Guerra comercial deve ter novos capítulos e possivelmente quadro irá mudar, diz Haddad
Ministro da Fazenda acredita que confronto entre EUA e China vai se acomodar; briga pode desorganizar cadeias produtivas
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 23, não ver risco de recessão no Brasil e avaliou que a guerra comercial travada entre os Estados Unidos e a China vai se acomodar. Para Haddad, é difícil acreditar que as tarifas impostas mutuamente entre os dois países vão se manter.
"Desorganizaria demais as cadeias produtivas globais, muito grande o que está acontecendo para ficar onde está. Minha expectativa, do ponto de vista pessoal, é que vamos ter novos capítulos desse confronto nas próximas semanas e possivelmente o quadro vai mudar, antes disso é difícil prever o que vai acontecer com a economia mundial", disse Haddad no CNN Talks, evento promovido pela CNN Brasil.
O ministro disse ainda que o quadro da economia global vai depender dos desdobramentos da guerra comercial, que pode ter efeitos deletérios, afetando todos os países em alguma medida. Mas, para o ministro, a "novela" ainda vai se arrastar por algum tempo.
No Brasil, Haddad mantém a projeção de crescimento da economia de em torno de 2,5% neste ano. Ele lembrou que o Brasil cresce atualmente, mesmo que menos que em relação aos últimos dois anos, o que acontece em parte para corrigir a rota inflacionária.
"Até porque há correção em função da inflação, em parte decorrente da desvalorização cambial pelo que passou países da América Latina", disse. "Às vezes tem de dar uma acomodada nisso para não deixar inflação se retroalimentar, tomar medidas necessárias para colocar a inflação na meta. Mas não vai comprometer a projeção de crescimento da economia feita pela Fazenda, na casa de 2,5%", disse.
