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Preços de fertilizantes chegam a subir mais de 100% e elevam custos de agricultores

Mesmo com os aumentos, projeções são de que as margens para os produtores continuam altas, por conta dos preços das commodities agrícolas

27 set 2021 - 23h45
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SÃO PAULO - Com os preços de milho e soja ainda acima da média histórica, a expectativa é de que as margens de lucro dos produtores para a próxima safra de grãos sejam positivas, porém menores do que foram no passado recente. Isso por causa da elevação de custos.

O fertilizante, que é o item que mais pesa e chega a responder por até um terço do custo operacional da soja e do milho, subiu mais de 100% de janeiro a agosto. Pressionado pelo câmbio, aumento do frete internacional e pela escassez de matéria-prima, o preço do cloreto de potássio, por exemplo, aumentou 140%, o fosfato monoamônico (MAP) ficou 90% mais caro e a ureia teve reajuste de 60% neste ano.

"O gasto com os fertilizantes mais usados aumentou o custo operacional em até 35% nas principais regiões produtoras", diz Natália Fernandes, coordenadora do Núcleo de Inteligência de Mercado da Confederação Nacional de Agricultura (CNA). Ela ressalta que esse aumento é bem significativo e que não há indicações de que o preço do fertilizante vá recuar.

O preço do glifosato, um herbicida muito usado na soja, subiu 46% de janeiro a agosto, observa Natália, acrescentando o impacto da alta de custos do diesel e da energia elétrica, especialmente para o produtor que faz uso de irrigação. Essas altas de custos, claro, também devem se refletir nos preços para o consumidor.

"A despeito desse aumento de custos, a nossa expectativa é que as margens ainda sejam boas em 2022, porém não tão boas quanto foram no passado", afirma Guilherme Bellotti, gerente da consultoria Agro no Itaú BBA.

Já o economista Fábio Silveira, sócio da consultoria MacroSector, faz uma avaliação diferente. Segundo ele, o risco de haver uma redução drástica na rentabilidade na produção de grãos ou mesmo a ocorrência de rentabilidade negativa aumentou muito para a próxima safra.

Com preços desacelerando no mercado internacional, elevação de custos e riscos como de falta de água e de energia elétrica, ele acredita que a rentabilidade da próxima safra possa não ser suficiente para aguentar um outro ciclo de volatilidade das cotações dos grãos que se desenha pela frente no mercado externo.

Com a retirada dos estímulos fiscais e alta de juros nos Estados Unidos que devem ocorrer nos próximos meses, fatores que impactam diretamente os preços de commodities, o produtor pode ficar numa situação complicada, na opinião do economista. "O leque de risco para o agronegócio em 2022 é bem maior do que foi em 2021, e a gordura que o setor juntou nos últimos anos talvez tenha de ser gasta no ano que vem."

Procuradas, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) e a CropLife, que reúne fabricantes de defensivos e sementes, não se manifestaram.

Estadão
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