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Escala 6x1, Trump, Venezuela e acordo UE-Mercosul: os recados da entrevista de Lula

Presidente disse que Brasil está preparado para a redução da jornada de trabalho e que conversou com Trump e Maduro sobre a escalada de tensão na Venezuela.

18 dez 2025 - 14h07
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Lula durante entrevista
Lula durante entrevista
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falava com jornalistas nesta quinta-feira (18/12) enquanto uma nova operação da Polícia Federal (PF) prendia o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo da Cunha Portal, número dois da pasta.

A prisão ocorreu no âmbito da operação 'Sem Desconto', conduzida pela PF em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e que investiga o esquema de descontos irregulares aplicados a benefícios do INSS.

Lula se pronunciou sobre seu filho, Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha, e sobre possíveis ligações com o "Careca do INSS", um dos principais alvos de investigação da PF.

"Se tiver filho meu (envolvido), ele será investigado", disse Lula a jornalistas.

O presidente também falou sobre a escalada da tensão entre o presidente americano Donald Trump e Nicolás Maduro, da Venezuela, o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, as eleições do próximo ano e o fim da escala 6x1.

Confira os principais trechos da conversa do presidente com jornalistas:

Venezuela

A escalada de tensão entre Estados Unidos e Venezuela — com repetidas ameaças de um ataque militar direto feitas pelo presidente americano, Donald Trump — traz ao governo do Brasil os temores de uma crise humanitária na fronteira e de caos no país vizinho.

"A Venezuela está completamente cercada pela maior armada jamais reunida na história da América do Sul. E ela vai apenas ficar maior e o choque sobre eles (Venezuela) será como algo que eles nunca viram antes", disse Trump em uma postagem terça-feira (16/12).

Lula afirmou nesta quinta que conversou com Maduro, mas não revelou o que o presidente venezuelano lhe disse.

"Com relação à Venezuela, eu tive uma conversa com o Maduro para saber o que o governo Maduro estava pensando. Ele me colocou as coisas que foram colocadas (por Trump) e peço permissão para não dizer (...) eu disse que já tinha informação de que ele já tinha falado e disse que era possível negociar sem guerra"

O presidente brasileiro também afirmou que, após a conversa com Maduro, conversou com Trump. "Disse para o Trump sobre a preocupação do Brasil com a Venezuela, porque isso aqui é zona de paz e não é zona de guerra."

Lula também afirmou que se colocou à disposição, tanto para Trump, quanto para Maduro.

"O Brasil tem muita responsabilidade aqui na América do Sul. Estou pensando em, antes de chegar o Natal, conversar com o presidente Trump outra vez para saber o que é possível o Brasil contribuir para que a gente tenha um acordo diplomático e não uma guerra fratricida".

Desde setembro, militares americanos mataram pelo menos 90 pessoas em ataques a barcos que, segundo eles, transportavam fentanil e outras drogas ilegais para os EUA.

Nos últimos meses, os EUA também deslocaram navios de guerra para a região. Como parte da campanha de pressão, foram mobilizados 15 mil soldados e uma série de porta-aviões, destróieres lança-mísseis guiados e navios de assalto anfíbios para o Caribe.

Na terça-feira, Trump disse que a Venezuela está "completamente cercada pela maior Armada [força naval ou militar] já reunida na história da América do Sul", e acrescentou que isso "só vai aumentar" e "será algo nunca visto antes".

INSS

Lula afirmou que a decisão de investigar o INSS "foi do governo". E que "se tiver filho meu (envolvido), ele será investigado".

Em abril, uma investigação conjunta da Controladoria-Geral da União (CGU) e da PF revelou uma fraude bilionária no INSS, que roubou centenas de milhares de aposentados por meio de descontos não autorizados em seus benefícios.

Segundo a polícia, sindicatos e associações de aposentados conseguiam, por meio de convênios com o INSS, descontar mensalidades de aposentados e pensionistas sem autorização.

Estima-se que o esquema envolva R$ 6,3 bilhões em descontos, entre valores legais e ilegais, no período de 2019 a 2024.

Uma testemunha que acusa Lulinha de receber "mesada" do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS.

Preso em setembro, Antunes é apontado pelas investigações como facilitador do esquema que desviou recursos de aposentados e pensionistas.

"A decisão de apurar esse fato foi do governo. Demorou porque a gente não queria fazer pirotecnia. A CGU levou praticamente dois anos investigando. Seria muito fácil fazer denúncia e a operação e fomos nós que tomamos a decisão de comunicar à sociedade brasileira o desfeito", afirmou Lula nesta quinta.

Mercosul

Sobre o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, Lula afirmou que a Itália pediu mais tempo para que seja votado.

"A novidade, para mim, foi a Itália. Eu liguei hoje para primeira-ministra [Georgia] Meloni. Conversei com ela e disse a ela que a data de 20 de dezembro não foi uma data proposta por nós. O 20 de dezembro foi a data proposta pela Ursula Von der Leyen e o Antônio Costa, que disseram que no dia 19 eles votariam em Bruxelas", disse Lula.

Na terça, o Parlamento Europeu aprovou as salvaguardas que haviam sido propostas pela França para proteger produtos agrícolas europeus às vésperas da data prevista para a assinatura do acordo comercial.

A expectativa do governo brasileiro é de que o acordo seja finalmente assinado, após 25 anos de negociações, neste sábado (20/12), durante a Cúpula de chefes-de-Estado do Mercosul, em Foz do Iguaçu.

"Minha surpresa foi de que a Itália estava, também, junto com a França, não querendo assinar o acordo (...) e na conversa com a primeira-ministra Meloni ela ponderou para mim que ela não é contra o acordo. Ela apenas está vivendo um certo embaraço político por conta dos agricultores italianos, mas que ela tem certeza de que eles são capazes de contornar", afirmou Lula.

A aprovação das salvaguardas era aguardada pelo governo brasileiro, que preside temporariamente o Mercosul neste semestre, e é interpretada como um sinal favorável à assinatura do acordo nesta semana.

Da parte do Mercosul está tudo resolvido. O Mercosul está 100% disposto a fazer o acordo. Mesmo não ganhando tudo o que a gente queria ganhar. O acordo é mais favorável à União Europeia do que a nós", afirmou Lula.

Eleições

O presidente se mostrou, mais uma vez, otimista em relação à sua reeleição.

"Não tenho nenhuma capacidade de julgar adversário. Se o adversário acha que pode ganhar, se lance candidato e vamos para a disputa", disse. "Não me cabe julgar o filho do Bolsonaro, neto de Bolsonaro, mulher de Bolsonaro. Saiam quantos quiserem. O dado concreto é que nós vamos ganhar as eleições".

Na quarta-feira, uma pesquisa realizada pela Quaest apontou que Lula lidera em todos os cenários de primeiro e segundo turno testados.

Escala 6x1

Lula também afirmou que o Brasil "está pronto para o fim da escala 6x1".

"Não existe um único argumento que possa dizer que a sociedade brasileira não está pronta. Porque se nos anos 1980 a gente já queria reduzir a jornada de trabalho, e já faz 45 anos, temos que medir os avanços tecnológicos desses 45 anos", afirmou Lula.

Na semana passada, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou uma proposta de emenda constitucional (PEC) sobre o fim da escala de seis dias de trabalho por um dia de descanso e a redução da jornada de trabalho das atuais 44 horas para 36 horas semanais.

Para virar lei, o texto ainda precisa passar por diversas etapas: aprovação no plenário do Senado, trâmite na Câmara dos Deputados e veto ou sanção presidencial.

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