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Indústria de brinquedos cresce 3,8% em 2023, mesmo com baque da Americanas

Faturamento ficou em R$ 9,465 bilhões no ano passado, segundo associação dos fabricantes; acusada pelo setor de causar prejuízo de R$ 500 milhões, Americanas não quis comentar o assunto

2 mar 2024 - 00h11
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O faturamento da indústria brasileira de brinquedos cresceu 3,81% em 2023 ante 2022, para R$ 9,465 bilhões, segundo informações da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq). Para 2024, a entidade espera um avanço de 4%, para algo em torno de R$ 9,8 bilhões.

"Na verdade, 2023 ficou dentro do razoável porque nós tivemos o 'tapa na cara', a recuperação judicial das Lojas Americanas, que deu um prejuízo para nós (para as indústrias de brinquedos) de R$ 500 milhões", disse o presidente da Abrinq, Synésio Costa. Ele acrescenta que a alta taxa de juros também pressionou as vendas. "E acabamos não vendendo tudo o que esperávamos porque havia muito estoque ainda nas lojas no final de 2022?, ressaltou.

Procurada, a Americanas não quis comentar a declaração.

A previsão de crescimento para 2024, segundo ele, é baseada nos estoques "muito baixos" das lojas e no recuo das importações, que, no ano passado, caíram, 19%. "Estamos lançando 1,3 mil brinquedos novos na feira", declarou o executivo, referindo-se à Abrin, feira da indústria que vai ocorrer de 3 a 6 de março no Expo Center Norte, em São Paulo.

A associação informou também que o número de empregos no setor subiu de 37.650 em 2022 para 40.131 em 2023. Os cinco últimos meses de 2023 concentraram 61% das vendas da indústria. O período inclui datas importante para a atividade, como o Dia das Crianças e o Natal.

O Dia das Crianças é a principal data de vendas para o segmento, e Costa acredita num movimento forte e, 2024. "O brinquedo é o único produto que tem um dia só dele", destacou. "A Semana da Criança representa de 35% a 36% das vendas do ano", observou.

Lideraram as vendas de brinquedos em 2023 os veículos (carrinhos, motos e pistas), com 16,9%, seguidos de esportivos (patins, patinetes e triciclos), com 15%, jogos e bonecas, ambos com 13,1%, e reprodução do mundo real (11,1%). O Estado de São Paulo foi o principal em vendas, com 37,6%. Depois vêm Santa Catarina (7,8%), Minas Gerais (7,1%), Paraná (6,6%) e Rio de Janeiro (5,9%).

Fatia de mercado

Segundo a Abrinq, o melhor ano para o setor de brinquedos em tempos recentes foi 2021, quando o faturamento da indústria avançou 14%. Isso ocorreu por fatores específicos. "A pandemia, logo no começo, de 2020 para 2021, permitiu que o (setor no) Brasil crescesse. Por exemplo, aquele navio que fechou o Canal de Suez (o cargueiro Ever Given, em março de 2021) impediu que milhares de contêineres chegassem por todos os lados, inclusive no Brasil. E aí os brinquedos (importados) não puderam chegar, então as lojas tiveram que comprar brinquedo no Brasil. Isso impulsionou um crescimento grande na indústria nacional e uma retomada de share (participação no mercado)", afirmou Costa.

Os brinquedos importados, principalmente da Ásia, são uma das principais dores de cabeça para a indústria nacional há décadas, e o Brasil já recorreu a salvaguardas contra produtos de fora. Os itens nacionais respondem por 45% a 46% do mercado, segundo Costa.

"A China tem mudado toda a produção de brinquedos para o Vietnã e outros países, onde ainda é mais barato, e o custo do Brasil não abaixa, o governo só quer mais dinheiro, então a gente acha que vai ter problemas com o preço do brinquedo no Brasil, em decorrência do chamado 'custo Brasil'", concluiu o executivo.

De acordo com Costa, a indústria nacional trabalha para chegar a uma participação de 50% a 55% do mercado em 2024. "Não é fácil o enfrentamento com os preços chineses", disse.

Apesar dos problemas apontados pelo presidente da Abrinq, o desempenho positivo da atividade no Brasil em 2023 se contrapôs ao da indústria mundial de brinquedos que, segundo reportagem do jornal norte-americano Wall Street Journal, viu as vendas caírem 7% no ano passado. Nos Estados Unidos, o faturamento do setor recuou 2% sobre 2022, para US$ 21,2 bilhões.

Estadão
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