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Concorrente da Zara volta ao Brasil para conquistar classe média por preço e promessa de qualidade

Marca espanhola Mango volta ao Brasil depois de 10 anos para competir no segmento de moda 'premium'

18 mar 2023 - 14h51
(atualizado às 14h56)
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Dez anos depois de fechar sua última loja no Brasil, a marca espanhola de moda Mango voltará a ser comercializada no País. Agora, no mundo virtual. O retorno ocorre em meio aos investimentos da empresa para ampliar a internacionalização e "bater de frente" com a sua rival, a também espanhola, Zara. Por aqui, o retorno da marca tem uma responsável: a Dafiti, que terá a exclusividade dos produtos da empresa.

O e-commerce de moda adquiriu os direitos de revenda dos produtos da companhia espanhola e será a representante da fast fashion no País. O investimento para a parceria, no entanto, não foi divulgado.

Inicialmente, o e-commerce oferecerá apenas peças do universo feminino, mas, segundo o executivo, no futuro, a depender do desempenho, a empresa deve ampliar a grade de produtos com itens masculinos e infantis.

Fadel destaca que, assim como na Espanha, por aqui, a principal concorrente da nova etiqueta será a fast fashion "premium" Zara, empresa que desembarcou no Brasil pouco antes de a Mango fechar suas lojas aqui. "A nossa ideia é promover o acesso a essa marca e brigar (por mercado) com a Zara", afirma. "O nível de concorrência no mercado digital cresceu muito nos últimos anos. Agora, o ambiente é mais competitivo, tem varejistas estrangeiras, as nacionais, além dos varejistas 'de linha branca' que buscam espaço no mundo da moda", pontua.

O especialista em varejo e fundador da Varese Retail, Alberto Serrentino, explica que, como a Zara, a Mango está posicionada no mundo como um produto de fast fashion massificado, mas no Brasil, dado ao custo de importação dos produtos, acaba sendo reposicionada como premium. "Quem viaja conhece a Mango, porque a marca está no mundo todo", diz. Por aqui, as peças chegam ao site de moda com tíquete médio das peças entre R$ 280 e R$ 300.

Na avaliação de Serrentino, apesar de a chegada de Mango agregar valor aos negócios de Dafiti, a operação exclusivamente virtual pode ser um desafio para a adesão da marca no País, já que os produtos chegam às consumidoras com preços que competem diretamente com marcas nacionais do segmento premium, que já têm boa aceitação das consumidoras. "Eles vão enfrentar uma concorrência que pega todo o conjunto de Le Lis Blanc e Animale, por exemplo", afirma o especialista.

O retorno

Fundada em Barcelona, na Espanha, em 1984, a Mango está presente em mais de 115 países, com cerca de 2.600 lojas físicas, além de operar no e-commerce em outros 90 mercados.

A entrada da Mango no Brasil faz parte da expansão internacional do negócio online, que fechou 2022 com um volume de negócios de € 960 milhões (R$ 5,2 bilhões, na cotação atual). O faturamento nas vendas virtuais representa aproximadamente 36% do volume total de negócios da companhia espanhola.

Em janeiro de 2013, a Mango encerrou as operações no Brasil, alegando problemas com a burocracia brasileira e a alta carga de impostos para importação. Na ocasião, a marca espanhola chegou a investir nas vendas via e-commerce, mas acabou desistindo em seguida, por causa da baixa penetração do segmento no País.

Segundo Elena Carasso, Diretora de Clientes e Negócios Online da Mango, o retorno da marca ao Brasil é um grande passo na estratégia de expandir os negócios online no mundo. "Além do Brasil, as previsões para 2023 são de expandir a nossa atuação online em outros 20 novos mercados durante a primeira metade do ano, sobretudo no continente africano", diz.

Ainda na avaliação de Serrentino, da Varese Retail, fora a concorrência com a Zara e outras marcas do segmento premium, outro desafio para Dafiti na empreitada de importar os produtos é a diferença entre o calendário europeu em relação ao brasileiro. O especialista acredita que, por se tratar de uma operação 100% virtual, exista a possibilidade de fazer um mix de itens que antecipam produtos das novas coleções, mesmo em meio à diferença de estações. "Pensar nas coleções para as fast fashion é sempre um desafio, porque o Brasil adianta algumas tendências e atrasa outras", afirma. "Se eles venderem no Brasil, uma coleção defasada em relação à Europa, talvez haja menos apelo pela marca."

Estadão
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