Loja de artigos esportivos On, que tem Federer como investidor, terá 1ª unidade no País; saiba onde
Empresa suíça de roupas e acessórios para esportistas ganhou popularidade no Brasil devido ao tenista João Fonseca, usuário de tênis da marca
A primeira unidade brasileira da loja de artigos esportivos On será aberta no Shopping Iguatemi JK, em São Paulo. O contrato acabou de ser fechado, conforme anúncio feito nesta terça-feira, 11, pelo acionista da família controladora da Iguatemi, Carlos Jereissati, durante reunião anual pública com investidores e analistas. "A primeira On no Brasil será no JK", disse, sem adiantar mais detalhes.
A On é uma empresa suíça de tênis, roupas e acessórios para esportistas, que tem o tenista Roger Federer como investidor e divulgador. Por aqui, ela ganhou popularidade por causa do tenista João Fonseca, usuário de tênis da marca. Aos poucos, os tênis ganharam a simpatia de maratonistas e atletas, até chegar ao centro financeiro da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo. A maioria dos tênis da On sai na faixa de R$ 750 a R$ 1,8 mil em seu site.
Jereissati disse que a Iguatemi busca constantemente conhecer as tendências de consumo para trazer inovação à rede de shoppings. Ele destacou que a companhia tem uma área de pesquisa (separada do departamento comercial) que analisa transformações nos hábitos de consumo, modelos de produtos e serviços, com vistas a absorver essas novidades.
Ao longo deste ano, foram abertas as primeiras lojas de roupas da marca californiana Alo no Brasil, com duas unidades. Outro exemplo foi a joalheria Tiffany, com sua primeira flagship da América do Sul.
O acionista ressaltou ainda que a estratégia do grupo é fortalecer o portfólio, via compra de shoppings de primeira linha e ganho de escala, o que favorece a negociação para atração dos lojistas e expansão no País.
Mais recentemente, a companhia abriu a primeira unidade da rede de fast fashion sueca H&M no País, situada no Iguatemi Faria Lima. "Foi um absoluto sucesso e mexeu no fluxo de visitas ao empreendimento", apontou Jereissati. No ano que vem, serão mais quatro unidades da H&M, sendo duas delas em Porto Alegre (shoppings Iguatemi e Praia de Belas), uma no Rio de Janeiro (RioSul) e uma em Sorocaba, no interior de São Paulo (Esplanada). "Temos escala, sinergia e premiamos os lojistas de boa qualidade", enfatizou Jereissati.
Outra novidade do grupo será a abertura de um supermercado Záffari no Praia no Shopping Belas, em Porto Alegre. O Záffari ficará numa área relevante do empreendimento, de onde saiu uma grande varejista há cerca de três meses.
Jereissati reiterou o foco no público de alto poder aquisitivo. O acionista lembrou que na década passada houve pressão de investidores para que a companhia expandisse sua atuação também para o público de classe média, na esteira do crescimento da economia brasileira. Ele ponderou, entretanto, que o foco no seu campo de atuação foi mantido. "Sempre nos pautamos pela estratégia de execução de longo prazo", enfatizou Jereissati.
Durante a apresentação desta terça, a direção ressaltou que o mercado de lucro cresce a um ritmo duas vezes maior que o da economia brasileira como um todo, além de contar com consumidores mais resilientes a crises.
Iguatemi Faria Lima
A Iguatemi está trabalhando na criação de um terraço para o shopping mais antigo do seu portfólio e do País, o Iguatemi Faria Lima. O rooftop terá sete restaurantes, três cafés, sete lojas e espaço de eventos, numa área verde e ao ar livre, com vista para os jardins da vizinhança no entorno.
"Vamos transformar o último andar em um grande espaço aberto, uma praça, um point importante", disse Carlos Jereissati.
As obras começaram no ano passado e envolveram expansão da área comercial, mudança de lojas e abertura de um teatro. O rooftop é a última etapa do remodelamento do shopping e tem a entrega prevista para 2026, quando o empreendimento completará 60 anos.
Com as mudanças estruturais, o grupo busca revitalizar o shopping. Isso envolveu também a atração de flagships — lojas que servem de referências para suas redes. A mais importante foi a inauguração da primeira flagship da Tifanny na América Latina. A joalheria já estava no shopping, numa área frontal. Após a mudança, ganhou um espaço maior no miolo do empreendimento.
Endividamento
O acionista da família controladora da Iguatemi Pedro Jereissati afirmou que a estratégia de destinação de capital da companhia é baseada em dois pilares: fortalecimento da rede de shoppings junto a consumidores e lojistas, bem como a manutenção do endividamento sob controle.
"O Brasil é um País muito volátil. Sempre tivemos postura cautelosa com endividamento", ressaltou, durante reunião anual pública com investidores e analistas. "Não dá para contar que o Brasil terá o melhor momento, pois as coisas mudam a cada dois anos", emendou, citando-se alterações na política econômica e fiscal.
Jereissati citou que uma das diretrizes do grupo controlador é não abrir mão de ter uma companhia sólida em sua estrutura de capital e geradora de caixa. Essa diretriz foi mantida mesmo no ciclo de aquisições de participações realizadas nos últimos dois anos, quando a Iguatemi adquiriu participações relevantes em três shoppings de ponta: RioSul, Higienópolis e Pátio Paulista.
A oportunidade de aquisição de ativos de primeira linha é rara, e o grupo não quis desperdiçar, mas não podia arcar sozinho com o negócio. As transações movimentaram R$ 3,7 bilhões ao todo e foram realizadas com parceiros, como fundos, sócios e outros investidores. "Não tínhamos capacidade nem vontade de comprar os três shoppings sozinhos. A ordem era crescer, mas sem alavancar muito, nem mexer com dividendos", frisou Jereissati.
Ele citou que o desembolso líquido da companhia nessas aquisições foi de R$ 300 milhões na operação de R$ 3,7 bilhões. "Comprometemos apenas um trimestre de geração de caixa operacional" disse. "Isso mostra que tivemos capacidade de articulação e execução".
Pela frente, Jereissati reiterou que o foco da companhia está nos projetos de expansão dos shoppings, como os projetos já anunciados do Iguatemi Faria Lima, Brasília e Market Place. Em relação a novas aquisições, minimizou essa possibilidade para o curto prazo. "Já fizemos operações muito relevantes M&A e não temos nada no radar para agora", comentou.