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Dólar recua ante rivais em meio a novas críticas de Trump contra Fed

20 ago 2018 - 18h09
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O dólar recuou em relação a outras moedas principais nesta segunda-feira, 20, em meio a renovadas críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à política de elevação dos juros conduzida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Os agentes do mercado também monitoraram comentários do presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, sobre a retirada da acomodação pelo Banco Central Europeu (BCE).

Próximo ao horário de fechamento das bolsas em Nova York, o dólar caía para 110,24 ienes, o euro subia para US$ 1,1468 e a libra avançava para US$ 1,2784. Já o índice DXY, que mede a moeda americana contra uma cesta de outras seis divisas fortes, fechou em baixa de 0,21%, para 95,900 pontos.

Na semana em que os investidores estão atentos ao simpósio anual do Fed de Kansas City em Jackson Hole, críticas de Trump à política da autoridade monetária dos EUA voltaram a circular na imprensa americana. Durante um evento com apoiadores na última sexta-feira, 17, o presidente americano teria dito que o trabalho de Jerome Powell à frente do Fed não está sendo favorável ao "dinheiro barato" devido às elevações nas taxas de juros. Somente este ano, o Fed já subiu o juro em 0,5 ponto porcentual e já programou mais dois aumentos de 25 pontos-base cada.

Em reação aos comentários de Trump, o presidente da distrital de Atlanta do Fed, Raphael Bostic, que tem direito a voto nas reuniões de política monetária este ano, disse que a independência do banco central é "extremamente importante". Ele também comentou que a autoridade monetária dos EUA está atenta aos movimentos recentes nos mercados emergentes e afirmou que a velocidade de queda da lira turca diante do dólar "nos pegou de surpresa". Além disso, apesar de ter enfatizado a força da atividade em solo americano, o dirigente ressaltou que ainda prevê somente mais uma alta de 25 pontos-base nos juros em 2018.

Com os comentários "dovish" de Bostic e a relutância de Trump em aceitar mais altas de juros nos EUA, o euro ganhou força em relação ao dólar, o que se intensificou durante a tarde, após o Bundesbank divulgar entrevista concedida pelo presidente da instituição, Jens Weidmann. De acordo com ele, "é hora de reduzir o grau de expansão da política monetária, especialmente considerando os efeitos colaterais da política monetária frouxa". Weidmann apontou, ainda, que o atual momento da economia pede por um reforço nas rédeas pelo BCE.

Próximo ao fim da tarde, a pressão sobre o dólar aumento ainda mais, depois que a agência de notícias Reuters publicou uma entrevista com Trump. O presidente afirmou, em "on", que discorda da decisão do Fed de aumentar as taxas de juros, disse que não se sente "emocionado" com a decisão de Powell de apertar a política monetária e apontou que o Fed "deveria me dar alguma ajuda".

Quanto à lira turca, o dólar apresentou um novo dia de avanço em relação à moeda. A embaixada dos EUA em Ancara foi alvo de tiros, mas não houve relato de feridos. Além disso, o banco francês Société Générale apontou que a moeda americana pode chegar a 8 liras turcas, ressaltando que a calmaria nos mercados emergentes "é temporária". Para os analistas da instituição, "é provável que o atual momento represente mais o olho do furacão do que uma reviravolta".

Estadão
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