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Funcionários, terceirizados e governos locais temem restrições à Vale em Minas

Depois do rompimento da barragem em Brumadinho, trabalhadores acreditam que pode haver concentração maior das atividades da companhia na Região Norte

28 jan 2019 - 13h55
(atualizado às 15h07)
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BRUMADINHO - Funcionários da Vale ouvidos pelo Estadão/Broadcast temem que a empresa não consiga obter novos licenciamentos de barragens, após o desastre em Brumadinho (MG). Na mina Córrego do Feijão, nem empregados que estão em serviço na área do acidente ocorrido na sexta-feira nem os que trabalhavam na operação se identificaram, mas todos apontam dúvidas sobre o destino de operações muito semelhantes às da Mina do Córrego do Feijão, cujo rompimento deixou 60 mortos e 292 desaparecidos, conforme número do começo da tarde desta segunda-feira, 28.

Os trabalhadores receiam que haja uma concentração cada vez maior das atividades da companhia na Região Norte do País, onde o território é menos povoado e o governo trabalha para liberar novas áreas para mineração, o que preocupa principalmente os terceirizados de menor qualificação. O sistema Norte, formado por Carajás e S11D, já responde pela maior parte da produção da companhia, mas o minério de menor teor necessário para a estratégia de blindagem de minérios e para a ampliação das atividades de pelotização vem de Minas.

Uma eventual mudança teria reflexos econômicos para prefeituras e população local. Na manhã desta segunda, em entrevista no centro de operações, o prefeito de Brumadinho, conhecido como Neném, defendeu a atividade monetária. Segundo ele, mais de 60% da receita do município vem da mineradora.

Além de perder a arrecadação decorrente da Mina do Córrego do Feijão, Brumadinho tem outras operações minerárias em risco. Uma segunda mina da Vale no município tem conformação quase idêntica à que foi destruída no rompimento da barragem. Além disso, algumas empresas, que vinham trabalhando no beneficiamento de minério comprado, podem ter problemas para manter as atividades.

A chance de retomada das atividades da Mina do Córrego do Feijão é considerada nula por empregados e terceirizados da Vale ouvidos pela reportagem em Córrego do Feijão, localidade que cresceu com a Vale, quando a empresa assumiu a operação da Ferteco. A mina corresponde a cerca de 2% da produção da Vale.

A avaliação é que a empresa pode levar mais de uma década para recuperar a região. Embora o desastre ambiental tenha dimensões reduzidas, atingiu áreas de reserva florestal, como trechos do Parque Estadual do Rola Moça.

Estadão
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