Galípolo diz que BC tem 'tudo documentado' e está 'à disposição' do STF para falar do Banco Master
O presidente do Banco Central disse que tudo sobre o caso foi arquivado e será enviado ao Supremo
BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira, 18, que está "à disposição' do Supremo Tribunal Federal (STF), para prestar esclarecimentos sobre a liquidação do Banco Master. Segundo Galípolo, o BC tomou o cuidado de deixar tudo documentado em relação ao processo de análise que levou à liquidação do banco, e que enviará esses dados ao Supremo.
"Eu, enquanto presidente, estou à disposição do Supremo para fornecer todos os dados que a gente já forneceu ao Ministério Público, à Polícia Federal. A gente documentou tudo: cada uma das ações que foram feitas, cada uma das reuniões, trocas de mensagens, comunicações, tudo isso está devidamente documentado. Eu, em especial, estou à disposição para prestar todo tipo de suporte e apoio à investigação", afirmou.
Na segunda-feira, 15, o ministro Dias Toffoli determinou a retomada das investigações sobre o Banco Master, depois de ter sido sorteado relator do caso e colocado as investigações sob sigilo.
Galípolo conversou com jornalistas na divulgação do Relatório de Política Monetária. Questionado sobre o Master, ele afirmou que uma das preocupações do Banco foi tomar decisões que se sustentassem ao longo do tempo, ou seja, evitando que pudessem ser questionadas.
"O Banco Central, desde o início, pela experiência de outros casos, sabia que tinha de ser caso de gabarito completo, a gente precisa que todo processo se sustenta ao longo do tempo. A gente sabe que esses processos costumam durar cinco, dez, 15 anos", disse.
No despacho de Toffoli, o ministro pede que investigados e dirigentes do Banco Central sejam ouvidos.
"Determino a realização imediata das seguintes diligências preliminares, com prazo inicial de 30 (trinta) dias: oitiva dos dirigentes do Banco Central do Brasil sobre questões de sua atribuição envolvendo as atividades do Banco Master e de possíveis desdobramentos envolvendo outras instituições financeiras", determinou Toffoli.
Ele também autorizou o delegado responsável pelo caso a requisitar medidas como quebras de sigilo fiscal e telemático dos réus mediante justificativa.
Antes, ele havia determinado que os documentos relacionados a quebras de sigilos do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, solicitados pela CPI do INSS, não fiquem disponíveis ao colegiado.
Os relatórios de informações fiscais, bancárias e telemáticas do empresário investigado deverão ser entregues diretamente ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Os documentos deverão ficar sob a guarda de Alcolumbre até "até posterior deliberação pelo STF", segundo a decisão de Toffoli.
No último 4, a CPI do INSS aprovou a quebra de sigilos e a convocação de Vorcaro para depoimentos. A comissão queria esclarecer a atuação do Master com produtos financeiros, como o empréstimo consignado, a aposentados e pensionistas.
Toffoli é o relator da investigação sobre as suspeitas de fraudes financeiras envolvendo o Banco Master. Nos últimos dias, envolveu-se em uma polêmica depois de o jornal O Globo revelar que ele viajou para Lima, no Peru, em um avião privado no qual também estava um dos advogados do Caso Master.
O processo ainda não havia sido distribuído ao gabinete de Toffoli quando os dois embarcaram rumo ao Peru para assistir ao último jogo da Libertadores, entre Flamengo e Palmeiras. A distribuição foi feita por sorteio depois. Coube ao relator colocar o processo em sigilo.