Haddad defende fundo que pode levantar US$ 125 bi para proteger florestas; veja como vai funcionar
Iniciativa brasileira, o Fundo para "Floresta em Pé" é uma das prioridades do governo na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou que uma das prioridades do governo brasileiro na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) é garantir o compromisso entre os países para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), informalmente mencionado como Fundo para "Floresta em Pé". Ele concedeu entrevista ao programa Cidades e Soluções, da GloboNews, que vai ao ar neste sábado, às 21h30.
O mecanismo, que será lançado na COP30, em Belém (PA), prevê captação de US$ 125 bilhões no mercado internacional. Além da meta de garantir recursos para conservação florestal, este Fundo prevê uma espécie de "prêmio" para os países que detém "floresta tropical em pé". Ou seja, pagar um valor por hectare de floresta protegida.
"A ideia é criar um fundo de investimento que remunera os investidores no piso, na menor taxa, mas empresta para vários projetos de transformação ecológica, para países com todo tipo de restrição orçamentária, mas com as cautelas devidas do ponto de vista de garantias", explicou Fernando Haddad.
A novidade permite a investidores recuperar seus recursos emprestados, com remuneração compatível com as taxas normais de mercado, ao mesmo tempo em que também possam contribuir para a preservação florestal e a redução de emissões de carbono.
O "bônus" que será compartilhado com os países que protegem suas florestas virá da diferença entre o rendimento do fundo e a dívida com os credores. "A diferença do juro que paga para o investidor e o que cobra do tomador gera um fluxo de receita que seria distribuído entre os países que detêm florestas tropicais com a única e exclusiva função de mantê-las de pé", declarou Haddad.
Iniciativa brasileira para as florestas
O TFFF, iniciativa brasileira, busca estimular a demanda pelos chamados títulos de dívida sustentáveis. O fundo não concorre com o mercado de créditos de carbono. A ideia é atuar de forma complementar. Esse modelo tem sido citado nos comunicados oficiais do presidente da COP30, André Corrêa do Lago, como uma "inovação". Ele aponta que o financiamento de florestas já tem mecanismos formais estabelecidos em outras dimensões, mas faltava o estabelecimento para o tema da conservação.
O REDD+, por exemplo, que significa "Redução de Emissões decorrentes do Desmatamento e da Degradação Florestal", foi criado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). O Fundo Amazônia vem de um desdobramento desse mecanismo.
A ideia do Brasil com o TFFF é a formação de uma estrutura de financiamento para conservação das florestas, ou "resolver um problema ainda não resolvido", na avaliação do presidente da COP30. O ministro Fernando Haddad ressaltou que o Brasil vai "trabalhar para sair de Belém com um compromisso firmado" sobre o tema.
