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Estratégia de negociação do México com EUA pode ser exemplo para Brasil, diz especialista

Thiago Aragão, diretor da Arko Advice Public Affairs, detalha bastidores das rodadas de negociações e aponta possíveis estratégias do governo brasileiro e da indústria

31 jul 2025 - 15h39
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O Brasil pode ter como exemplo a estratégia mexicana para lidar com o tarifaço, sugere Thiago Aragão, diretor da Arko Advice Public Affairs, durante live do Estadão com a repórter Cristiane Barbieri nesta quinta-feira, 31. Segundo o especialista, o processo decisório em Washington é alimentado por redes de influência políticas e empresariais que orbitam a Casa Branca e os republicanos.

"Não se trata de mandar uma mensagem para um interlocutor e esperar que tudo se resolva", alertou Aragão. "Nós mapeamos condados, parlamentares e empresários que dependem economicamente de determinado produto. Depois traduzimos isso em emprego e impacto direto", explica.

Segundo o diretor, o México atua em camadas. No topo dessa pirâmide estão figuras como Claudia Sheinbaum e Donald Trump, que mantêm conversas privadas sem menção a retaliações.

No meio da pirâmide, estão os técnicos, que tratam exclusivamente dos aspectos técnicos das negociações, longe de pautas como imigração, por exemplo. As associações e os empresários ficam na base da estratégia mexicana, explica Aragão. Eles pressionam congressistas e tomadores de decisão nos EUA, enviam mensagens e fazem lobby sobre os impactos das possíveis retaliações.

De acordo com Aragão, as pessoas que fazem parte da mesa de negociação não falam diretamente com Trump, a informação chega ao círculo decisório por meio de interlocutores estratégicos.

"É preciso mostrar como a tarifa afeta o emprego naquela cidade, naquele condado. É um processo orgânico, sem mágica, feito com argumento", afirmou.

Durante a live, o diretor também defendeu a criação de um grupo permanente de negociação comercial no Brasil, com representantes do setor privado, academia e governo, para lidar com temas envolvendo os Estados Unidos e a China.

Pacote foi menos grave do que imaginavam, mas governo precisa negociar sem criar desgaste político, diz especialista

Assim como a análise de Welber Barral, Aragão apontou que os pequenos e médios produtores serão os mais afetados pelo tarifaço. Ao contrário dos grandes grupos, que participam diretamente da mesa, os menores não conseguem ter capacidade de lobby, alertou.

Uma das alternativas apontadas por Aragão é a criação de ferramentas como hotsites ou centros de inteligência geopolítica para apoiar esses produtores.

"O que não pode acontecer é deixar esses produtores perdidos. É uma oportunidade para as empresas entenderem que fazem parte do mundo e podem agir antes que o problema aconteça."

De modo geral, o especialista calculou que o pacote anunciado foi menos grave do que se temia. A leitura é de que produtos como café e carne ficaram de fora da lista de tarifas de forma estratégica para os EUA usarem a medida para pressionar o governo brasileiro.

"Foi uma forma de criar barganha. Os EUA fizeram isso para fazer pressão no governo brasileiro", avaliou.

Para o diretor da Arko Advice, o Brasil precisa estruturar uma política comercial de longo prazo. "Há um hábito brasileiro de ter um comportamento mais reativo. Mas esse novo mundo exige uma nova estrutura", disse.

Estadão
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