Cogna, Cury e Axia lideram altas do Ibovespa em 2025; Raízen, Hapvida e Natura ocupam ponta negativa
A bolsa paulista vai fechar 2025 com resultado positivo, refletido no avanço de mais de 34% do Ibovespa, que renovou recordes e chegou a ultrapassar momentaneamente a marca dos 165 mil pontos pela primeira vez.
Nem todos os papéis, no entanto, beneficiaram-se do clima mais comprador na B3, em boa parte sustentado pelo fluxo de capital externo para as ações brasileiras neste ano.
Veja abaixo as maiores altas e quedas do Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, em 2025, além da performance dos papéis com maior peso no índice, considerada a carteira teórica em vigor no último quadrimestre do ano.
As variações consideram a performance das ações no acumulado do ano até por volta de 12h20 desta terça-feira.
* MAIORES ALTAS DO IBOVESPA EM 2025
- COGNA ON acumulava uma alta de quase 238% em 2025, um ano marcado por resultados consistentes, de acordo com analistas, principalmente a geração de caixa do grupo de educação. A companhia também fechou neste ano o fechamento de capital da Vasta, sua divisão de educação básica, e anunciou dividendos já nos primeiros meses após registrar lucro líquido em 2024, cessando uma sequência de prejuízos anuais desde 2020.
- CURY ON, que entrou no Ibovespa apenas no último quadrimestre do ano, encerrava 2025 com uma valorização acumulada de cerca de 113%, em parte beneficiada por mudanças no programa habitacional Minha Casa Minha Vida, que apoiou a performance de outras construtoras, mas também performance operacional própria, com analistas destacando em seus relatórios a capacidade de precificação da empresa, entre outros pontos.
- AXIA ON, que até meados de outubro era conhecida como Eletrobras, registrava uma alta de mais de 102% em 2025, quando, além da mudança do nome, anunciou dividendos bilionários, vendeu sua participação na Eletronuclear, figurou como uma das vencedoras do leilão de projetos de transmissão de energia e retomou estudos para migrar para o Novo Mercado da B3, entre outros movimentos.
- BTG PACTUAL UNIT apreciava-se 100%, sustentado por uma performance sólida trimestre a trimestre, com resultados recordes e rentabilidade mais do que elogiada por analistas -- no terceiro trimestre, o retorno ajustado anualizado sobre o patrimônio líquido médio alcançou 28,1%. Em 2025, o BTG também incorporou o banco Pan, instituição na qual entrou em 2011 ao comprar ações detidas então pelo Grupo Sílvio Santos.
- CYRELA ON subia mais de 96% no ano, em meio à avaliações positivas sobre os seus resultados, mas também embalada pelo noticiário mais favorável para o setor, marcado ainda pela perspectiva de queda da taxa Selic em 2026. O ano começou com um acordo com o fundo de pensão canadense CPP Investments, com meta de investimento de R$1,7 bilhão, enquanto memorando para comprar terrenos de subsidiária da Tecnisa não avançou.
* MAIORES QUEDAS DO IBOVESPA EM 2025
- RAÍZEN PN desabava 62%, pressionada principalmente pelo endividamento elevado da maior processadora global de cana-de-açúcar, mas também desempenho operacional, uma vez que condições climáticas afetaram a moagem da matéria-prima de açúcar e etanol. A companhia, uma joint venture das gigantes Cosan e Shell, vendeu ativos em 2025, assim como encerrou a joint venture com a FEMSA que envolvia as lojas de conveniência.
- HAPVIDA ON acumulava uma queda de 56% no ano, determinada principalmente pela reação ao resultado do terceiro trimestre, que, segundo analistas, apontou uma dinâmica mais desafiadora do que se esperava. A ação desabou mais de 40% em apenas um pregão e não conseguiu se recuperar desde então mesmo com programas de recompra e anúncio de mudanças no comando da empresa de planos de saúde. Um dos vendedores foi a gestora SPX.
- NATURA ON perdia quase 43% em 2025, em meio a decepções com os resultados da fabricante de cosméticos, em um ano marcado por uma ampla reestruturação, com a incorporação da então Natura&Co pela subsidiária Natura Cosméticos e mudança no comando da empresa. A companhia fechou acordo para vender os negócios conhecidos como "Avon International" (com exceção da operação na Rússia), que vinham pressionando seus balanços.
- COSAN ON recuava cerca de 35% no ano, também afetada por preocupações envolvendo o endividamento da holding. Uma capitalização bilionária com ofertas de ações visando otimizar a estrutura de capital, que marcou a entrada de BTG Pactual e Perfin no grupo, adicionou pressão dada a relevante diluição de outros acionistas. Em 2025, a empresa também vendeu sua participação na mineradora Vale.
- BRASKEM PNA terminava 2025 com uma queda de quase 33%, também pressionada por preocupações envolvendo o consumo de caixa da companhia, além de um cenário desafiador do setor e desembolsos relacionados a passivos geológicos. No final do ano, a Novonor assinou um acordo que pode levar à venda do controle acionário da petroquímica para a empresa de investimentos IG4 Capital, que compartilhará a gestão da empresa com a Petrobras.
* DESEMPENHO EM 2025 DAS AÇÕES COM MAIOR PESO NO IBOVESPA
- VALE ON acumulava uma valorização de quase 50% em 2025, em um ano marcado pela alta nos preços do minério na China, enquanto a companhia avançou em estratégias de diversificação e redução de emissões, além de recuperar a produção de minério de ferro e deixar cada vez mais para trás eventos de rompimentos mortais de barragens. A mineradora também anunciou bons pagamentos de dividendos e recompras de ações.
- ITAÚ UNIBANCO PN avançava 65%, com o banco demonstrando em 2025 sua capacidade de manter uma rentabilidade elevada e resultados sólidos, mantendo a qualidade da carteira de crédito, mesmo em um cenário desafiador, com alta de juros, sem sacrificar investimentos em tecnologia. Nos últimos meses do ano, anunciou dividendos robustos e bonificação de ações e pediu autorização do Cade para assumir o controle da Avenue.
- PETROBRAS PN caía 5% no ano. A ação renovou máxima histórica, mas não sustentou o fôlego em meio ao declínio do petróleo no exterior e sem dividendos extraordinários. A estatal, porém, vem conseguindo aumentar consistentemente a produção e preservar rentabilidade. Em 2025, ainda arrematou áreas em campos no pré-sal e avançou no processo para explorar a Foz do Amazonas. PETROBRAS ON recuava 9%.
- BRADESCO PN valorizava-se 79%, com o banco dando continuidade em 2025 ao seu plano de transformação, "step by step", consolidando níveis de rentabilidade e melhorando a qualidade de seus ativos, mesmo em um ambiente de taxas de juros elevadas, enquanto sua operação de seguros manteve desempenho sólido. A expectativa da administração é que os resultados do ano fiquem no topo do guidance em várias métricas.