México aprova aumento de tarifas sobre Brasil, China e outros sete países
São afetados os setores automotivo, têxtil, de eletrodomésticos, entre outros. Produtos chineses são os principais afetados
O Congresso mexicano aprovou nesta quarta-feira, 10, um aumento de pelo menos 35% nas tarifas de importação de 1,4 mil produtos de 12 países com os quais não possui acordos comerciais, entre eles o Brasil e a China, o principal afetado. A expectativa é que as novas tarifas entrem em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026.
O Senado aprovou a medida na noite de hoje, seguindo a Câmara dos Deputados, que já havia aprovado os aumentos durante a madrugada. O partido da presidente Claudia Sheinbaum, que afirmou que as tarifas eram necessárias para impulsionar a produção nacional, controla ambas as casas. O Senado aprovou o projeto de lei com 76 votos a favor, cinco contra e 35 abstenções.
Além de Brasil e China, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Rússia, Tailândia, Turquia e Taiwan também foram taxados.
Serão modificadas 1.463 classificações tarifárias em produtos dos setores automotivo, têxtil, de vestuário, plásticos, eletrodomésticos e calçados, entre outros.
A nova medida afeta, principalmente, produtos chineses. O México importou US$ 130 bilhões em produtos do país em 2024, ficando atrás apenas das importações dos Estados Unidos. O governo chinês criticou duramente o aumento das tarifas proposto quando a proposta foi anunciada em setembro.
Ao todo, 35 senadores se abstiveram da votação, argumentando que o projeto de lei foi elaborado às pressas, sem analisar seu impacto sobre a inflação, e em resposta à pressão do presidente Donald Trump.
Em defesa da reforma, os legisladores do partido governista enfatizaram que ela busca fortalecer o setor industrial mexicano, promover a criação de empregos e expandir as cadeias de suprimentos.
Pressão americana
Sheinbaum apresentou a proposta em setembro passado, em meio à crescente pressão comercial de Trump e às acusações de que o México é a porta de entrada para produtos chineses nos Estados Unidos.
O México, juntamente com o Canadá, se prepara para negociar a renovação do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (USMCA) com os Estados Unidos, enfrentando novas exigências da Casa Branca.
"Essas tarifas coincidem com uma onda de restrições comerciais nos Estados Unidos, e isso levanta uma questão central: o México está definindo sua própria política comercial ou está reagindo a Washington, ou pior, obedecendo a ela?", questionou Mario Humberto Vázquez, do partido de oposição PAN.
Sheinbaum rejeitou as críticas argumentando que a medida se enquadra no chamado Plano México, um projeto lançado por ela para fortalecer o mercado interno, reduzir a dependência de importações de terceiros países e gerar uma maior proporção de conteúdo nacional.
Após o anúncio da reforma em setembro, a China alertou que se opunha a qualquer "coerção" para impor restrições às suas exportações e anunciou que estava estudando medidas retaliatórias.
O governo de Sheinbaum propôs um "grupo de trabalho" ao gigante asiático para tratar da iniciativa, embora poucos detalhes do diálogo tenham sido divulgados. /AP e AFP