digitais de bancos centrais, na tradução livre do termo em inglês) vão levar as pessoas mais para o Bitcoin. Não acredito em nenhuma das outras moedas porque elas não são diferentes. Todas são controladas centralmente, assim como o real brasileiro ou o peso argentino ou qualquer outra. Acho que o que vai acontecer com as CDBCs é que elas serão vistas como o tipo de ferramenta de vigilância que são - e darão ao governo controle sobre tudo. E as pessoas não vão gostar disso. Elas vão querer ter sua própria soberania. Bitcoin será a principal moeda. Já se vê isso em muitos países da América Latina, onde as pessoas usam dólares em vez de sua própria moeda oficial. Apenas digitalizar, não vai resolver muito. O que as pessoas não percebem é que, ao usar o dólar, você está confiando no Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Se você olhar para os últimos dez anos, o poder de compra do dólar caiu significativamente. Sua própria moeda está derretendo como cubo de gelo, assim como o dólar. A única coisa que não funciona assim é o Bitcoin. Por isso, acho que é inevitável que as pessoas fluam para o Bitcoin, mesmo quando as CDBCs se tornarem populares.

Qual é o futuro, a tokenização da economia?

Acho que os tokens são uma farsa e isso está sendo mostrado agora. Com os tokens, você tem de confiar no controlador central dele. E vimos isso com a FTX (segunda maior corretora de criptomoedas do mundo, que entrou em falência recentemente). Não apenas as pessoas que tinham conta na FTX se deram mal, mas também as que detinham o token FTX, emitido por Sam Bankman-Fried (fundador da corretora). Se você está com um desses tokens, você está confiando na pessoa que o criou e controla. Se você possui Ethereum, você está confiando em Vitalik Buterin. Se você está segurando o Cardano, você está confiando em Charles Hoskinson e assim por diante. O único que não é assim é o Bitcoin. Quanto mais desastres desse tipo houver no espaço de tokenização, melhor será porque as pessoas aprenderão a lição. Podem perder algum dinheiro, mas, em última análise, isso lhes levará a melhores decisões no futuro. O token beneficia apenas as pessoas que o criam. Isso é o que eu penso de todas as moedas. Claro, as pessoas que podem emitir os tokens adoram e têm todos esses incentivos para exagerar e dizer: 'Oh, vamos tokenizar essa indústria'. Estou nesta indústria há 11 anos e todas essas altcoins prometem a você a lua e nenhuma delas faz nada. São castelos de areia.

O senhor costuma declarar ser contra a regulamentação do Bitcoin, por qual motivo?

Não acho que a regulamentação seja necessária para nada, na verdade. Sou um libertário. Então, geralmente desaprovo a regulamentação que tende a favorecer as empresas que já estão no poder e não as iniciantes ou as pessoas que estão tentando entrar. Isso (a regulação) prejudica a inovação, em geral. O problema é que os mercados tendem a descobrir as coisas. As altcoins (outras criptomoedas que não o Bitcoin), serão regulamentadas após o caso FTX. Muitas pessoas perderam dinheiro e altcoins com falhas centrais desaparecerão do mercado. Já o Bitcoin continuará performando bem, pois é realmente descentralizado. Então, realmente não acho que a regulamentação do Bitcoin seja necessária.

O que falta para o Bitcoin fazer parte do dia a dia do consumidor?

Os comerciantes vão passar a receber Bitcoin quando estiverem cansados de serem prejudicados pelos bancos centrais, incluindo o Fed. Eles não parecem entender que o dólar está perdendo muito valor, especialmente nos últimos três anos. Assim que eles perceberem isso, acho que a demanda dos comerciantes (por Bitcoin) começará a aumentar. Estive em vários eventos sobre Bitcoin pelo mundo e eu consegui pagar por qualquer coisa com ele. Quanto tempo vai levar para ser a moeda principal, não sei, mas acho que é inevitável, só uma questão de tempo. Não me surpreenderia, por exemplo, que bandeiras de cartão de crédito, que já suportam muitas moedas diferentes, adicionem Bitcoin. (Reportagem de Beatriz Capirazi, Paulo Renato Nepomuceno e Letícia Araújo)

Expediente

Reportagem I Alunos da 12ª turma do Curso Estadão de Jornalismo Econômico: Adrielle Farias, Alex Braga, Ana Clara Praxedes, Ana Luiza Serrão, Ana Ritti, Beatriz Capirazi, Carolina Maingué Pires, Davi Valadares, Erick Souza, Fernanda Paixão, Gabriel Tassi, Guilherme Naldis, Jean Mendes, Jennifer Neves, Lara Castelo, Letícia Araújo, Luiz Araújo, Maria Clara Andrade, Maria Lígia Barros, Paulo Renato Nepomuceno, Pedro Pligher, Rebecca Crepaldi, Renata Leite e Zeca Ferreira Edição e coordenação I Carla Miranda e Luana Pavani

Estadão
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