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Produção industrial recua 0,1% no quarto trimestre e fecha 2024 com alta de 3,1%

Perda de dinamismo se deve à redução nos níveis de confiança das famílias e dos empresários, sob impacto da alta dos juros; desvalorização do real e aceleração da inflação também influenciaram

5 fev 2025 - 12h21
(atualizado às 14h56)
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RIO - A indústria brasileira encerrou o ano passado com o pé no freio. A produção recuou 0,3% em dezembro ante novembro, o terceiro resultado negativo consecutivo. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados nesta quarta-feira, 5, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Uma sequência de três quedas na produção não era vista desde 2021. Porém, a perda foi bem mais amena do que a queda mediana de 1,2% prevista por analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast. No quarto trimestre, a produção teve ligeiro recuo de 0,1% ante o trimestre imediatamente anterior. No ano de 2024, a indústria registrou uma expansão de 3,1%.

O resultado melhor que o esperado em dezembro fez o banco Santander Brasil aumentar sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre, de uma alta de 0,4% para 0,5%, informou o economista do banco Gabriel Couto.

"No geral, o resultado reforça o nosso cenário de desaceleração gradual da atividade econômica nos próximos meses, com contribuições positivas de segmentos não cíclicos, como a agricultura", afirmou Couto.

O economista Pedro Crispim, da gestora de recursos da G5 Partners, considera que há cada vez mais indícios de uma eventual desaceleração da economia, mas concorda com a avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) de que é preciso cautela para firmar uma leitura categórica sobre o comportamento da atividade econômica.

Para ele, é preciso esperar um conjunto mais amplo de dados que ainda serão divulgados, sobretudo os referentes ao primeiro trimestre de 2025, para cravar a avaliação sobre o comportamento da atividade.

"O debate do Copom sobre a desaceleração econômica é uma preocupação legítima", afirmou Crispim.

A perda de dinamismo da indústria na reta final de 2024 tem relação com a redução nos níveis de confiança das famílias e dos empresários, impactados pelo atual ciclo de aperto na política monetária, que tem elevado sucessivamente a taxa básica de juros, apontou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE. Há influência negativa também da desvalorização do real ante o dólar e da aceleração da inflação, especialmente a de alimentos, enumerou Macedo.

"Esse contexto ajuda a entender essa perda de intensidade que o setor industrial mostra nos últimos meses de 2024?, justificou o pesquisador do IBGE.

Macedo pondera que o efeito da política monetária mais restritiva "não se dá de modo direto" e imediato sobre a cadeia produtiva, mas já afetou sim os níveis de confiança, além de influenciar as decisões de investimentos, de produção e de consumo.

Apesar do menor ritmo na produção dos últimos meses, o saldo final da produção em 2024 foi robusto, com crescimento considerável em relação a 2023, avaliou André Macedo. O desempenho anual foi o melhor desde 2021, quando houve uma recuperação do choque da pandemia de covid-19.

"Isso contrasta com essa leitura do final do ano de 2024, com essa perda de intensidade", disse Macedo. "O ponto mais elevado da produção no ano de 2024 foi alcançado no mês de junho", completou.

Emprego e consumo moveram a indústria em 2024

Macedo diz que o crescimento do setor industrial em 2024 foi impulsionado pelo aquecimento do mercado de trabalho, com redução no desemprego, maior número de pessoas trabalhando e aumento na massa de salários em circulação na economia. O cenário favorável levou a um aumento no consumo das famílias, beneficiado por medidas de estímulos fiscais, alta na renda e maior concessão de crédito.

"Ao longo do ano, a indústria consolidou um processo de recuperação, com a produção do setor tendo sido puxada, em maior medida, pelos setores produtores de bens de consumo duráveis e de bens de capital", apontou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

No entanto, a entidade espera que a tendência de acomodação observada ao fim de 2024 se intensifique ao longo de 2025, sob impacto do aperto monetário, menor impulso fiscal e ambiente externo mais desafiador.

"Diante do conjunto de informações disponíveis até o momento, a Fiesp espera que a produção industrial cresça 1,3% em 2025?, projetou.

Quais foram os motores de crescimento

O crescimento na produção industrial em 2024 foi disseminado, com expansão nas quatro grandes categorias econômicas e em 20 dos 25 ramos industriais pesquisados. As principais influências positivas para a média total da indústria partiram de veículos automotores (12,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (14,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12,2%), produtos alimentícios (1,5%) e produtos químicos (3,3%).

Entre as categorias de uso, os destaques foram os avanços em bens de consumo duráveis (10,6%) e bens de capital (9,1%), embora também tenham crescido os bens intermediários (2,5%) e os bens de consumo semiduráveis e não duráveis (2,4%).

Macedo explica que os bens de capital e os bens duráveis se beneficiaram da conjuntura econômica positiva ao longo de 2024, uma vez que a reversão desse cenário favorável ocorreu apenas nos últimos meses do ano. Além disso, ele ressalta que os bens de capital vinham ainda de uma base de comparação baixa, pois recuaram 11,7% em 2023.

"A base de comparação é um fator importante. É um crescimento que se dá sobre essa base de comparação muito depreciada", ponderou.

Estadão
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