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Fabricantes alemãs de armas têm mercado lucrativo nos EUA

Legisladores americanos relutam em endurecer o controle de armas

5 out 2017 - 13h03
(atualizado às 13h17)
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Com sua legislação pouco rígida, Estados Unidos são uma das principais opções para empresas que buscam alternativas diante das restrições às exportações impostas pelo governo alemão. Como sempre acontece depois de tiroteios e massacres nos EUA, as ações dos principais fabricantes de armas subiram - em média 3% - em Wall Street depois da recente tragédia de Las Vegas, que deixou 58 mortos e centenas de feridos. Os investidores costumam apostar em um aumento nas vendas, pois entusiastas adquirem armas de fogo para estocá-las por temerem possíveis restrições no comércio.

Os investidores costumam apostar em um aumento nas vendas, pois entusiastas adquirem armas de fogo para estocá-las por temerem possíveis restrições no comércio.
Os investidores costumam apostar em um aumento nas vendas, pois entusiastas adquirem armas de fogo para estocá-las por temerem possíveis restrições no comércio.
Foto: Agência Brasil

No entanto, desta vez a reação do mercado foi mais fraca em comparação com tiroteios que ocorreram durante o governo de ex-presidente Barack Obama. A explicação mais provável é que o atual chefe de Estado, Donald Trump, é um autoproclamado simpatizante do lobby das armas, o que diminui os temores de proibição.

Na prática, porém, os legisladores americanos relutam em endurecer o controle de armas, o que levou os fabricantes alemães a começarem a ver os EUA como uma fonte potencial de grandes lucros.

"Somos a Porsche"

A Heckler & Koch (H&K), com sede em Oberndorf, no sul da Alemanha, está construindo uma nova fábrica de armas orçada em 23 milhões de dólares em Columbus, no estado americano da Geórgia. A instalação produzirá exclusivamente armas esportivas e de caça para o mercado civil dos Estados Unidos, afirma a empresa.

Segundo a fabricante alemã, a nova fábrica criará 84 empregos na cidade nos próximos dois anos - muitos dos quais serão preenchidos por engenheiros alemães e americanos. As armas militares da H&K continuarão sendo produzidas em Oberndorf.

Em maio, o então presidente-executivo Norbert Scheuch - que posteriormente foi demitido e está processando a H&K por término contratual injustificado - disse que as políticas de exportação cada vez mais restritivas do governo alemão estão forçando a empresa a tomar medidas. "Se os políticos praticamente nos impedem de realizar qualquer venda ao Oriente Médio, temos que buscar alternativas. Vamos expandir os negócios com a Otan e no mercado civil dos EUA. Somos a Porsche deste mercado", disse.

Mas Scheuch também reconheceu que o plano tem um caráter preventivo por causa da plataforma protecionista de Trump. "Devido ao slogan 'Os Estados Unidos em primeiro lugar" pode ficar mais difícil exportar para os EUA", declarou à revista Der Spiegel. "Os americanos querem produção local."

Rival já está nos EUA

Depois de se tornar a primeira fabricante de armas a abandonar as exportações para as "regiões em crise", a H&K - outrora chamada de a "empresa mais letal da Alemanha" por ativistas - fez do mercado civil dos EUA uma prioridade.

O plano aparentemente deu certo: em 2016, o volume de negócios da H&K no país aumentou 48% e atingiu os 76,5 milhões de euros - o que representa 40% do volume total do ano. Em 2017, as vendas parecem ter sofrido leve queda.

A rival teuto-suíça da H&K, a SIG Sauer, fez o mesmo movimento de ir para os Estados Unidos décadas atrás. A empresa, com sede em Eckernförde, no norte da Alemanha, tem hoje importantes unidades de fabricação nos EUA - especificamente no Estado de New Hampshire, onde a Sigarms, uma empresa fundada em 1985 para importar armas da SIG Sauer, hoje produz uma variedade de pistolas.

O atirador que matou 49 pessoas numa boate em Orlando, na Flórida, em junho de 2016, usou um fuzil de assalto SIG Sauer MCX fabricado nos Estados Unidos, além de uma Glock austríaca.

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