Copom: mercado espera que BC suba juros para 14,75%, maior nível desde 2006
Economistas e instituições financeiras apostam no aumento dos juros em 0,50 ponto percentual
A taxa básica de juros da economia brasileira deve ter mais uma alta. A expectativa do mercado financeiro é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que se reúne nesta terça e quarta-feira, 6 e 7, suba a taxa Selic, por decisão unânime, para 14,75% ao ano, alcançando o mesmo patamar de julho de 2006, início do segundo mandato do governo do presidente Lula (PT).
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Embora o Copom não tenha se comprometido na reunião de março formalmente com a magnitude dos ajustes futuros, a maior parte dos economistas do mercado consultados pelo Terra, assim como instituições financeiras, aposta no aumento dos juros em 0,50 ponto percentual (p.p), em linha com a previsão das instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) no Boletim Focus.
"O BC deverá elevar a taxa básica em 0,50%, visando melhorar o balanço entre os riscos de baixa e de alta para a inflação. Acreditamos, ainda, que esse movimento será o último ajuste do ciclo, e o BC seguirá monitorando os dados para avaliar se o aumento implementando até agora será suficiente para assegurar a convergência da inflação”, comenta Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg.
A alta da Selic prevista para esta quarta consolida um ciclo de contração na política monetária. Após chegar a 10,5% ao ano de junho a agosto de 2024, a taxa começou a ser elevada em setembro do ano passado, com uma alta de 0,25 ponto, uma de 0,5 ponto e três de 1 ponto percentual.
Sobre o tom da decisão, espera-se que seja menos agressivo. A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) acredita que na mensagem o Copom não deverá se comprometer com novos ajustes, contudo é provável que o Comitê eleve a taxa Selic em 0,50 p.p. nesta reunião, seguido de um ajuste residual de 0,25 p.p. na reunião de junho, encerrando o ciclo de alta em 15,00% a.a.
A previsão da XP é de que os juros também subam até junho, para só então começar uma trajetória de queda. No recado do último Copom, o BC indicou que a partir da reunião de junho, a magnitude total do ciclo será ditada pelo "firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica de inflação".
A Selic é a principal ferramenta do BC para controlar a inflação. No acumulado em 12 meses, a inflação soma 5,48%, acima do teto da meta que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.
Quando a inflação está alta, elevar a taxa Selic desestimula o consumo. Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2025 em 14,75% ao ano. Para o fim de 2026, a estimativa é de que a taxa básica caia para 12,5% ao ano. Para 2027 e 2028, a previsão é de que ela seja reduzida novamente, para 10,5% ao ano e 10% ao ano, respectivamente.