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Guedes admite que PIB veio abaixo do esperado, mas diz que economia está 'realmente voltando'

Para o Ministro da Economia, o desempenho ainda sinaliza uma retomada forte da atividade após o pior momento da pandemia de covid-19

3 dez 2020 - 11h14
(atualizado às 14h05)
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BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu nesta quinta-feira, 3, que o crescimento de 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre ante o trimestre anterior ficou um pouco abaixo do que o governo esperava, mas afirmou que o desempenho ainda sinaliza uma retomada forte da atividade após o pior momento da pandemia de covid-19.

"É a economia voltando, está voltando em 'V' como sempre dissemos. Houve revisões de trimestres anteriores, e por isso o resultado veio um pouco abaixo do esperado, mas o fato é que a economia está voltando em 'V', realmente está voltando", afirmou, ao chegar à sede da pasta.

O resultado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) veio abaixo das estimativas de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, de avanço de 8,80%. O Ministério da Economia projetava expansão de 8,3% no terceiro trimestre em relação ao período anterior.

Embora seja mais forte do que o esperado no início da crise, a retomada ainda é insuficiente para recuperar as perdas do primeiro semestre. Tanto que o PIB registrou queda de 3,9% na comparação com igual período de 2019. A retração do PIB em 2020 deverá ficar em 4,50%, conforme pesquisa do Projeções Broadcast feita antes da divulgação dos dados do IBGE. Ainda que menor do que as primeiras projeções, feitas quando a covid-19 se abateu sobre a economia, se confirmada, será a maior queda anual da história - a mais intensa até hoje foi registrada em 1990 (-4,35%), na série histórica iniciada em 1901.

'Escudo social' deve ser desarmado, diz Economia

No mesmo dia de divulgação do PIB que mostra o impacto do auxílio emergencial para a retomada da economia, em nota técnica enviada à imprensa, o Ministério da Economia afirmou que "o escudo de políticas sociais criado para amenizar o sofrimento econômico e social causados pela pandemia deve ser desarmado, dando espaço para a agenda de reformas estruturais e consolidação fiscal - único meio para que a recuperação se mantenha pujante."

O comentário reforça a postura da área econômica do governo nos últimos meses, que tem defendido o fim dos programas de auxílio no encerramento de dezembro, para evitar pressão maior sobre a área fiscal em 2021. A visão é de que, com a eventual extensão de alguns programas, o Brasil pode passar a mensagem errada aos investidores e elevar o risco fiscal.

"O fraco crescimento do PIB nos últimos anos é uma consequência da baixa produtividade, fruto da má alocação de recursos na economia brasileira", registrou o Ministério da Economia na nota. "Desta forma, o único caminho que poderá gerar a elevação do bem-estar dos brasileiros serão medidas que consolidem o lado fiscal de nossa economia e corrijam a má alocação de recursos, aumentem a produtividade e incentivem a expansão do setor privado."

Ao avaliar a alta de 7,7% do PIB no terceiro trimestre, o ministério afirmou que "a forte recuperação da atividade, do emprego formal e do crédito neste semestre pavimentam o caminho para que a economia brasileira continue avançando no primeiro semestre de 2021 sem a necessidade de auxílios governamentais". Para a pasta, "a retomada da atividade e do emprego, que ocorreu nos últimos meses, compensará a redução dos auxílios".

O ministério pontuou ainda, na nota técnica, que "outro fator positivo será a melhora das condições financeiras que continuarão impulsionando a atividade, principalmente com a retomada da agenda de reformas". Conforme o ministério, a elevação da taxa de poupança no terceiro trimestre de 2020 - para 17,3% do PIB, no maior valor para o período desde 2013 - "sinaliza que a trajetória de consumo será suavizada no começo de 2021 sem a necessidade de novos auxílios governamentais". "Além disso, esses dados sinalizam que a economia brasileira vai ganhando tração para manter a retomada econômica em 2021", acrescentou.

"Os indicadores coincidentes sugerem manutenção da tendência de crescimento do PIB para os últimos meses deste ano, confirmando a expectativa de crescimento elevado no segundo semestre de 2020", registrou a Pasta. Para o ministério, a indústria e o comércio foram os "principais motores" para a atividade no terceiro trimestre. Já o setor de serviços deverá apresentar maior contribuição para a alta do PIB no quarto trimestre de 2021.

Estadão
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